Debaixo da cama (Possuída)
O cansaço parecia uma âncora, acorrentada ao pescoço de Bárbara. A jovem de 19 anos suspirava enquanto pensava em seus planos para o futuro, a faculdade de Jornalismo era a forma mais rápida para sua saída da lanchonete em que trabalhava. Sentiu seu corpo mais leve ao colocar a cabeça no travesseiro. Fechou os olhos enquanto pedia a Deus para que o pesadelo das noites anteriores não se repetisse. Antes de dormir sua irmã, Camila, sempre ia ao seu quarto para desejar uma boa noite, porém naquela noite algo diferente aconteceu. Bárbara estava preocupada com sua irmã mais nova desde que esta havia reclamado de pesadelos e de que algo se escondia debaixo de sua cama. A garota obstinada relatava algo diabólico querendo invadir seu corpo. O sono chegou rapidamente sem hesitar.
A temperatura caíra drasticamente desde a hora em que se deitara. Olhou para o relógio, eram 03:17h da madrugada. Não entendia o porquê do despertar abrupto quando estava tão exausta pelo dia de trabalho. Sentiu um peso inesperado ao seu lado na cama e ao se virar, sua irmã Camila estava lá, com um olhar maquiavélico. Esta subitamente subiu em cima de Bárbara enquanto grossas gotas de sangue saíam de seus olhos. A garota apenas repetia a mesma frase: “Eu sinto muito, mas não tem outro jeito. Ele me obrigou a fazer isto!”
Aquele olhar ficou ainda mais atormentador à medida que o travesseiro se aproximava do rosto de Bárbara. Camila o segurava firme, com uma força sobrenatural enquanto a irmã se debatia, agonizando em seus últimos suspiros sem poder fazer nada, e para Bárbara tudo ficou escuro.
A escuridão sumia enquanto abria seus olhos, suando frio notou que era apenas mais um de seus habituais pesadelos. Olhou para o relógio e notou que estava atrasada para o trabalho, apressada começou a se arrumar. Ao caminhar para o banheiro ouviu um barulho estranho vindo de debaixo de sua cama, observou a escuridão do quarto enquanto a curiosidade vencia seu medo, dirigiu-se para a cama. Na mesma hora lembrou-se do que sua irmã havia dito a semana toda, sobre o mal escondido sob sua cama. Seu coração batia cada vez mais forte enquanto se curvava para observar. Mas estava impossível ver qualquer coisa, então desencanou e continuou a se arrumar.
Bárbara olhava seu reflexo no espelho quando notou um movimento debaixo da cama e novamente aquele barulho. Seu coração disparou novamente enquanto devagar deixava o banheiro, indo em direção ao quarto. Mas ao passar pela porta sentiu um golpe direto na cabeça, enquanto sua visão se embaçava, notou sua irmã em pé segurando o abajur com um olhar sinistro. Perdeu os sentidos.
Despertou assustada, notou que estava sobre sua cama, e ao tentar se levantar viu que estava impossibilitada de fazê-lo, estava amarrada firmemente. Olhou para o lado e Camila estava lá segurando um travesseiro, com aquele olhar. Camila subiu sobre Bárbara enquanto levava o travesseiro ao seu rosto, enquanto a escuridão chegava Camila dizia: “Sinto muito, mas tem que ser assim, ele quer assim. Não se preocupe, papai e mamãe irão com você!”
Bárbara deu seu último suspiro de vida enquanto ouvia uma risada vindo de Camila, mas não era uma risada dela, era uma risada macabra e grave, vinha do interior de sua irmã.