Sussurro

Aquele sábado à noite parecia ser como todas as outras vividas por Matt Kilhard. Seus pais estavam arrumados, prontos para sair e Matt estava em casa, pronto para devorar mais um livro. Mas aquela noite apenas parecia ser igual às outras... Apenas parecia!

- Que horas começa a festa, mãe? – perguntou Matt, sentado no sofá, com um livro em mãos

- Às 9, meu filho! – respondeu sua mãe, bem arrumada

- Matt, a gente vai chegar por volta da meia-noite! – disse o pai – Não se esqueça de trancar a casa. Qualquer coisa fique à vontade para ligar para a gente!

- Pode deixar, pai. – disse Matt

Matt não podia ir à festa junto dos seus pais, porque ainda era menor de idade.

- Não fique no computador até tarde, meu filho! – disse a mãe, enquanto ela e seu marido calçavam o sapato

- Não se preocupe, mãe. Eu vou ler este livro!

- Boa leitura, meu filho! – disse a mãe. Ela e seu marido já estavam prontos para sair

- Obrigado, mãe. – disse Matt – Boa festa para vocês!

- Obrigado! – agradeceram os pais de Matt, antes de saírem

Assim que os pais de Matt saíram, o rapaz trancou a porta e depois sentou-se no sofá, abrindo o livro e começando a lê-lo.

A casa dos pais de Matt era grande. A sala onde o rapaz se encontrava já dava para se ter uma ideia da grandiosidade da casa, apesar dos poucos cômodos que ela possui. A sala de TV era enorme, com um par de sofás no meio, entre a porta e a TV. Havia um corredor e uma escada ao fundo e uma porta à direita.

Matt estava tranquilo na sala, lendo um bom livro, quando, de repente, para sua surpresa, a luz da casa se apaga.

- Só faltava essa... – disse, desanimado, enquanto se levantava e deixava o livro em cima do sofá.

- Onde minha mãe guarda as velas? – pensou – Ah, é! – se lembrou de algo – Na cozinha!

Matt estica os braços para frente e vai andando vagarosamente em direção à parede esquerda da sala. Para ter certeza de que não esbarraria em nada, foi andando passo por passo, passo por passo, passo por passo.

Depois de algum tempo, acabou por atravessar a sala, encostando os braços na parede. Em seguida, a sai tateando, em direção ao corredor.

Não dava para ver nada dentro de casa; era noite de lua nova e a escuridão tomava conta do local. Ainda por cima a luz da rua acabou junto com a da casa, sendo praticamente impossível enxergar alguma coisa.

Matt andava vagarosamente pelo corredor da casa, quando, para sua surpresa, alguma coisa passa correndo por ele, esbarrando-o. Como estava surpreso – não esperava ser esbarrado –, Matt quase cai sentado no chão.

Com o fato, Matt começou a ficar desesperado, suando frio.

- Quem está aí? – perguntou, desesperado. Ele precisava saber se havia mais alguém dentro da casa.

Não houve resposta. Matt insistiu.

- Tem alguém aí?

E novamente nenhuma resposta. Achou melhor deixar para lá, preferiu acender a vela para depois procurar o quê o esbarrou.

Como poderia ter alguém dentro de sua casa, o simples fato de ficar andando vagarosamente em uma casa toda escura, tornava-o alvo fácil do provável bandido, portanto, Matt começou a andar mais acelerado, até chegar à copa/cozinha, ao final do corredor.

A cozinha, à direita do corredor, possuía uma enorme janela, bem maior que a da copa. Esta janela permitia que um filete de luz entrasse na cozinha e ajudasse Matt a achar as velas no armário.

O rapaz pegou três velas e três pires e depois acendeu as primeiras.

- Vou deixar uma no banheiro, uma na cozinha e uma na sala! – pensou

E assim Matt fez: deixou uma vela na pia da cozinha, uma na pia do banheiro e outra na mesinha ao lado do sofá na sala.

A luz cintilante da vela deixava o ar totalmente funesto e tenebroso; se aquilo já deixava o ar totalmente amedrontador, imagina o que estava para vir...

Matt pegou o telefone, que se encontrava na mesinha do centro da sala, e discou para algum número. Em seguida, levou o telefone ao ouvido.

- Ei, mãe. – disse, assim que começou a chamar

- Aconteceu alguma coisa, Matt?

- Acabou a luz de casa!

A mãe de Matt fica surpresa.

- Achou as velas, pelo menos?

- Achei. Acendi três delas. Uma no banheiro, uma na cozinha e outra na sala.

- Acredito que não preciso ir até aí, ou você acha que precisa?

- Não se preocupa, não. Eu consigo ficar aqui de boa. Eu te liguei só para avisá-la de que a luz acabou, para caso a senhora chegue e perceba, já estará avisada!

- Obrigada por ter avisado, filho!

- De nada, mãe. – rápida pausa – Tem outra coisa que eu queria comentar...

De repente, Matt escuta um estranho som vindo do corredor. Era como o farfalhar do fogo de uma vela, como se este recebesse uma rajada de vento e mexesse. Matt olha para o corredor, e percebe a variação da sombra na parede, causada pela cintilação do fogo da vela.

