'' A MULHER DO BONDE e tambem a MULHER DO CEMITÉRIO ''

Campinas, a cidade onde nasci e cresci tinha bonde, vários, desde o século XIX com os bondes puxados a burro e depois já no século XX com a eletricidade, os eletricos, um luxo para uma cidade do interior paulista, um luxo....e cada um deles tinha um número,, estes números iam do 1 ao 13, eram 12 bairros que eles percorriam e mais um, o número 5 que fazia apenas a região central, passava pela estação de trem, descia a Rua 13 de Maio, virava 'a esquerda na Av.Glicério, de novo 'a esquerda na Rua General, virava de novo 'a esquerda na Andrade Neves e seguia para a estação de trem e repetia o trajeto, levava para fazer este quadrilátero uma boa meia hora ou mais, dependendo do tráfego, do dia e da hora, e existia tambem um outro bonde, o bonde que fazia o trajeto para Sousas, um distrito bem longe do centro, lá pelas bandas do rio Atibaia e que chegava até Cabras no distrito de Joaquim Egidio, longe prá burro, longe prá dedeu, como se dizia naquels tempos antigos... era apelidado de '' bondão''.

Os bondes da cidade eram abertos, o bondão de Sousas era fechado, um bonde meio que diferente, eu os achava um tanto quando tenebrosos, nem sei porque, e até hoje que já estou velho e quase quase acabado na vida só de pensar no bondão me dá arrepios, talvez fosse a côr...um verde escuro feio, parecia sempre sujo, por dentro tambem era escuro, em dias nublados então era pior, a luz interna era fraca demais e se chovia e com as janelas fechadas dava medo aquela penumbra e quando ele passava pelos campos e matas então eu fechava os olhos de medo , pavor, terror...terror puro.

O bonde era nos idos 40, 50 e até 60 o transporte mais barato, cômodo e rápido para se locomover em uma cidade grande como Campinas, mesmo as pessoas abastadas e ricas que morava em bairros servidos pelos bondes usavam, e eu me lembro nitidamente a primeira vez que '' andei '' de bonde sozinho, tinha 10 anos e fui levar os meus papeis de admissão na escola Senac que ficava no fim da Rua Ferreira Penteado, longe do centro, no lado leste do bairro Cambui, subi no bonde 8, bairro Bonfim onde eu morava, um ponto antes do ponto final, me sentia um '' homem '', minha mãe depois de muita luta havia deixado que eu fosse levar os papeis, me fez mil recomendações, me levou no ponto do bonde, me viu subir, me deu adeus e lá fui eu.

Quase 40 minutos depois desci no ponto Catedral, apanhei o bonde Cambui e desci o mais perto possivel da escola, na Av Julio de Mesquita, andei algumas quadras e pronto...papeis entregue... e ia voltando para fazer o mesmo trajeto e ou vi uma voz de mulher atras de mim....

Menino, por favor, onde apanho o bonde para Sousas?

Era uma ''velha'' ( meninos de 10 anos pensam assim mesmo...velha, velho...jamais ..senhor...senhora..), me assustei, tinha um olhar de águia e nariz que tambem assim parecia, vestida toda de preto, até o lenço na cabeça, meias, sapatos e com um papel na mão...

A senhora ( meninos de 10 anos quando tem que falar com pessoas mais velhas, na cara a cara dizem assim...senhora, senhor, jamais...velha, velho...) tem que virar a esquerda ali na esquina ,andar duas quadras e na Moraes Sales atravessar a rua que tem um ponto logo na esquina,....e me virei para ir embora...

Me leva até lá menino que te dou uns trocados, tenho medo de me perder e de atravessar a rua...''faiz este favor pra mim menino ''....e me mostrava duas moedas, fiquei olhando para a mão dela, as moedas foram ficando como se uma luz dourada as iluminasse e quando a luz se foi ela me dizendo....

São de ouro....te dou estas duas moedas de ouro se me levar até o ponto do bonde de Souzas.....

Levei...nem sei porque levei, não foram pelas moedas de ouro não, ...fui levando, fiz sinal para ela me seguir...eu andava rapido, ela lentamente apoiada na bengala, eu parava um pouco ela me alcançava, eu andava, ela de novo para tras, de novo se juntando, ajudei a atravessar a rua perigosa, levei pelo braço....me lembro de ter sentido como se fosse uns choques leves ao toca-la, deixei no ponto e ia indo embora, ela me pediu para esperar o bonde junto com ela, esperei.

