As vozes se misturavam com o som do aparelho respiratório e do desfibrilador. “““ “““ Uma dizia “Rápido, mantenham a pressão sanguínea”“.” Outra falava alto em desespero” Tarde demais, estamos perdendo o paciente.” Uma grande lassidão tomou o meu corpo. Eu sabia que tivera um ataque de coração e fora internadas as pressas. Sabia também que precisava lutar para continuar vivo, mas eu estava muito cansado e eu só queria adormecer. A imagem do meu esposo e dos meus filhos se acendeu em minha mente. Tinha consciência de que precisavam de mim e que me amavam. Por um minuto considerei a ideia de continuar vivendo por eles, mas decidi ser egoísta e pensar em mim uma vez na vida. Aquela vidinha de dona de casa sugara as minhas energias ano após ano. Eu estudara tanto e no final todo o meu conhecimento e cursos de nada valera. Engordei, envelheci, me anulei em prol da minha família. Agora eu desejava descansar. Não me preocupar com nada e nem ninguém. Desliguei a mente e me entreguei.
Acordei em um lugar tranquilo. Flores de diversas cores e odores estavam espalhadas por todas as partes. O canto dos pássaros se misturava em uma cacofonia de trinados. O ar morno do tarde ás vezes dava lugar á uma brisa suave. Uma paz muito grande me dominava e me dispus a conhecer o ambiente, mas logo que dei os primeiros passos fui acometida por uma tontura forte e desmaiei. Despertei novamente e ao abrir os olhos gritei horrorizada. Estava em uma espécie de deserto. Abutres encaravam-me empoleirados em uma árvore ressequida. O sol castigava o meu corpo de forma impiedosa. A sede era torturante, e senti os lábios rachados. Ouvi o som de água próximo dali e arrastando pelo chão cheguei a uma pequena lagoa. Ansiosa para saciar a sede estendi as mãos, e comecei a beber avidamente. A princípio não notei nada de anormal, mas após alguns segundo, um gosto ruim me fez engasgar. Cuspi o líquido e percebi que estivera bebendo sangue. Toda a água da lagoa se transformara e havia mesmo pedaços de coágulos. Chorei alto e me afastei cambaleante dali. À medida que ia andando ia notando que espinhos brotavam da terra e começavam a me cercar. Os arranhões eram dolorosos e cada vez mais profundos. Tentei correr e de repente uma raiz grossa se ergueu do chão á minha frente e enlaçou as minhas pernas. Bati com a cabeça em cima de algo viscoso e descobri que era uma enorme cobra. Gritei apavorada e implorei ajuda aos céus. Nesse momento senti um solavanco e vi que já estava em outro lugar. Estava dentro de um saco plástico e respirava com dificuldade. Fiz força e consegui me libertar. Olhei ao redor. Eu estava em um necrotério. Havia muitos corpos sobre mesas. O zumbido das câmaras de refrigeração e o estalido das lâmpadas fosforescente eram os únicos sons audíveis. Comecei a gritar por socorro, mas foi inútil. Muito tempo depois escutei a porta ser destrancada. Aliviada me aproximei. O senhor de idade que ao que parecia trabalhava ali, ao me ver levou as duas mãos ao coração e caiu fulminado. Senti pena, mas precisava sair dali. Enrolada em um lençol eu ganhei a rua. Os poucos transeuntes que circulavam àquela hora da noite se afastavam correndo ao depararem comigo. Apressei o passo precisava chegar à minha casa o mais rápido possível.
Acordei em um lugar tranquilo. Flores de diversas cores e odores estavam espalhadas por todas as partes. O canto dos pássaros se misturava em uma cacofonia de trinados. O ar morno do tarde ás vezes dava lugar á uma brisa suave. Uma paz muito grande me dominava e me dispus a conhecer o ambiente, mas logo que dei os primeiros passos fui acometida por uma tontura forte e desmaiei. Despertei novamente e ao abrir os olhos gritei horrorizada. Estava em uma espécie de deserto. Abutres encaravam-me empoleirados em uma árvore ressequida. O sol castigava o meu corpo de forma impiedosa. A sede era torturante, e senti os lábios rachados. Ouvi o som de água próximo dali e arrastando pelo chão cheguei a uma pequena lagoa. Ansiosa para saciar a sede estendi as mãos, e comecei a beber avidamente. A princípio não notei nada de anormal, mas após alguns segundo, um gosto ruim me fez engasgar. Cuspi o líquido e percebi que estivera bebendo sangue. Toda a água da lagoa se transformara e havia mesmo pedaços de coágulos. Chorei alto e me afastei cambaleante dali. À medida que ia andando ia notando que espinhos brotavam da terra e começavam a me cercar. Os arranhões eram dolorosos e cada vez mais profundos. Tentei correr e de repente uma raiz grossa se ergueu do chão á minha frente e enlaçou as minhas pernas. Bati com a cabeça em cima de algo viscoso e descobri que era uma enorme cobra. Gritei apavorada e implorei ajuda aos céus. Nesse momento senti um solavanco e vi que já estava em outro lugar. Estava dentro de um saco plástico e respirava com dificuldade. Fiz força e consegui me libertar. Olhei ao redor. Eu estava em um necrotério. Havia muitos corpos sobre mesas. O zumbido das câmaras de refrigeração e o estalido das lâmpadas fosforescente eram os únicos sons audíveis. Comecei a gritar por socorro, mas foi inútil. Muito tempo depois escutei a porta ser destrancada. Aliviada me aproximei. O senhor de idade que ao que parecia trabalhava ali, ao me ver levou as duas mãos ao coração e caiu fulminado. Senti pena, mas precisava sair dali. Enrolada em um lençol eu ganhei a rua. Os poucos transeuntes que circulavam àquela hora da noite se afastavam correndo ao depararem comigo. Apressei o passo precisava chegar à minha casa o mais rápido possível.