Terror que passou a ser um final feliz...
Eu tinha 14 anos, e vou contar como este conto de terror passou para um final feliz...no meu caso.
Faltavam algumas semanas ate as ferias de Verão, tudo andava agitado.
Os alunos dirigiam se alegremente as janelas para ver o campo de futebol que enchiam outros alunos a jogar...
Não fazia parte de nenhum clube, nenhuma actividade...mas eu gostava de correr....logo depois da escola, assim que escuressese eu ia correr nos cortes de tenis, campos de futebol, pela cidade inteira...
Gostava de sentir livre, vento frio a bater no rosto...
Não gostava quando havia pessoa a olhar para mim, tinha vergonha...então escolhia lugares onde havia poucas pessoas...mas estava feliz na mesma...por poder correr assim...
Estava muito calor nos ultimos dias...era dificil estar na rua por muito tempo...
Era mais um dia quente, uma tarde de Sexta feira...
Restei apenas eu na escola...quase todos foram se.
Não tinha conseguido amigos...e os que tinha, pararam de ser.
Calmamente arrumando a minha mochila sai da escola...
Notei algo estranho..havia nevoeiro.
Era muito estranho...já que nem houve chuva...
Estava cada vez a escurecer mais...
Voltei a casa...não sei se devia ou não...
Vesti a minha roupa desportiva, a que mais gostava...e sai.
De certo modo, dava para ver a direção das ruas e não estava tanto nevoeiro. Enganei me...
Comecei a correr por uma das ruas, passei por varias casas ate que sai para a avenida principal...estavam poucas pessoas..quase nenhumas...ai esqueci-me que podiam entrar carros nessa enorme rua...ate que avistei-o mas foi tarde demais.
Um camião dirigia-se a toda a velocidade para mim...tinha as luzes da frente ligadas mas mesmo assim ele travou tarde demais.
Só me lembro de algo frio e doloroso me bater nas pernas...senti que estava a ser atingida pelo camiao...era uma dor insuportavel.
Senti as minhas fortes pernas, de tanto correr, a colidirem-se com a parte de frente do carro...e depois dor e mais dor...
Não, não morri.
Eu sobrevivi à aquele acidente...depois de meses de coma, eu finalmente voltei a vida...
Os pais visitavam me frequentemenete...mas não era o suficiente...
Eu nunca mais pude levantar me...estava agora presa a esta cadeira de quatro rodas.
Não podia nunca mais voltar a correr..sentir as minhas proprias pernas...naquele instante...se eu ainda pode se voltar à aquele acidente...eu podia desviar...mas então porque?
Olhei varias vezes para as minhas pernas...ainda não sararam por completo e doiam mas eu nunca mais pude sentir os meus musculos a mexerem-se.
Mais meses se passaram e com eles começaram a aparceram cólicas...ataques nos musculos, eu dava saltos enormes e doia me o corpo inteiro...
O medico disse que a minha situação estava muito pessima aos meus pais...
Cada vez piorava...doia, sangrava, quebrava...e ate que um dia eu não resisti...
E nesse mesmo dia tudo acabou...
Era uma noite muito calma, estava escuro no meu quarto do hospital...ouvia as gotas que saiam da torneira...
Senti me muito mal...e sem querer dei um grito...
Varias pessoas juntaram se a minha volta, a bonita enfermeira que vinha cuidar de mim tentava desesperadamente acalmar-me e a mudar de soro.
Colocaram me fios no corpo, varias maquinas e uma delas por cima da minha boca...entro ar frio...tão frio como se eu estivesse a correr...mas era ilusão...
Ouvia as vozes de medicos, enfermeiras.
Tirar a minha cama para o corredor, todos começaram a avançar comigo para algum lugar.
Estava a tornar se escuro e desfocado...não conseguia dizer nada...e tudo acabou.
Virei a cabeça para a direita e os olhos fecharam se automaticamente.
A ultima coisa que vi era a luz...e tudo acabou.
Senti que estava a ficar longe, o meu corpo movia se para longe de lá?
Não sei quanto tempo passou e agora não estou em lado nenhum...ou melhor num lugar muito diferente do hospital.
Observei as paredes castanhas e verdes...parecia uma gruta...??
Olhei para baixo, o que me chamou a atenção...era a agua que corria debaixo das minhas pernas. Estava de pé, os pés dentro da agua que tinha lindas e coloridas verdes algas...
Folhas, flores, algas...estavam na agua. Ergui a cabeça e vi uma saida.
Vinha muita luz na minha direção, parecia uma porta a abrir-se numa bonita e selvagem caverna....era muito estranho para um sonho.
Dor, sofrimento, colicas...tudo tinha sumido.
Observei o que tinha dentro...avancei e avancei ate que entrei...
Estava tão claro...muito sol, estava um bom tempo.
Flores, arvores, campos, animais, pessoas...tudo estava lá.
Crianças passaram por mim...estava a correr....
-Bem vinda querida...-Murmurou uma bonita mulher.Esticou me a mão.-Agora estara tudo bem, não importa que vida tiveste lá...aqui não há dor nem sofrimento...doenças nem mortes.
Aceitei a mão dela e ela ajudou me a entrar para este lugar...era um novo mundo.
Mais pessoas se juntaram a mim. Era velhos e novos.Animais selvagens estava com animais de estimação...sem medo...sem mortes...
Tudo era muito diferente daquilo que vivi antes.
Notei em uma senhora, era a minha antiga vizinha...ela morreu de um câncer e agora estava aqui?
-Onde estou?-Perguntei. A minha voz parecia tão profunda como num sonho.
-Ao lado de nós, onde é a casa de todos, onde Deus vive.-Responderam eles a sorrir.
Estavam tão brilhantes...eram tão bonitos todos...
O gatinho que eu tinha....ele tambem tinha morrido...e agora estava ao meu lado...senti tantas saudades dele.
-Mas...se isso for o paraiso...eu não mereço estar aqui...porque eu fiz muitas coisas ruins...e ...
-Todos fizemos mas...agora estamos aqui...porque Deus escolheu...e tu mereçes sim...-Murmurou a senhora.
-Anda, vamos mostrar o quão maravilhoso é este lugar!-Gritou alegremente um das crianças puxando me pelo braço.
Avancei e neste momento ouvi gritos deseperados...eram vozes que vinha da porta da qual eu tinha saido...eram dos meus pais...
Eles gritavam e choravam...
-Não te preocupes, vai ficar tudo bem...eles vão ficar bem.-Disse a senhora.-Vai passar.
Então aquela porta fechou se por completo.
Avançamos por varios lugares...
-Experimenta correr...-Aconselhou um rapaz apontando para as minhas pernas.
Não sei conta mas eu estava de novo de pé! É verdade! Eu conseguia estar de pé e andar.
Sorri e experimentei...
De novo aquele ar a bater no rosto. Como eu tinha saudades...não doia mais nada...era fantastico...eu estava mais que viva...
Havia campos e campos para correr...e eu nunca mais quis parar...
Mas eu podia continuar a viver se não desistisse, não é?
Considere a sua situação e nunca rendasse, não importa o quão grave seja...
Para sempre...vou ficar aqui...eu consegui sentir as minhas pernas...o meu corpo e alma.