- O que você quer comentar, Matt? – perguntou a mãe, enquanto seu filho ficava parado, olhando para aquele estranho fato

A mãe, não obtendo resposta, insistiu na pergunta, e Matt lhe respondeu:

- Nada, não, mãe. Pode deixar!

Matt não tirava os olhos da parede da copa, ele achava realmente estranho a cintilação do fogo da vela. Sem tirar o olhar da parede, Matt desligou o telefone e o colocou o gancho no lugar.

- Está tudo fechado. Não há como bater vento na vela... – pensou

Matt resolve andar em direção à cozinha, andando vagarosamente, passo por passo. O garoto deu o primeiro passo, depois deu o segundo. Quando Matt foi dar o terceiro passo, surpreendeu-se, quando o telefone tocou, acordando-o de seus pensamentos.

Matt vira para o telefone e anda em sua direção. Ele pegue o gancho e, antes de atender, olha pela última vez para o final do corredor – o fogo estava normalizado.

- Alô? – perguntou, tirando o foco do olhar da copa

Não havia ninguém falando do outro lado da linha, apenas um murmúrio límpido, como um sussurro.

- Alô? – insistiu Matt. Aquela situação estava amedrontando o pobre rapaz

O rapaz não obteve nenhuma resposta. Acabou por desligar o telefone.

- Malditos trotes... – disse, irritado

Ao colocar o gancho no telefone, ele toca novamente. Rapidamente, Matt tira do gancho.

- Alô? – perguntou

- Oi, Matt, tudo bem? – perguntou alguém, do outro lado da linha

- Myke! – disse Matt, surpreso

- Quem você pensou que fosse?

- Foi você que me deu o trote agora, não foi?

- Não! – disse Myke, surpreso com a pergunta de Matt – É a primeira vez que estou ligando para você!

- Ué? Se não foi ele, quem foi? – Matt se perguntou, no pensamento

- O que quer, Myke? - perguntou

- Cara, a luz acabou na sua casa?

- Acabou, por quê?

- Você tem velas para me emprestar? Aqui em casa acabou a luz e eu não tenho nenhuma!

- E como você vai fazer para sair de casa, se você não está enxergando nada?

- Eu estou fora de casa. Fica mais fácil para mim!

- Tudo bem. Passa aqui em casa, que eu te empresto algumas!

- Valeu aí, cara. Te devo essa!

- De nada.

Matt desligou o telefone. Em seguida, sentou-se no sofá para ler o seu livro, enquanto pensava:

- Espero que agora eu possa ler meu livro! – disse, enquanto se sentava no sofá

Matt estava entretido em seu livro, quando, de repente, começou a escutar um murmúrio límpido vindo do corredor. Parecia um gemido agonizante, ou um chamado sussurrante. Era medonho e aterrorizador.

- Que barulho... é esse? – perguntou, surpreso e amedrontado. Aquela voz era, por si só, amedrontador. Imagina quando aquele sussurro vinha de dentro de sua casa, e Matt estava sozinho, imerso naquela escuridão tenebrosa.

O rapaz caminhou vagarosamente em direção ao corredor. Estava assustado e temeroso, e seu medo o corroia por dentro.

Matt chega de frente para o corredor, e o sussurro vinha da cozinha. Parecia estar chamando o pobre rapaz e a limpidez da voz da pessoa mostrava-se ser sobre-humana.

Matt atravessava o corredor bastante aflito e temeroso, atravessava o local passo por passo, e aquilo tudo parecia durar uma eternidade.

Depois de algum tempo andando no corredor, Matt chega à copa. Naquele momento, ouve o barulho do farfalhar do fogo da vela da sala. Rapidamente, Matt olha para trás. Não havia nada na sala.

- O que foi isso? – se perguntou, surpreso

Matt dá uma geral com os olhos na copa e na cozinha. Percebe o local nos conformes.

- Realmente essa noite está estranha... – disse, enquanto se dirigia à cozinha

Pegou um copo na mesa e virou-se para o filtro, para tomar água. Foi quando recebeu um susto, susto forte o suficiente para deixar o copo cair e quebrar no chão. Havia um pássaro morto, no chão, no canto do cômodo.

- Como pode aparecer um pássaro morto? – se perguntou

Matt pegou uma sacola e colocou os cacos de vidro. Em seguida, colocou o corpo do pássaro na mesma sacola e se levantou. Caminhou em direção à janela, para colocar a sacola no lixo, que fica do lado de fora.

Para abrir a janela, teve de tirar a cortina que tampava metade dela. Ao retirar a cortina da frente da janela, recebeu outro susto: estava escrito, a qualquer material de cor vermelha, a seguinte inscrição:

“Beatrice Camphbell

14 de janeiro de 1869 – 4 de março de 1879”

- Beatrice Camphbell?! – perguntou Matt, pensativo – Eu já vi esse nome antes!

De repente, Matt se lembra de algo.

Matt estava em uma pequena sala com várias estantes e uma mesa, no centro. Na mesa, havia uma vela, sobre um pires, e as estantes eram tomadas pelos livros.

