AS PEDRAS DA MORTE
AS PEDRAS DA MORTE
Jorge Linhaça
Ninguém sabe ao certo a sua origem, o certo é que, qual organismos vivos as pedras da morte multiplicam-se sem cessar. Por mais que sejam destruídas aqui e acolá, reaparecem em número ainda maior mais adiante.
Apesar de sua aparência inocente e do pequeno tamanho, seu efeito é devastador, destruindo os organismos vivos que se expõem aos seus vapores.
O corpo definha, a mente se esvai e suas vítimas sentem-se cada vez mais atraídas pelos seus algozes. Não existe o ânimo necessário para resistir, qual fossem zumbis modernos, as vítimas caminham em busca de novas pedras escondidas em becos ou lugares ermos. Sempre mais, sempre mais, sempre mais...
O ímpeto suicida dos afetados não lhes permite resistir à ânsia desenfreada pela inconsciente autodestruição. É quase impossível lhes barrar o caminho quando em busca das pedras da morte. A agressividade se torna uma constante, com o corpo e alma corroídos pelos vapores macabros pouco resta de sanidade ou humanidade em cada um desses seres.
Para cada um que responde ao tratamento e liberta-se da hipnose das pedras, centenas ingressam no exército de mortos vivos que se sujeitam a elas.
Esqueletos parcamente revestidos de carne, talvez essa seja a melhor descrição das vítimas agonizantes que se amontoam em grupos em campos de concentração auto infligidos, espalhados pelas ruas e terrenos abandonados.
A chegada da morte é apenas questão de tempo, sua foice está apontada para todos os adoradores das pedras, sim, adoradores, pois, as mesmas se tornam quase que deuses, sedentos de sangue, aos quais cada um se entrega em sacrifício voluntário.
Mas antes que o último suspiro seja dado, antes que o corpo sucumba afinal, é a própria alma que interessa aos deuses pedras, é ela que é sugada lentamente a cada inalação das emanações fatais das pedras vaporizadas. É a alma que primeiro sucumbe e, na ausência da mesma os corpos, reduzidos a um instinto terrível, apenas caminham sem vontade própria, com o olhar vazio perdido no tempo no espaço.
O combate às pedras da morte parece uma luta perdida. Quem não sofre seus efeitos finge não ver o horror que os rodeia, afasta-se das áreas mais afetadas ou passa por elas célere, olhos vendados e narizes tapados.
A ceifadora de vidas aproxima-se e leva mais uns tantos, que se somam a outras centenas, milhares de anônimos moribundos.
Mas os olhos da maioria não se abrem para a nefasta ameaça, é como se fossem imunizados, como se acreditassem que o flagelo jamais baterá à sua porta. Doce ilusão. Seja direta ou indiretamente as pedras da morte avançam a cada dia e seus escravos atingem a sociedade das mais variadas maneiras. AS PEDRAS DA MORTE
Jorge Linhaça
Ninguém sabe ao certo a sua origem, o certo é que, qual organismos vivos as pedras da morte multiplicam-se sem cessar. Por mais que sejam destruídas aqui e acolá, reaparecem em número ainda maior mais adiante.
Apesar de sua aparência inocente e do pequeno tamanho, seu efeito é devastador, destruindo os organismos vivos que se expõem aos seus vapores.
O corpo definha, seca, envelhece precocemente, a mente se esvai e suas vítimas sentem-se cada vez mais atraídas pelos seus algozes. Não existe o ânimo necessário para resistir, qual fossem zumbis modernos, as vítimas caminham em busca de novas pedras escondidas em becos ou lugares ermos. Sempre mais, sempre mais, sempre mais...
O ímpeto suicida dos afetados não lhes permite resistir à ânsia desenfreada pela inconsciente autodestruição. É quase impossível lhes barrar o caminho quando em busca das pedras da morte. A agressividade se torna uma constante, com o corpo e alma corroídos pelos vapores macabros pouco resta de sanidade ou humanidade em cada um desses seres.
Para cada um que responde ao tratamento e liberta-se da hipnose das pedras, centenas ingressam no exército de mortos vivos que se sujeitam a elas.
Esqueletos parcamente revestidos de carne, talvez essa seja a melhor descrição das vítimas agonizantes que se amontoam em grupos em campos de concentração auto infligidos, espalhados pelas ruas e terrenos abandonados.
A chegada da morte é apenas questão de tempo, sua foice está apontada para todos os adoradores das pedras, sim, adoradores, pois, as mesmas se tornam quase que deuses, sedentos de sangue, aos quais cada um se entrega em sacrifício voluntário.
Mas antes que o último suspiro seja dado, antes que o corpo sucumba afinal, é a própria alma que interessa aos deuses pedras, é ela que é sugada lentamente a cada inalação das emanações fatais das pedras vaporizadas. É a alma que primeiro sucumbe e, na ausência da mesma os corpos, reduzidos a um instinto terrível, apenas caminham sem vontade própria, com o olhar vazio perdido no tempo no espaço.
O combate às pedras da morte parece uma luta perdida. Quem não sofre seus efeitos finge não ver o horror que os rodeia, afasta-se das áreas mais afetadas ou passa por elas célere, olhos vendados e narizes tapados.
A ceifadora de vidas aproxima-se e leva mais uns tantos, que se somam a outras centenas, milhares de anônimos moribundos.
Mas os olhos da maioria não se abrem para a nefasta ameaça, é como se fossem imunizados, como se acreditassem que o flagelo jamais baterá à sua porta. Doce ilusão. Seja direta ou indiretamente as pedras da morte avançam a cada dia e seus escravos atingem a sociedade das mais variadas maneiras.
A sensação de prazer momentâneo, causada pela pedra, acaba após 5 minutos e o zumbi precisa se realimentar dos vapores demoníacos para saciar sua fome. Para isso vale tudo, roubar, agredir, matar...
O terror prolifera diante de nossos olhos, a morte nossa ronda a cada esquina, a cada passo, e fingimos que não a percebemos, até que seja tarde demais.
O sangue derramado, sorvido pela terra ou manchando o asfalto clama por vingança e as pedras da morte são parte de seu arsenal de armas mortíferas.
Que os céus tenham piedade de nossas almas.