Enterrado vivo- O minuto final.

Enterrado Vivo- O Minuto Final

Jorge Linhaça

Uma picada em meu pescoço, minha última lembrança da luz do dia.

Caminhava, como habitualmente, de volta para casa, ao entardecer, entrei na viela que dá acesso à minha casa quando ouvi um carro aproximar-se velozmente. Alguém me agarrou por trás, senti a tal picada e vi o mundo escurecer diante de meus olhos.

Depois disso, fui recobrando a consciência gradualmente, sentindo uma tontura estranha, tudo à minha volta era escuridão, tentei levantar-me mas minha cabeça bateu na madeira forrada , poucos centímetros acima de mim. Percebi que estava preso, mal podia mexer os braços dentro do caixão onde havia sido posto.

Lá fora o barulho da terra sendo arremessada conta a tampa do esquife levou-me ao desespero, gritei, fiz força contra a tampa, mas de nada adiantou. A terra foi se acumulando, primeiro ruidosa e rapidamente, acelerando minhas batidas cardíacas, aumentando o meu pavor, depois o som foi ficando mais longe, conforme a terra encontrava terra ao ser despejada. O calor ali dentro era insuportável, minha respiração ofegante ia consumindo rapidamente as parcas reservas de oxigênio.

Minhas unhas foram se gastando contra o forro e madeira de minha prisão, meus dedos já sangravam, podia sentir o liquido quente e viscoso grudando no tecido.

Minha garganta arde, as minhas veias parecem que vão explodir, o ar está pir esta pesado, rarefeito, o sono da morte parece estar chegando, não tenho mais forças...se alguém, um dia, ouvir esta gravação no meu celular, no... meu ... ce... lu...Largh...cof cof....