- Deixe-me ver... – disse Matt, olhando para a lombada de alguns livros – Aqui está! – disse, enquanto pegava um livro da prateleira

Caminhou com o livro em mãos até a mesa, sentando-se em uma das cadeiras ali presentes. Em seguida, abriu o livro, logo no início e começou a procurar o que ele queria.

- Achei! – disse Matt. O livro era uma espécie de enciclopédia e estava na letra “C”. Estava escrito:

“CAMPHBELL, Beatrice (14 de janeiro de 1869 – 4 de março de 1879)

Tornou-se famosa com o chamado ‘Massacre do Internato Santa Lúcia’, ocorrido em [...]”

- Eu sabia que já tinha ouvido falar esse nome! – disse, antes de passear pelo livro, até chegar à letra “M”, e encontrar o “Massacre do Internato Santa Lúcia”

“Massacre do Internato Santa Lúcia, ocorrido na noite do dia 4 de março de 1879, tendo seu início por volta da meia-noite.

No cair da tarde do dia 3 de março de 1879, Beatrice Camphbell, uma das internas, apresentou febre alta e delírio. Levada para o seu quarto pelas irmãs do internato, apresentou melhora diante dos médicos que a examinaram, não sendo necessária sua internação.

Por volta da meia-noite do dia 4, os demais internados já se encontravam em suas respectivas camas e as irmãs já haviam se recolhido, quando uma das irmãs constatou um estranho barulho, algo parecendo um murmúrio límpido – um sussurro agonizante e amedrontador - vindo de dentro das dependências do internato. Ela tentou acender a lamparina, mas não funcionou. Permanecendo no escuro, principalmente porque naquela noite a lua era nova e o céu estava nublado, a irmã tornou-se alvo fácil do inimigo, vindo a ser assassinada. Porém, para a surpresa de seu algoz, enquanto estava sendo assassinada, a irmã acabou por gritar, acordando a todos. Naquele momento, o Internato Santa Lúcia tornou-se um pandemônio – todos queriam fugir daquele local o mais rápido possível. Infelizmente, como todos estavam imersos na escuridão profunda daquela noite sem luz, todos tornaram-se alvo fácil. O pandemônio se tornava maior a cada vida ceifada, e a cada sussurro escutado.

No dia seguinte, a investigação da polícia averiguou que Beatrice Camphbell assassinou todos os internados depois de ter sido ‘possuída por um demônio’, como os padres da época classificaram. A última vida ceifada pela garota foi a dela própria [...]”

- Será que o Massacre do Internato Santa Lúcia tem a ver com esses acontecimentos de hoje? – se perguntou Matt, pensativo

Matt estava absorto em seus pensamentos, confusos pensamentos, quando foi interrompido pela campainha.

- Já vai! – gritou, enquanto se levantava e pegava a vela

Matt saiu da biblioteca, entrando em uma pequena e agradável sala, com alguns sofás e uma mesa ao centro. Da sala pequena, saiu na grande sala de TV. Deixou a vela no mesmo lugar onde ela se encontrava anteriormente, e caminhou até a porta para atendê-la.

Ao abrir a porta, ficou surpreso ao constatar de que não havia ninguém.

- Esse povo... – disse, irritado

Fechou a porta. Ao virar de costas, tomou um baita susto. Havia um rapaz atrás dele, que se assustou com o susto de Matt.

- Bom, Matt? – perguntou o rapaz

- Myke! – gritou Matt, ainda bastante assustado, com a mão no coração – Não precisava me assustar!

- Me desculpe. É que eu toquei a campainha, mas ninguém atendeu, eu entrei pela garagem e dei a volta.

- Espera um pouco. – disse, surpreso - A porta da garagem estava aberta?

- Estava, mas eu fechei e tranquei com a chave que estava por lá mesmo!

- Talvez isso explique muita coisa! – disse, pensativo, saindo de perto de Myke

- Explique muita coisa?! Como assim? – perguntou Myke, sem entender nada

- Você não quer a vela? – perguntou, virando o rosto para o amigo – Vamos lá pegá-la! Lá você vai entender o que eu quis dizer!

Matt e Myke estavam na cozinha. Enquanto o primeiro estava mexendo nos armários a fim de pegar vela para o amigo, o segundo não desgrudava o olho da inscrição da janela.

- Beatrice Camphbell... – repetiu Myke – Eu conheço esse nome de algum lugar!

- Já ouviu falar do Massacre do Internato Santa Lúcia? – perguntou Matt

- O que tem ele?

- Essa Beatrice Camphbell foi a garota que encarnou o demônio e matou a todos!

- Bem que eu sabia que já conhece esse nome... – disse Myke, um pouco exaltado

Matt vira para Myke e lhe entrega duas velas. O rapaz agradece.

- Mas por que há uma inscrição dessas na sua janela?

- Não sei. Só sei que está acontecendo diversos fatos estranhos aqui em casa desde que a luz acabou!

