O Anjo da Morte

- Ah, que bosta! Não acredito que esse maldito pneu furou justo agora!- esbravejou Silvana. Eram onze horas da noite, caía um temporal e ela estava presa dentro de seu carro na esquina de uma rua deserta e alagada. Pegou o celular, pediria ajuda a algum de seus amigos. Sem bateria. Silvana gritou um sonoro PQP, enquanto os relâmpagos clareavam tudo e a chuva aumentava de intensidade. Os grossos pingos batiam com fúria no capô do carro, deslizando pelos vidros em espessas cortinas que o pára brisa mal conseguia limpar.

Silvana estava com raiva e amedrontada. E doida para chegar em casa, fazer um lanche, tomar um banho! Além disso, era perigoso ficar ali parada à noite, embora não se avistasse viva alma. Então a garota pensou que o melhor a fazer era respirar fundo e manter a calma. Quando a chuva diminuísse, ela procuraria um orelhão nas proximidades e pediria ajuda. No entanto, a tempestade parecia só piorar e as cortinas de água quase não lhe permitiam ver nada lá fora. Assim, ela não o viu se aproximar. E levou um tremendo susto ao ouvir alguém batendo na janela do carro.

- Oi! Posso te ajudar?

Silvana baixou o vidro e se deparou com um rapaz encharcado, com um capuz na cabeça.

- Oi, você tem um celular pra me emprestar? - pediu, aflita. - Acabou a bateria do meu, o pneu do carro furou e eu não posso sair daqui...

Por causa do moleton preto com capuz que ele usava para se proteger da chuva, Silvana não podia ver seu rosto. Mas ele tinha uma voz alegre e lhe inspirava confiança.

- Eu troco o pneu pra você. - disse ele, e meteu mãos à obra.

Silvana ficou espantada da sua rapidez, cinco minutos depois já estava pronto.

- Nossa, nem sei como lhe agradecer - disse ela com entusiasmo. - Quanto eu lhe devo?

- Uma carona - respondeu o desconhecido, entrando no carro e tirando o capuz. Então Silvana ficou boquiaberta...

Era o homem mais belo que já vira! Tinha cerca de 1,80 m de altura e vinte e poucos anos. Seus olhos eram verdes e translúcidos como duas esmeraldas, de um verde como Silvana jamais vira coisa igual. O rapaz sorria. Tinha uma boca linda, sensual, e dentes alvos e perfeitos, rosto anguloso com uma sombra de barba que o deixava ainda mais atraente. Os cabelos castanhos eram cortados rentes, com um leve topete na frente. Além do moletom ele usava uma bermuda jeans e coturnos pretos. Silvana pôde entrever seu tórax bem definido e o abdômen de tanquinho. Nossa, pensou, quase sem ar...

- Como é o seu nome? - ela perguntou.

- Nicholas. - ele respondeu. - E o seu?

- Silvana.

- Prazer, - disse ele, e o modo como articulou aquela palavra fez a moça sentir uma pontada indiscreta nas entranhas, Ela estava fascinada, não conseguia tirar os olhos dele. Nem percebia que os relâmpagos e a chuva continuavam.

- Foi muito sorte você aparecer aqui, Nicholas... confesso que eu estava ficando apavorada.

Ele pousou a mão sobre a coxa dela.

- E aí, um anjo apareceu... - disse gracejando.

-É... - Silvana parecia hipnotizada pelo desconhecido. - Meu Deus, Nicholas, como você é lindo... você só pode ser mesmo um anjo.

Ela ligou o carro e arrancou, erguendo duas colunas de água ao redor. Nicholas chegara mais perto e agora estava com a mão debaixo de sua minissaia jeans, quase matando-a de desejo.

- Onde eu te deixo? - ela perguntou arfante.

- Onde você quiser... - ele respondeu, cheirando seu pescoço.

Estavam a apenas duas quadras do prédio onde cela dividia um apartamento simples com duas colegas da faculdade. Sabia que ambas não dormiriam em casa aquela noite. Porque não, pensou? Era solteira, não estava traindo ninguém...

Estava de tal forma atraída por Nicholas que nem se lembrou do risco que corria, levando um total desconhecido para casa. Mas não conseguia resistir, ainda mais com ele a boliná-la descaradamente...chegaram. Silvana deixou o carro na garagem, e subiram pelo elevador de serviço. Estava tão excitada que custou a abrir a porta, enquanto Nicholas enlaçava sua cintura e a deixava sentir seu membro ereto...

Entraram, foram direto para o quarto e caíram nos braços um do outro.As roupas de ambos voaram longe... um desejo animal, primitivo dominava Silvana, algo que ela nunca sentira antes. Ela sabia que era gostosa, uma morena de 22 anos, longos cabelos negros com luzes avermelhadas e um belo corpo, seios fartos que agora ele devorava com a boca, quadris largos... Nicholas mostrou a Silvana o que era o prazer que ela entrevira em seus estranhos olhos, um prazer que jamais homem algum lhe dera, um prazer indescritível e absoluto. Ele a amava bem devagar, sem pressa, suas mãos pareciam estar em todos os recantos de seu corpo ao mesmo tempo, sua boca era quente e doce...

A tempestade lá fora continuava, a chuva batia com violência contra as persianas. Nicholas penetrou Silvana sem camisinha e ela não conseguiu protestar, tamanho foi o prazer que sentiu. Ele ficou dentro dela longo tempo, indo cada vez mais para o fundo de sua gruta molhada, provocando seu ponto G, arrancando gemidos e gritos de Silvana, até que ela gozou assim, somente com a penetração, o melhor orgasmo que já tivera. E depois até o amanhecer ele a fez gozar inúmeras vezes, até deixá-la esgotada e exausta, largada sobre a cama...

Amanhecia.A chuva cessara. Nicholas não parecia nem um pouco cansado após todas aquelas horas de sexo selvagem. Foi até a cozinha, catou uma latinha de cerveja na geladeira e voltou cantarolando Highway to Hell.

- Gostou, gata?

- Nossa... - respondeu Silvana com as pálpebras pesadas. Nem sei dizer quanto... que homem você é, Nicholas... que sorte eu tive... eu quero ficar com você pra sempre...

Cansada como estava, Silvana não percebeu que Nicholas agora a contemplava com um ar solene, e que de suas costas brotavam duas grandes asas negras.

- Que bom, Silvana...porque eu vim buscar você, Eu sou de fato um anjo, o Anjo da Morte... sua hora chegou. Vem comigo, prometo te dar muito prazer no Vale das Sombras...

Assim dizendo, Nicholas inclinou-se e beijou longamente a boca de Silvana. Quando se ergueu, levara a alma da moça em seus lábios, deixando-a gelada e inerte sobre a cama. As companheiras de Silvana a encontraram morta horas depois. O laudo de necropsia apontou como causa da morte parada cardíaca. Mas não explicou porque ela estava completamente nua, nem aquele sorriso em seus lábios...

FIM

Maryrosetudor
Enviado por Maryrosetudor em 06/02/2014
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