Sem saída - Parte VI - Prioridades de cada um

Sem saída

Parte VI - Prioridades de cada um

Todos estavam muito ofegantes, mas o medo em si havia passado, por hora estavam salvos. Escondem-se em um beco deserto para decidir o que fazer.

Eduardo: (irritado e assustado) e agora? Pra onde agente vai?

Daniele: Edu?! (corre e o abraça)

Eduardo: calma Dani! Tá tudo bem agora! Estamos salvos!

Karen: (irritada e falando alto) é tudo culpa de vocês! Tinham que invadir e destruir nosso abrigo! E agora o que vamos fazer?

Renata: que belo abrigo viu! Maravilhoso! Não protegeu ninguém, sua idiota!

Luiza: fica todo mundo calmo! Isso não vai resolver nada! Temos que encontrar algum outro lugar antes que eles apareçam aqui!

Renata: (cansada e irritada) e agente vai pra onde, alguém tem uma bússola ai?

Luiza: Não precisa de bússola! É só olhar em volta, tem muito lugar é só escolher! Esse e o bom do fim do mundo.

Arthur: Vamos por ali, da pra ver que tem um mercadinho ou algo assim, podemos pegar algumas coisas, estamos quase sem suprimentos não é?

Renata: é melhor ver o que temos!

Eduardo: ficou tudo na casa, só peguei a mochila de emergência que tava no quarto! Só tenho duas latas de salsicha, uma de ervilha, uma de atum, e uma garrafa de água.

Karen: não tenho nada! O dele e tudo o que temos!

Renata: Tenho duas latas de milho e uma de sardinha, aah e duas garrafas de água!

Luiza: tenho dois biscoitos, um esquilho, uma barra de cereal diet e nenhuma água!

Renata: que bosta de kit de sobrevivência, viu!

Arthur: Tenho duas garrafas de água e só uma lata de sardinha, na minha bolsa tem mais roupa e equipamentos que comida! Não tinha muita comida no meu ultimo abrigo! Precisamos ir nesse mercadinho pegar algumas coisas! Deve ter mais comida enlatada e água.

Karen: não vamos muito longe sem isso!

Renata: não somos só nós! Tem outros grupos por ai! Não faz nem seis meses desde que tudo aconteceu! Não podemos ficar entrando nos lugares assim...

Eduardo: deviam ter pensado nisso antes de entrar na nossa casa!

Arthur: (apartando) e não vamos cometer esse erro de novo! Por isso temos que planejar direitinho!

Eduardo: ta! Vamos planejar então!

Todos se reúnem em um beco para decidir o que fazer, Renata fica distante observando a movimentação de alguns zumbis ao longe, pois apesar de serem poucos, ao menor alarme surgiam mais e mais. Depois de perceber que estava tudo “tranquilo”, Renata vai até os outros para ver o que foi decidido.

Arthur: vai funcionar assim, Karen, eu vi o jeito que você luta lá atrás... (Renata interrompe)

Renata: (irônica) muito ruim por sinal, né? (risos).

Arthur: chega! Continuando... Karen você vai na frente do grupo pois se tiver zumbis lá você poderá agir rápido, atrás de você vai estar o Eduardo pra te dar cobertura!

Karen: engraçado! Você manda agente ficar na frente, por que seu pessoal não fica na frente? Se morrer, morre agente né? Não vocês! Muito esperto!

Arthur: não é nada disso! Não pensei dessa forma! Os mais vulneráveis precisam ficar no meio! Assim terão proteção na frente e atrás!

Karen: ta, continua!

Daniele: (interrompe com medo) eu quero fica perto de você Edu, eu não quero ficar sozinha.

Arthur: e você não vai... Você também vai ajudar

Eduardo: mas ela e só uma criança como ela vai ajudar?

Arthur: Dani, eu quero que você observe tudo e caso veja algo, não grite! Puxe a mão ou a roupa de alguém e chame nossa atenção, pode fazer isso!

Daniele: acho que sim!

Arthur: ótimo!

Luiza: (interrompe) e eu o que vou fazer?

Arthur: você ficará logo atrás da Dani, pois se a Karen e o Eduardo precisarem se defender, a Dani ficará desprotegida, então você se encarrega de protegê-la, eu e a Renata ficaremos logo atrás. Todos de acordo?