- Fatos estranhos?! – perguntou, surpreso

- Primeiro, eu esbarrei em alguma coisa quando estava tudo estranho, depois alguém me telefonou e ficou só um sussurro, depois escutei o mesmo sussurro vindo de dentro de casa, depois achei um pássaro morto aqui na cozinha sem ter nenhuma janela aberta, por fim essa inscrição...

- Será que a tal Beatrice Camphbell voltou do além? – perguntou Myke, com medo

- Não diga asneiras! – repreendeu Matt – Isso não existe! – rápida pausa – Deve ser algum fanático por essa tal Beatrice querendo pregar uma peça em mim!

- Você, como sempre, usando a razão...

- Temos sempre que usar a razão, Myke. – rápida pausa – E aconselho-lhe a ir. E não se preocupe, eu estarei bem aqui!

- Tem certeza?

- Meus pais já devem de estar voltando.

- Eles estão a par dos acontecimentos?

- Preferi não colocá-los a par. Só sabem da ausência de luz!

- Vê lá o que fará, Matt!

- Não farei nada de mais, Myke. Pode ir sossegado!

- Se precisar de mim, é só ligar, ok?

- OK, Myke! Se precisar, eu te ligo!

Myke sai da casa pela porta frontal.

- Deve ser só minha alucinação... – pensou Matt, enquanto voltava ao sofá para tentar continuar a ler seu livro

Matt senta-se no sofá, pega seu livro e volta a ler. Tudo estava nos plenos conformes dentro da casa, exceto, logicamente, a falta de luz. É quando um barulho límpido, como um sussurro, novamente corta o silêncio tenebroso daquela casa.

Matt percebe que o sussurro vinha da escada.

Rapidamente, ele se afasta da mesma, na medida em que se aproxima do telefone.

Matt retirou o telefone do gancho e discou um número.

- Central da Polícia, boa noite! – disse uma mulher

- Boa noite, eu queria fazer uma queixa!

- Pois não, meu jovem. Diga seu nome e sua queixa!

- Meu nome é Matt. – rápida pausa - É que no momento, eu estou sozinho em casa e a luz acabou!

- Continue!

- Aí, desde que a luz acabou, estou com a sensação de que há alguém dentro da minha casa!

- Não seria mero equívoco de fundo psicológico?

- Não, eu tenho certeza. Os fatos me provaram – rápida pausa - Primeiro, eu esbarrei em alguma coisa no corredor quando eu estava pegando velas, assim que a luz acabou.

- E o que isso tem a ver...?

- Não há nada para esbarrar dentro do meu corredor!

A mulher fica surpresa.

- Depois encontrei um pássaro morto dentro da minha casa – detalhe, estava tudo fechado – e uma inscrição na janela, escrito possivelmente com o sangue da ave.

- Inscrição?

- Beatrice Camphbell e suas datas de nascimento e falecimento.

- Mais algum fato estranho?

- Sussurro!

A policial fica surpresa.

- Como?! - perguntou

- Esporadicamente, eu estou escutando sussurros vindos de diversas partes da casa, além de já terem ligado para minha casa e ficarem sussurrando no telefone.

- Um sussurro... – disse a policial, pensativa

- Exatamente!

- Dê-nos o endereço de sua residência, senhor Matt.

- Rua Cálida Rosa, 14, Centro, aqui nessa cidade mesmo.

- Estaremos averiguando o seu caso da própria central, para termos uma base de como agirmos. Não se preocupe, asseguro-lhe de que você estará plenos conformes. Não deixaremos nada acontecer contigo.

- Obrigado! – agradeceu Matt

A policial desliga o telefone. Matt coloca o telefone no gancho e depois senta-se no sofá, suspirando. Toda aquela situação estava deixando o pobre rapaz exausto.

- Se eu soubesse que ia ser assim, eu tinha pedido para sair com meus amigos... – reclamou, olhando para o teto

- Ah, é! – disse, tirando o foco do olhar para o telefone – Deixe-me ligar para minha mãe!

Matt retira novamente o gancho do telefone, e depois discou alguns números.

O telefone de sua mãe estava desligado ou fora de área.

- Só faltava essa... – reclamou, enquanto colocava o telefone no lugar

Depois de colocar o telefone no lugar, Matt senta-se no sofá, e o telefone toca.

- Será minha mãe? – pensou, enquanto se deslocava para atender ao telefone

Matt atendeu ao telefone. Ao invés de alguém falar, ouvia-se um sussurro, límpido e agonizante.

Matt ficou irritado com a situação e começou a vociferar:

- Quer parar com essa palhaçada de ficar ligando para sussurrar no ouvido dos outros?!

O sussurro permanece, e não acontece nada além do sussurro. Irritado, Matt desliga o telefone, colocando o mesmo no seu lugar.

- Isso já está ficando enjoativo! – disse Matt, exausto, se jogando em cima do sofá

- E essa luz que não volta... – disse, novamente, olhando para a lâmpada no centro da sala

Depois, o rapaz lembra-se do livro, o pega e volta a ler. Continua a ler até ser novamente interrompido por um sussurro vindo da escada.

Matt apenas olhou para a escada, nada fez. Já estava se acostumando com aquela situação, que se tornou incomum quando começou a escutar passos vindos do andar superior.

