Os carniceiros
Os Carniceiros- Vampiros Brasileiros
Jorge Linhaça
Vestidos de ternos escuros, em suas cavernas infectas, usam a pena pra afiar suas presas, jamais satisfeitos em sua sede sanguinária.
Ao cair da noite se metamorfoseiam em seres disformes que cortam a noite em busca de seu alimento. Como batedores enviam seus escravos, aprendizes de monstros, sequiosos de, quem sabe, sofrerem um dia a tão desejada transformação completa.
Singram a noite qual negros veleiros as asas em vela cortando as correntes de ar, faro aguçado, a fincar nas vitimas as suas presas afiadas, sugando-lhes o sangue e os sonhos ainda resistentes.
De dois em dois anos o grupo sofre algumas mudanças, de acordo com o rendimento auferido das almas hipnotizadas ou não por seus argumentos e contágio.
Como todos os seres das trevas, usam de todas as artimanhas para manter sua posição no clero macabro, enquanto que outros tentam alcançar a sua macabra posição hierárquica alguns degraus acima.
E foi nessa guerra de humanos e vampiros que muitos se uniram em busca da cura, ou da solução final contra a endemia epidemia e por fim a pandemia que sugava as almas e as vontades do povo.
Após o ataque, os pobres atingidos perdiam a vontade própria, acomodavam-se às migalhas eu lhe eram ofertadas pelos seus mestres demoníacos.
A resistência era pequena e se compunha dos exterminadores, combatentes de campo e dos pesquisadores tentando criar uma espécie de toxina ou vírus que fosse capaz de atingir os demoníacos vampiros, sem afetar, no entanto, o ser humano comum.
Foram meses, anos de pesquisa, até que chegasse a um resultado, o que na verdade apenas ocorreu após a fortuita ocasião em que quase lograram êxito em capturar uma dessas criaturas conseguindo, no entanto, decepar parte da orelha de um dos monstros.
Sim, essa havia sido a primeira vez que conseguiam parte de uma das criaturas, pois assim que alguma caia morta, dissolvia-se no ar.
Em posse do DNA da criatura, os cientistas e pesquisadores conseguiram, não sem alguma dificuldade produzir uma substância capaz de matar o vírus mutante que impregnava as criaturas.
Após testes feitos em humanos parcialmente contaminados, estavam prontos para o confronto final.
Já haviam localizado o covil dos monstros em outras ocasiões, mas não haviam tido êxito em invadi-lo. Desta vez seria diferente. Precisava ser diferente. Após uma intensa batalha contra os servidores dos monstros assassinos, encontram-nos reunidos próximos de suas urnas, desta vez nada de estacas ou água benta, nada de alho ou crucifixos, apenas bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio modificado com a substância produzida geneticamente.
Os enormes morcegos tentaram resistir em meio a uma batalha sangrenta que culminou com baixas da parte dos exterminadores, mas as bombas fizeram o efeito desejado e , ao fim da batalha, os morcegos caíram por terra, metamorfoseados em sua forma original.
Ali, no congresso nacional, chegava ao fim o reinado de terror dos políticos vampiros. Após a vitória maior, em cada Estado e cidade daquele país, os vampiros foram caindo, agarrados às suas urnas eleitorais, libertando a população de um terror que parecia sem fim.