Todos em silêncio balançando a cabeça compreendendo o que Arthur tinha planejado se organizam na ordem que foi ditada. Todos seguem rumo ao mercado em silêncio com o olhar apreensivo, Karen a frente do grupo, Eduardo e Daniele logo atrás, Luiza seguindo os três sempre atenta olhando para todos os lados, Renata e Arthur ao final conversando baixinho, todos carregando pedaços de pau ou canos encontrados no beco.

Renata: como você descobriu que eu sou filha de militar?

Arthur: não foi difícil descobrir, quantas garotas lutam e matam sem medo? Tinha que ter alguma influência, acho que dei um bom palpite!

Renata: (silenciosa)...

Arthur: mas o que denunciou você foi esse medalhão no seu pescoço, conheço esse tipo e imaginei que não poderia ser seu, julguei ser de seu pai! E tive certeza quando você disse aquilo na casa!

Renata: meu medalhão? Quando foi que você viu?

Arthur: quando você salvou a Luiza, lembra? Todos aqueles movimentos deixaram ele a mostra por algum tempo.

Renata: pra um cara da saúde até que você e bem esperto

Arthur: (risos)... Um quase técnico de enfermagem.

Renata: eu não costumo pedir desculpas... Mas, me desculpe por antes...

Arthur: tudo bem... Até eu sou arrogante às vezes, (risos).

Renata: (com um leve sorriso ao rosto)

Luiza: (gritando) tem um deles ali (apontando)

Esse grito chama a atenção do Zumbi que Luiza vira e de mais alguns.

Arthur: (repreendendo Luiza com raiva) tá louca? Esqueceu o que eu falei?

Karen: tarde de mais! Eles nos viram!

Aos poucos os zumbis se aproximam.

Eduardo: mas que droga!

Eduardo assustado segura a mão de Daniele e quando coloca-a atrás dele percebe que alguns também vinham nessa direção.

Renata: (olhando rapidamente pra trás) tem mais deles atrás!

Todos olham para trás e veem os zumbis, em pouquíssimo tempo a calmaria acabou.

Arthur: (desesperado) temos que sair rápido daqui, agora...

Todos ficam assustados, estavam cercados e não podiam mais seguir o plano, correr para qualquer lugar se tornava aos poucos a melhor alternativa. Eduardo coloca Daniele no colo e o primeiro zumbi que Luiza havia visto se aproxima e o ataca, sua única ideia é jogar Daniele no chão e atacar o inimigo, depois pega a menina e corre por uma ruela que tinha visto. Os demais continuam tentando se defender, e não veem Eduardo fugindo. Até mesmo Luiza estava atacando, mata um deles e isso é suficiente para chamar atenção de Arthur que olha para ela e em seguida percebe que ela não estava mais cuidando de Daniele, e que a menina e Eduardo haviam sumido.

Arthur: cadê o Eduardo?

Luiza: (aflita) não sei! E a Daniele também sumiu!

Renata: temos que sair daqui! Eles são muitos, não vamos dar conta de todos.

Luiza: vão seguir agente!

Karen olha ao redor, e percebe que não tem como acabar com todos, procura Eduardo e Daniele e não os encontra, em desespero foge sem ajudar ninguém, afinal, seus amigos mesmo já não estavam mais lá e não valia a pena morrer para defender estranhos, Arthur ainda tenta chamá-la enquanto ela corre.

Arthur: (gritando) Karen?

Sem qualquer resposta de Karen que corre rápido e sem rumo, desviando-se de alguns zumbis que estavam em seu caminho, Renata se aproxima ainda mais de Arthur e Luiza, agora os três primeiros sobreviventes estavam juntos e novamente cercados. Karen só conseguiu fugir pois correu de forma suicida, passando pelo meio de alguns zumbis, mas os três não estavam tão loucos para fazer isso, contudo não viam outra saída, os zumbis estavam em todos os lados.

Renata: (com raiva e irônica) e agora esperamos pra morrer?

Arthur sem mais ideias só consegue pensar em uma coisa ao ver Luiza fechar os olhos e esperar o pior e Renata olhar aflita para os zumbis sem ação, segurando a barra de ferro, então respira fundo e diz o que deve ser feito.

Arthur: saiam daqui rápido! Vocês só vão ter uma chance, ouviram? Não digam nada!

Renata olha triste para Arthur ao entender o que ele havia planejado e quando Luiza compreende não acredita, puxa Renata pelo braço e começa a chorar.