Rapidamente, Matt colocou o livro no sofá, pegou a vela e foi andando vagarosamente em direção à escada.

Chegando a seu pé, olhou para cima, mas não viu. Como o barulho dos passos continuava, sobrepondo ao barulho dos sussurros, Matt perguntou:

- Quem está aí?

Ninguém respondeu. Matt começou a subir as escadas, vagarosamente, passo a passo.

Ele estava com medo, e toda aquela situação estava deixando seu coração agitado, estava fazendo-o suar frio e ficar trêmulo.

Depois de subir o degrau passo por passo, degrau por degrau, Matt chegou ao andar superior. Com a luz cintilante da vela, conseguia-se ver o hall do segundo andar, enquanto portas vindas de todas as direções preenchiam as paredes daquele cenário.

Chegando ao segundo andar, Matt percebeu a origem dos sussurros, pelo menos naquele momento. Eles vinham da primeira porta à sua esquerda.

Matt engole seco; era necessário abrir aquela porta para desvendar o mistério. Depois, respira fundo e começa a andar em direção à porta, passo por passo, sob a luz cintilante da vela.

Depois de caminhar naquele lugar tenebroso em direção à porta, chegou à sua frente e colocou a mão na maçaneta. Rodou-a, vagarosamente. Depois, abriu a porta. Foi quando tomou um susto que quase derrubou a vela de sua mão.

O local era um pequeno banheiro, um pouco maior que um lavabo. A pia e o vaso apareciam em primeiro plano, tendo o segundo tomado pelo Box.

A surpresa de Matt se deu ao fato de o local estar tomado por ratos mortos. Além dos corpos, a parede estava toda escrita “Beatrice Camphbell”

Ainda bastante surpreso, Matt percebe uma frase maior no espelho do banheiro, localizado acima da pia. Olhou. Sob o seu reflexo, estava escrito, a sangue fresco: “Sua vida está em minhas mãos, Matt Kilhard”

Matt novamente se assustou. Desta vez, por pouco a vela não caiu de sua mão.

Rapidamente, Matt saiu correndo, em direção à sala. O fogo da vela quase se apagou, devido à correria do rapaz.

Rapidamente, ele chegou ao primeiro andar de sua casa. Seu foco era o telefone, e, parando apenas para colocar a vela no seu lugar, se dirigiu ao aparelho, tirando o gancho e efetuando uma ligação.

Porém, para sua surpresa, ao invés da ligação terminar, ouvia-se apenas um sussurro.

Matt guardou o telefone no gancho. Em seguida, pensou, ainda sob o calor da correria:

- Eu preciso sair daqui, o mais rápido possível!

Matt saiu correndo em direção à porta e tentou abri-la, mas estava trancada e a chave não se encontrava no local.

Tomado pelo ódio, Matt primeiramente socou a porta, de raiva. Em seguida, pensou:

- Se ele maldito pensa que vai me matar ou me roubar, ele está muito enganado!

Matt saiu correndo, sem luz de vela, em direção à copa. Partiu pelo corredor, sob os sussurros funestos vindos do andar superior. Chegando à copa, não parou, correndo diretamente à porta dos fundos. Esta se encontrava aberta. Abriu-a, saindo em um enorme quintal.

O quintal recebia pequenos filetes de luz vindos daquela noite sem lua, e estes irradiavam na terra o mínimo necessário para Matt enxergar o seu destino – uma pequena cabana, ao fundo da casa, depois da piscina e da churrasqueira.

Matt chegou à sala de ferramentas e achou rapidamente o que veio buscar – uma chave inglesa. Em seguida, fechou a porta do local e voltou para dentro de casa, andando a passos largos.

Mesmo depois de entrar em casa, os sussurros não haviam se cessado. Ainda a passos largos, o rapaz volta à sala para pegar sua vela e o pires e depois sobe as escadas. Ao contrário das últimas vezes, Matt não subiu as escadas devagar. Talvez o fato de ter uma arma em punho deu coragem e determinação ao jovem, e este acabou por subir saltando degraus. Ele só diminuiu a velocidade quando estava a dois degraus do fim, quando diminuiu o ritmo e subiu degrau por degrau.

Ao chegar ao andar superior, Matt percebe que o sussurro, àquele instante, vinha da segunda porta à esquerda.

- O meu quarto... – pensou

Ficou irritado; o filho da puta invasor estava dentro do seu quarto. Matt colocou a vela no chão, junto do pires e, sob a luz cintilante da vela, caminhou em direção à porta do seu quarto.

O sussurro havia cessado quando o rapaz ficou frente a frente com a porta, mas resolveu continuar. Abriu a porta e entrou, deixando-a aberta, para que a luz da vela irradiasse no quarto.

O quarto estava arrumado. Havia um guardarroupa à esquerda, uma escrivaninha no canto oposto à porta e uma cama à direita.

Matt lembrou que o telefone de sua casa estava desligado e, ao ver seu celular sobre a escrivaninha, acreditou que, talvez, ele não estivesse desligado e andou em sua direção para pegá-lo.

