Câmara Mortuária
O ódio prevalece e o cheiro de sangue dorme de olhos abertos aos seus lados! Carrasco! As almas já estavam encomendadas, seus corpos, os abutres aguardavam ansiosos pelo banquete. A cela impregnada com o mau cheiro que brotava nas paredes. Urina, fezes, comida apodrecida.
O odor era insuportável. O som mais aterrorizante ainda. Um misto de podridão com sinistras gargalhadas. A escuridão reinava. A soberania, tirânica de aquele ser dominava a todos. O mundo lá fora derretia num dilúvio. Na havia tempo de fuga. A morte era questão de tempo. A maneira das mais variadas! Decepamento, drenagem sangrenta, esmagamento do crânio. Quem seria o primeiro? O padre pedófilo, ou a prostituta que arrasava seus clientes? Quem sabe seria o marido infiel que espancava a esposa e a amante? Talvez, seria aquela mocinha que enganava os avos dizendo que ia para escola? Quatro vidas com a morte sussurrando em seus ouvidos.
De repente ouve-se um gemido, e um barulho de algo parecendo uma bola de basquete quicando por duas vezes no chão. Silêncio, lágrimas escorrendo pelas faces. As carnes de seus corpos tremiam de pavor, de preocupação. Quem foi que morreu? Novamente o som aterrorizante! Ossos estralando. Como cana na moenda. Gritos de dor! E outra vez o silêncio demoníaco. Menos dois. Mas quem ainda vivia naquele drama dos quatro? Os pensamentos fervilhavam. A escuridão mais densa. Outro estrondo, novo grito, grito jovem deu para acentuar bem.
O chão frio da câmara mortuária ficou escorregadio o que sobrou não se firmava de pé. Nesse ínterim ele sente uma mão lhe pegar o pescoço, gélida, com garras pontiagudas espetando-lhe as artérias. Espremendo sua glote lhe roubando o ar, sua respiração foi fraquejando, as vertigens da morte dominando seu corpo. E ele morreu sentido as tripas saírem por sua barriga através de um corte bem feito traçando seu corpo ao meio. No outro dia os jornais comunicavam os fatos. Quatro pessoas que estavam desaparecidas foram encontradas mortas num quarto de uma velha casa abandonada. E o que tudo indica é que eles se mataram uns aos outros numa luta ferrenha entre si.