Luiza: (chorando angustiada) não, Arthur não, não faz isso! Deve ter outro jeito!

Arthur: vão logo!

Renata estava arrasada, porém sabia que não havia outro jeito, então acena com a cabeça para Arthur e corre.

Renata: Vem Luiza! Não tem outro jeito!

Arthur afasta os zumbis do caminho das duas e permanece atacando-os para impedir que as sigam, Luiza corre chorando e Renata apenas lagrima algumas vezes, as duas conseguem fugir. Arthur estava apavorado em meio aos mortos, quase se considerando um deles, coberto de sangue das cabeças que havia estourado, conseguia abrir caminho quando matava algum e aproveitava a chance para correr. Estava exausto, assustado e sem ajuda, mas ainda consegue golpear alguns e isso lhe garante certo espaço para fugir, o cansaço o faz cair mais à frente, mal aguenta o peso do seu corpo então tem que abandonar a mochila. Já com o corpo um pouco mais leve levanta e corre, sem saber para onde ir. Havia mais zumbis nas ruas à frente e sua única ideia é se esconder em baixo de um monte de lixo e entulho que estava numa calçada. A camuflagem de fato funciona, pois os zumbis passam por ele e não o veem, outros permanecem perto dele o suficiente para que ele pense que não tem chance, mas por sorte, os zumbis não tinham ideia de que ele estava lá, tão perto. Como Arthur não podia ver, ouvir os barulhos de sapatos arrastando no chão o apavorava e tudo o que ele podia fazer era rezar, lembrou então de todas as orações que havia aprendido e inventou algumas também. A ideia era ficar embaixo do entulho até que os passos não fossem mais ouvidos.

Eduardo corre ofegante com Daniele em seu colo, o cansaço o faz correr cada vez mais devagar, olha para trás para ver se ainda estão em perigo e ao perceber que não, coloca a menina no chão e seguem andando. Eduardo para e tira a mochila das costas, bebe água e dá para Daniele beber também, e antes que pudesse beber mais um pouco ouve um barulho, os dois se assustam, Eduardo guarda rapidamente a garrafa e tira uma faca da cintura e segura-a firmemente, puxa Daniele para junto de si e seguem lentamente, mas alguns passos à frente ouvem novamente o barulho, Eduardo teme que possa ser mais um bando, pois dessa vez não teria mais força para carregar Daniele e correr, então solta a menina e tenta abrir a porta de uma casa, estava fechada, força mais um pouco, mas como não podia fazer barulho, desiste, busca então por outras casas, enquanto Daniele na sua curiosidade de criança, olha discretamente na esquina para ver de onde vinha o barulho e encontra um garotinho sendo devorado por dois zumbis então se apavora e tenta voltar para perto de Eduardo mas acaba tropeçando em um monte de lixo, e com o impacto uma garrafa de vidro se quebra fazendo barulho suficiente para chamar a atenção dos zumbis, que se erguem e veem a menina, deixando de lado o garotinho estripado, Daniele então levanta e corre até Eduardo.

Eduardo: (preocupado) onde você est...

Interrompe a pergunta ao ver que a menina os tinha atraído, estava ficando cansado desse dia, pois há muito tempo não saia às ruas, desde que encontrou a casa, junto com Karen e nunca os tinha visto assim aos montes e nem tão famintos.

Eduardo: corre Dani, se esconde que eu resolvo!

Eduardo pega sua faca e enquanto mata um, ouve os gritos da garota e então corre até ela, que havia se escondido na casa, a mesma que ele abrira a porta para servir de abrigo posteriormente, na casa havia um casal morto que ele não tinha visto. Eduardo não conseguiu impedir que Daniele fosse mordida e antes de chegar perto para salvá-la, ouve seus gritos de dor, entra na casa e a vê sendo dilacerada, os dois já haviam mordido o pescoço dela e mesmo que ele a tirasse de lá, ela não viveria por muito tempo. Desesperado e vendo que não poderia fazer mais nada, corre chorando e tropeçando em tudo. Nada havia diante dele a não ser a paisagem caótica de uma cidade “morta”, então em uma rua reta, corre, chora e grita, cai no chão mas nenhum zumbi vem, permanece atirado no chão chorando e se debatendo, até que começa a chover e ele decide procurar algum lugar para passar um tempo.

Sinclair
Enviado por Sinclair em 25/11/2013
Reeditado em 26/11/2013
Código do texto: T4585482
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