Assim que pegou o celular, entretanto, para sua surpresa, a porta de seu quarto, repentinamente, bateu. O problema naquele momento não foi o susto que Matt tomou quando a porta bateu, foi que a única fonte de luz naquele cômodo era a irradiada pela vela, portanto, Matt estava imerso na escuridão do quarto. Não tinha sequer qualquer fonte de luz, uma vez que as janelas estavam fechadas e não havia espaço entre a porta e o chão.

- Só faltava essa... – reclamou o rapaz

Levando os braços para frente, Matt começa a andar, vagarosamente, pelo quarto. Para se certificar de não acertar em nada, começa a andar passo por passo. Porém, assim que Matt deu seu segundo passo, o sussurro voltou, mas, daquela vez, o sussurro vinha de dentro do próprio quarto!

Naquele momento, Matt foi tomado pelo medo. Travou. Nada iria fazer. Entretanto, ao perceber que o sussurro dizia “Matt, Matt”, o rapaz foi tomado pelo pânico, acabando por soltar a chave inglesa no chão.

Saiu correndo para frente, procurando desesperadamente a porta, sob os sussurros agonizantes, clamando o seu nome.

Ao correr para frente, Matt acerta com o joelho direito em sua cama, que começa a doer. Mas, mesmo capengando de uma perna, continua desesperado para sair. Ao achar a parede adjacente à porta, saiu-a tateando até encontrar a porta. Em seguida, encontrou a maçaneta. Como estava afoito, sua mão estava suada e, consequentemente, Matt não conseguia abrir a porta.

Naquele momento, ele percebeu que a origem do sussurro foi se aproximando da porta, deixando o pobre rapaz mais desesperado que antes.

Matt conseguiu abrir a porta, depois de muito lutar. Assim que abriu, saiu correndo, mesmo capengando, para o meio do hall e sentou-se ao lado da vela. Estava suado, afoito e ofegante, além de muito, mas muito exausto.

O sussurro se cessou.

- Eu preciso da companhia de Myke até meus pais voltarem. Ou, senão, eu vou ficar louco! – disse

Matt retirou o celular do bolso, discou alguns números e levou o aparelho ao ouvido. O rapaz estava tenso, na expectativa de que a ligação se completaria. Naquele momento, enquanto estava na expectativa, ouviu um barulho vindo do primeiro andar. Se levantou e andou até a beirada da escada. O primeiro andar estava sendo iluminado por um pequeno filete de luz cintilante da vela, mas Matt não viu nada, a menos que o que ele quis ver estava imerso na escuridão.

Como nada viu, Matt virou sua atenção para a ligação, principalmente ao constatar que estava chamando. Com esse fato, aliviou-se.

Porém, para sua surpresa, assim que começou a chamar no seu celular, um segundo celular começou a chamar, dentro de sua casa. O barulho vinha como um sussurro, vindo da porta à direita.

O que mais chamou a atenção era que, a cada toque no seu celular, era um toque no segundo celular. Preocupado, Matt segurou a vela com uma mão e foi andando em direção ao segundo celular.

Andando em direção ao segundo celular, Matt entrou no quarto de seus pais. Um grande quarto, diga-se de passagem, com uma enorme cama no centro, um guardarroupa à direita e uma cômoda com uma TV no outro quarto. À esquerda, uma segunda porta, que dava a uma suíte. E era de lá que vinha o barulho do segundo celular.

Temeroso devido aos incessantes acontecimentos, Matt foi andando em direção à suíte passo por passo.

Chegou de frente para a porta da suíte. Percebeu claramente que o som do segundo celular vinha de dentro da suíte. Abriu a porta. Recebeu um susto muito forte a ponto de largar o celular e a vela junto do pires no chão. Os dois últimos se espatifaram com a queda, mas a vela não chegou a se apagar.

A visão de Matt era horrenda. Myke estava no chão, com a cabeça virada para trás, enquanto o braço esquerdo estava contorcido. Além disso, via-se claramente diversas perfurações no peito do rapaz, imerso no próprio sangue. Atrás dele, estava o celular. Como a ligação foi perdida, o celular havia parado de tocar, mas ainda estava com a luz acesa.

Matt tremia bastante e, naquele momento, já havia levado a mão à boca. Estava incrédulo diante da visão, suas pernas mal aguentavam o peso do corpo e o rapaz tendia a cair sentado.

De repente, recebeu uma chamada no seu celular. Ainda bastante trêmulo e incrédulo, Matt se abaixou para pegar o celular. Em seguida, voltou à sua posição original e atendeu ao celular.

- Alô? – disse. Sua voz era o reflexo de seus sentimentos

Passado o susto, lágrimas começaram a escorrer de seus olhos.

- Alô, é Matt Kilhard? – perguntou alguém, com voz conhecida

- Sim, sou eu. Quem deseja falar comigo?

- É aquela policial que atendeu ao seu chamado da vez que você nos ligou!

Matt se surpreendeu à ligação, mas nada disse.

- Finalmente conseguimos achar algum telefone de contato contigo!

- Aconteceu alguma coisa, policial?

