O ESPÍRITO DE VINGANÇA - PARTE 1

Eu demorei um pouco mais para publicar esse conto por ter ficado sem internet um tempo, mas espero que gostem. A segunda parte já está quase pronta. Agradeço a todos que lerem e também aos que comentarem algo.

O ESPÍRITO DE VINGANÇA

ESTADOS UNIDOS, NY CITY.

07h30min p.m.

- Eu já disse camarada. São as vozes. São elas que mandam. Eu faço porque sou mandado. É tão difícil entender?

O ventilador de teto girava lentamente na sala de interrogatórios, Michael Rudolph questionava o homem que chamava a si mesmo de Morte. Ele não estava algemado e apenas concordou em falar se tivesse cigarros e uísque.

Michael era um jovem que fora formando na Academia Londrina de Investigadores. Uma famosa escola que transformava jovens com potencial em policiais diferenciados. Viveram em Londres desde os oito anos em virtude do pai, Theodore Rudolph ter estudado no mesmo local, mas nasceu em Nova Iorque, nos Estados Unidos.

Theodore sempre foi um investigador de sucesso. Desvendava crimes com tamanha precisão a ponto de render-lhe o apelido de "cirurgião". Trabalhou por suas décadas na polícia londrina como investigador chefe do DEB (Departamento Especial para Buscas). No outono de 1997, após um almoço caloroso, onde toda a família estivera reunida, inclusive os parentes americanos que os visitavam naquele dia, ele misteriosamente desapareceu de casa. Sem nenhuma explicação, ao ausentar-se para ir ao banheiro, todos tiveram a mesma visão: - Um clarão, um forte vento, um grito e Theodore desapareceu naquela hora. A família ficou atônita e desesperada e então recorreram aos colegas do patriarca para auxiliar. As buscas duraram duas semanas e nada foi solucionado.

Paralelo ao sumiço, misteriosos assassinatos começaram a acontecer em Londres. Findadas duas semanas de buscas por parte da polícia e mais alguns dias por amigos e parentes, Theodore foi dado como morto, pois as dificuldades em levantar as provas ou quaisquer indícios sobre seu paradeiro determinaram o veredito.

A partir de então, as mortes de duas mulheres e de um rapaz começaram a ser investigadas mais a fundo e suas coincidências chocavam a todos. As mulheres foram encontradas em suas respectivas casas com apenas pequenos cortes feitos quase que milimetricamente em regiões vitais do corpo. No canto esquerdo do pescoço e na virilha direita. Os lençóis, cobertos de sangue, indicavam que elas sangraram até a morte. Não havia qualquer sinal de violência ou abuso sexual, apenas uma vela de sete dias acessa no criado mudo ao lado esquerdo da cama. Tudo estava igual na casa do rapaz e apenas alguns detalhes expunham uma sutil diferença. Não fosse pela menor quantidade de sangue nos lençóis e por algo desconhecido escorrendo por sua orelha esquerda, as cenas seriam as mesmas. Junto ao corpo, foram encontrados um par de luvas pretas e uma funcional da polícia londrina com o nome de Theodore Rudolph. Ninguém pode crer no que se via. Naquele dia chuvoso e frio de outono, as buscas retornaram ou pelo agente Rudolph ou por seu corpo.

Michael teve problemas na infância. Jamais aceitou que o pai, seu herói particular, havia se transformado em um frio e calculista assassino. Preferia ver Theodore em um caixão à em uma cela.

As buscas seguiram por mais sete dias e nada além de mais pistas eram encontradas. O par de sapatos quarenta e três que faltava na coleção pessoal de Theodore, abotoaduras com a marca TR, gravatas. A única certeza era que buscavam o antigo colega ou o matador do mesmo, entretanto, algo intrigava os investigadores da DEB. A caçada era sempre inconclusiva, ao mesmo tempo em que o assassino parecia querer ser descoberto, ficava mais difícil encontra-lo. Parecia que era sobrenatural, perseguiam um fantasma. Não achavam nada e mais e mais cadáveres foram aparecendo no período de um mês; o culpado não. Os crimes cessaram depois do período de outono e Theodore jamais foi encontrado, nem mesmo o Serial killer que inocentaria o amigo.

Anos depois, Michael continuava sem resposta para o destino do pai. Ele estudou nas escolas normais inglesas e em casa, talvez para tentar desvendar o desaparecimento do pai, ou por ser assim simplesmente adquiriu o gosto pelo ocultismo. Aos vinte anos decidiu ser policial e aos vinte e um ingressou na policia como aluno investigador. Teve conhecimento de vários casos, entre eles o do seu pai. Formou-se com louvor um ano depois e logo ingressou no imenso mar das atividades policiais.

Dez anos depois do famoso caso "FANTASMA ASSASSINO", na mesma época de outono, Michael foi chamado para investigar a cena de um crime. Uma casa de madeira no subúrbio londrino abrigava em um dos quartos a mesma cena de outros tempos. Uma mulher havia sangrado até a morte e ao lado de seu corpo nu, uma vela queimava lentamente. Ele era audaz como seu pai fora no passado e logo disse a Robert, seu parceiro:

- É o mesmo cara, ele voltou.

- É uma pegadinha Michael. Já se passaram dez anos. Esse maníaco está morto ou em outro lugar.

- Eu não sei meu amigo, pela igualdade dos cortes, a vela... Ei espere! O que é isso aqui?