- Descobrimos o que está acontecendo na sua casa. Existe um serial-killer chamado Herbert Gaston Van Hichock, que chama a atenção de suas vítimas sussurrando. Procuramos sua localização e descobri-mos que ele se encontra... dentro de sua casa! – Matt fica bastante surpreso - SAIA IMEDIATAMENTE DE SUA CASA!

Matt se sobressalta com a afirmação da policial. Mas, pelo menos, agora ele sabia de tudo o que estava acontecendo. Entretanto, precisava sair o mais rápido possível de sua casa antes de ficar igual a seu amigo. Mas como fugir? Ele estava no quarto de seus pais, bem longe das portas e sem saber aonde o serial-killer se encontrava. A única coisa que Matt poderia fazer era correr, o mais depressa possível, sem se preocupar com qualquer outra coisa.

E assim Matt fez, principalmente depois de escutar passos vindos do lado de fora do quarto. Saiu correndo para fora da casa. Antes de começar a correr, pegou a ponta da vela, para ajudá-lo a enxergar o caminho. E depois correu, sem pensar em qualquer outra coisa.

Matt correu, pensando em apenas fugir do seu destino iminente.

Saiu do quarto dos pais e chegou ao hall praticamente em um pulo, de tão veloz que estava. Do hall, desceu as escadas correndo, chegando rapidamente à sala de TV. Passou o sofá e chegou em frente a porta principal. Tentou abri-la. Estava trancada.

- Merda! – reclamou, em pensamento, enquanto virava-se para entrar no corredor

Assim que virou, percebeu que, no topo da escada, havia um sujeito, imerso na escuridão, fitando Matt. O seu braço direito estava ao lado do corpo e mostrava claramente a faca que carregava consigo.

O sujeito começa a sussurrar, “Matt”, “Matt”. Matt percebia claramente que o sussurro provinha de sua boca, por mais sombria que este parecia ser.

Assim que o sujeito começou a sussurrar, Matt parou de fitar o sujeito e saiu correndo em direção à copa. Atravessou o corredor com poucos passos, chegando rapidamente na copa.

Assim que chegou, percebe, na parede da cozinha, uma frase escrita a sangue: “Sua vida está em minhas mãos, Matt Kilhard”. Matt fica bastante surpreso. Porém, ao perceber passos vindos do corredor, vira para trás e percebe o serial-killer andando calmamente em sua direção.

Saiu correndo para o quintal. Assim que chegou ao quintal, virou à esquerda. Em seguida, entrou em uma espécie de corredor, dentro do próprio quintal, entre a casa e o muro.

O local era de grama e terminava em uma descida, terminando no portal da garagem. Matt correu o local tão desesperado que acabou caindo no chão, soltando a vela. Naquele momento, ela se apagou. Rapidamente, sem hesitar, Matt se levantou e continuou a correr. Havia arranhado a perna, mas nem mesmo isso o impediu de continuar a correr.

Chegou ao portão da garagem e entrou abri-lo, mas este também estava trancado.

Como não conseguiu abrir o portão, acabou por começar a socá-lo.

- Maldito! Ele roubou as chaves! – disse

De repente, Matt começa a escutar sussurros vindos do canto oposto da casa. Junto dos funestos sussurros, o rapaz ouvia claramente barulho de passos sussurrantes. Virou para trás. Percebeu o serial-killer contornando a casa.

- Ele já está aqui... – pensou, abrindo um sorriso de angústia

O rapaz começou a olhar em volta, em intervalos pequenos. Procurava incessantemente por alguma coisa.

- Vamos, Matt... Pense... Pense! – pensava consigo mesmo

De repente, Matt percebe uma barra de ferro jogada no chão, perto do muro.

- É isso... – pensou

Saiu correndo, pegou a barra de ferro e saiu correndo em direção ao serial-killer.

Quando o serial-killer estava no alcance da arma de Matt, o último, ainda correndo, bate com a barra, usando as duas mãos, no peito do assassino. Porém, Matt não contava com a ação do serial-killer, que aproveitou o momento para tentar cortar a garganta do rapaz. Por sorte, a ferida acertou somente a bochecha direita de Matt.

O serial-killer desmaiou com o golpe. Matt, com a ferida ardendo, soltou a barra de ferro e saiu correndo para dentro da casa.

Chegou à copa, fechou a porta e ficou apoiado na mesma. Levou a mão ao machucado e depois olhou a palma da mesma mão: estava suja de sangue.

- Eu preciso limpar meu rosto! – disse

Matt estava para desencostar da porta quando percebe, com o canto dos olhos, algum vulto passando pela janela da copa.

Ficou surpreso. Olhou para a janela. Nada viu.

- O que... foi aquilo? – pensou

De repente, começa a escutar um sussurro vindo do lado oposto da porta. Matt fica bastante surpreso, que acaba tendo os músculos travados. Seu cérebro estava preso àquele barulho infernal, barulho que estava muito próximo a ele.

Matt só se deu conta do perigo quando já estava para morrer. Saltou para sair de perto da porta quando o serial-killer quebrou-a com a mesma barra de ferro utilizada anteriormente por Matt. Por um segundo, Matt não foi acertado.

Mas o rapaz não estava fora de perigo. Ao saltar para não ser acertado pelo golpe do serial-killer, caiu no chão. Tentou se levantar, mas percebeu que suas pernas estavam presas. Virou. Percebeu o serial-killer as segurando. Tentou se desvencilhar se remexendo, mas só conseguiu êxito de uma perna. A outra ele conseguiu quando empurrou o serial-killer com a perna livre.

Assim que estava desvencilhado do sujeito, Matt saiu correndo, tombando, quase caindo. Correu em direção ao corredor. Iria tentar novamente a porta da sala.

Porém, para infelicidade de Matt, o serial-killer, naquele momento, não estava mais andando vagarosamente, agora ele estava correndo. Se Matt falhasse em alguma hora, seu erro poderia custar sua vida.

Matt chegou novamente à sala de TV. Ao constatar de que não conseguiria desviar do sofá, resolveu passar por cima do mesmo. Passou o sofá com certa facilidade. Porém, quando estava somente com uma das pernas sem passar para o outro lado, o serial-killer se jogou em cima dele, virando o sofá e caindo o assassino em cima do rapaz.

O serial-killer estava em cima de Matt, colocando a faca o mais próxima de seu pescoço. O rapaz estava segurando com todas suas forças, para a faca não cravar em seu pescoço.

As cabeças de Matt e do serial-killer estavam tão próximas que finalmente o rapaz conseguiu ver o rosto de seu quase algoz: era um jovem, com cerca de 20 ou 22 anos, no máximo, com olhos azuis e sorriso animalesco no rosto.

Matt consegue empurrar o serial-killer para o lado. As forças de Matt haviam se esvaído de seu corpo. Assim, em seguida ao empurrão que dera no serial-killer, se levantou e saiu correndo, quase se arrastando, em direção à porta. Porém, o seu algoz segurou sua perna esquerda. Novamente, Matt virou para trás e constata que o jovem estava com sua perna esquerda em seu domínio e também constatou que o mesmo iria cravar a faca em sua perna.

Porém, Matt chutou o rosto do serial-killer, desmaiando-o. O rapaz conseguiu se levantar e saiu desesperado para a porta. Tentou abri-la; conseguiu. Saiu desesperado, louco para sair de dentro de sua casa. Infelizmente, para sua surpresa, acertou alguém, que estava na sua frente. Desesperado, começou a socar o peito dessa pessoa e a gritar “Não, Não, para, para”, enquanto a mesma tentava lhe segurar e pedia para ele se acalmar.

Era um policial. Ele estava junto de vários outros policiais, além dos pais de Matt.

Matt estava recebendo alguns tranquilizantes e suas feridas estavam sendo tratas dentro de uma ambulância estacionada na porta de sua casa. Os pais de Matt estavam juntos do rapaz, enquanto os policiais levavam o serial-killer para a prisão.

Vários repórteres diziam a mesma coisa:

“Preso o serial-killer que atormentava a polícia há anos, depois de quase fazer uma nova vítima”

O policial havia explicado para Matt os ideais insanos de Herbert Gaston Van Hichock. Herbert conhecia a história de Beatrice Camphbell e a do Massacre do Internato Santa Lúcia. Ele acreditava que baixava em seu corpo o mesmo demônio que baixou em Beatrice naquela noite de 3 de março de 1879 e fazia suas vítimas caírem em seu jogo insano.

Mas agora tudo havia acabado: o serial-killer estava preso e o rapaz estava bem.

Passa-se algum tempo...

Matt estava dormindo em sua cama. Ainda estava com os machucados daquela fatídica noite. Era de madrugada e a escuridão reinava soberana naquele cenário.

No meio da madrugada, Matt acorda. Ainda bastante sonolento, sai andando em direção ao interruptor. Apesar da escuridão, Matt já estava acostumado a fazer aquele caminho e, portanto, mesmo sonolento e imerso na escuridão, conseguia andar facilmente por dentro do seu quarto.

O rapaz apertou o interruptor, mas a lâmpada não acendeu.

- Faltou luz de novo... – disse, desanimado

Saiu andando no escuro em direção à cozinha. Apesar da facilidade de andar na escuridão, principalmente dentro de sua própria casa, Matt andava vagarosamente, passo por passo, a fim de se certificar de nada acontecer. Saiu do quarto, desceu as escadas, entrou e andou pelo corredor, chegou à copa e na cozinha... andando vagarosamente, mas sem nada de mais acontecer.

Chegou ao armário da cozinha e o abriu. Pegou uma vela, andou em direção a pia, pegou o isqueiro... tudo ainda imerso na escuridão, apenas de que Matt estava agindo como se fosse automático. Acendeu a vela, iluminando o suficiente para o rapaz enxergar tudo... incluindo o próprio serial-killer, que estava à sua frente, com o braço direito, segurando uma faca, levantado. Matt se surpreendeu, antes do serial-killer abaixar o braço, na direção do rapaz...

E a luz da vela se extinguiu... eternamente...