Seus olhos lacrimejaram e sua cabeça girou no momento em que ele avistou a camisa cinza escura com um distintivo da polícia londrina e uma plaqueta de identificação com um nome ilegível coberto por uma camada grossa de barro vermelho. A camisa foi posta sobre o encosto de uma cadeira de balanço para ser encontrada. Ele queria que soubessem que estava de volta. Michael sentou-se e quando afastou a lama da plaqueta teve a certeza. O nome escrito era o de seu pai.

- Eu falei Roberto, é ele. Meu deus do céu. Eu vou caçar meu próprio pai.

O telefone de Roberto tocou nessa hora.

- Então é melhor sermos rápidos, outro corpo foi achado. Dessa vez na zona portuária. É um homem. Ele está sendo mais rápido.

- Não é nessa área que a terra é vermelha?

- Eu acho que sim. Por quê?

- Se for meu pai, pegamos ele.

Os dois partiram de carro e levaram trinta minutos para irem até o porto. Michael deu a ordem aos outros policiais:

- Coloque esse corpo num saco, eu já vi a vela daqui. Algum barco saiu desse lugar nos últimos cinquenta minutos?

- Apenas um investigador. Tal de Ghostwinds. Foi para nordeste. Respondeu Alan, um policial.

- Impeçam novas saídas. Roberto, vamos pegar uma lancha e vamos até a ilha de São Patrício. Eu vou prender o meu pai.

Partiram menos de dez minutos depois. O deslocamento até a ilha não levaria mais que meia hora. Michael conhecia bem o local, pois era lá que pescava com seu pai quando criança. Seu subconsciente estava entrando em erupção com a eminente prisão que realizaria. Ele perguntava-se: Porque ele? Porque tem que ser eu a prendê-lo? Deus dê-me forças. Já ao atracar na ilha, deparou-se com uma cabana cheia de símbolos desenhados nas paredes. Aquilo nunca havia estado ali. Aqueles desenhos eram familiares, estavam em seus livros de ocultismo.

Os dois desceram com as armas em punho e caminharam lentamente até a cabana. Havia uma cortina no lugar da porta, um pequeno candelabro sobre a mesa iluminava o local e deixava visível a silhueta de um homem em pé com algo na mão. Roberto afastou a cortina e entrou primeiro. Primeiro gritou e depois caiu no chão. Michael entrou após e bradou em alto tom:

- Poem as mãos na cabeça droga! O que você fez com ele? Porque PAI?! POR QUÊ?!

No fundo ele sempre soube. Seria o seu pai o serial killer, mas o porquê de tudo aquilo era o que o perturbava.

- Meu deus pai, o faça parar de sofrer. O que você está fazendo? Eu vou atirar em você! Pare com isso!

- Você demorou a me encontrar. Por quê?

- Eu era uma criança quando você sumiu! Do que você está falando?

- Se você demorasse mais eu estaria perdido. Ainda bem que você veio.

- PONHA LOGO AS MÃOS NA CABEÇA! EU VOU ATIRAR! NÃO VOU FALAR DE NOVO!

- Você nunca se perguntou o porquê dos seus livros estranhos e de seu gosto por coisas ocultas? Fui eu rapaz, esse corpo está velho e a beira da morte e você já está pronto.

- Não sei do que você está falando pai. É melhor você se entregar.

As luzes começaram a piscar, a madeira da cabana estalava ferozmente e um vento forte soprou na ilha. Chovia na hora que Michael viu as luzes saindo dos orifícios de seu pai. Vozes balbuciavam em sua mente. Ele não sabia o que estava acontecendo. Então desmaiou.

Ao acordar, viu seu pai e seu colega secos, como se tivessem sido dissecados. Ele estava atordoado, sangue escorria de sua orelha e ao fundo, mal podia ouvir uma voz gritando por seu nome. Sentou-se ao chão e foi socorrido por seus colegas.

- Michael, Michael... Era ele? O que aconteceu aqui? Era seu pai? Você está bem? – As perguntas feitas por, Adam, um policial novato.

- Eu... Sim, era ele. Não me recordo direito. Minha cabeça dói. Preciso de um médico.

Michael desmaiou novamente e só acordou no hospital, três dias depois quando uma enfermeira lavava seu rosto com uma esponja.

- Qual o seu nome moça?

- Elisabeth. Você é Michael, certo?

- Sim. O que são essas vozes na minha cabeça moça? Elas estão me mandando fazer coisas.

- Calma, deve ser o trauma, você deve ter batido a cabeça.

Sem poder controlar a vontade de sua mão, ele pegou um bisturi e cortou o pescoço de Elisabeth. As vozes cumpriram sua profecia e trocaram de corpo. Agora estavam em sua cabeça e ele seria o novo fantasma vingador Ainda havia muitos assuntos pendentes. O cenário seria outro. Ele só não sabia qual.

ESTADOS UNIDOS, NY CITY.

07h30min p.m.

Michael perguntou ao bandido:

- Porque você matava essas pessoas seu lixo?

- Eu já disse camarada. São as vozes. São elas que mandam. Eu faço porque sou mandado. É tão difícil entender?

- Você não sabe o que é ter vozes na cabeça, amigo.

Logo ele seria mais um na lista de Michael.

CONTINUA NA PARTE 2

M Damer Simas
Enviado por M Damer Simas em 08/02/2014
Código do texto: T4683305
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