O bonde chegou, estava lotado aquela hora do dia, me pediu para ajudar a subir, ajudei e ela me pediu para achar um lugar para ela, um senhor deu-lhe o lugar e o bonde saiu, eu tentei gritar para o bonde parar, minha voz não saiu, não saia...eu olhei para a ''velha'', ela sorria e me estendia as moedas de '' ouro '' e eu com horror vendo ela se transformar em uma linda moça...belissima moça, vestida toda de branco como se fosse uma noiva....colocou as moedas de ouro no bolso da minha camisa..eu a olhava com horror e pavor...tentei me mexer para sair dali...não conseguia...estava mudo e paralizado.

Eu olhava para os passageiros, todos conversando entre si, rindo, tagarelando, e eu olhava para o bonde escuro, verde horrivel pensava eu...bonde sujo e fedido..preciso sair daqui, o bonde entrou na parte que ele cruzava a mata fechada...uma escuridão de apavorar, fechei meus olhos, não queria ver..não queria sentir, precisava sair deste bonde macabro, macabro!!!!....a velha pensei, a velha...abri os olhos....ela não estava mais no bonde, e pior , no bonde só eu e o motorneiro chegando ao ponto final lá em Joaquim Egidio, na estação de Cabras, no meio da fazenda....me apavorei, estava escuro...como podia?

Quando sai da escola era quase meio dia e todo o trajeto de bonde para Souzas, eu sabia, não demorava mais que 45 minutos, portanto não poderia ser já quase noite...estava frio, e o motorneiro veio falar comigo...

Menino, aqui é o ponto final...vai descer aqui ou vai voltar para Campinas de novo?...voce já foi e voltou cinco vezes, agora é a ultima viagem..vou recolher o bonde, vou voltar para Campinas, onde voce mora, aqui em Cabras, Souzas ou Campinas?

Campinas, respondi eu me encolhendo e tremendo de frio...ele havia dito...cinco vezes? como eu pagava as passagens então?, perguntei e ele respondeu que toda viagem eu retivava uma moeda do bolso da camisa e pagava ...olhei meu bolso, duas moedas douradas e várias comuns...as comuns eram as que minha mãe havia me dado, as douradas..a velha...a velha...a moça....eu gritava e o motorneiro me olhava apavorado...tocou o bonde rapido e rasteiro, ninguem dentro da noite indo para Campinas, foi reto e direto, parou no ponto final da estação ferroviária...desci correndo em direção a rua General Osorio e fui ligeiro apanhar o ultimo bonde 8 para o meu bairro...a relogio da estação batia meia noite quando subi no bonde, quase vazio, fui no ultimo banco, me encolhi, paguei e fiquei quieto, calado, mudo, tremendo..eu, um menino de 10 anos aquela hora da noite na rua..as pessoas me olhavam, comentavam entre si, cochichavam, fofocavam...mas ninguem perguntou nada, desci no meu ponto, corri as duas quadras para minha casa, ninguem nas ruas, eu apavorado,, entrei em casa pelos fundos, a porta da cozinha ficava sempre aberta, eu sabia, corri para meu quarto...se minha mãe me pega, adeus...seriam aquelas palmadas e falatorio e mais falatorio, castigo e mais castigo....deitei.

Assustei comigo mesmo, sentei na cama na hora, que coisa mais estranha!!! aquela hora da noite e minha mãe nem ai?...levantei e fui espiar, dormindo...voltei e deitei e pensava...''esperes e veras amanhã de manhã, vai ser aquela ladainha ''...foi nada.

Acordei e minha mãe agindo como se nada tivesse acontecido...eu de rabo de olho olhando e ela aprontando café, arrumando, cantando, conversando como se nada tivesse acontecido, me viu e veio me dizendo que eu teria que ir experimentar o novo uniforme da nova escola, bla bla bla...e da hora que cheguei nada.

E eu sentia que não era mais eu mesmo, fiquei calado, não queria sair para a rua para brincar, ficava no meu quarto lendo e calado, tinha medo da noite, fazia xixi na cama, acordava gritando..'' a velha...a velha '' e minha mãe se apavorando e eu sem coragem de contar para ela...dias depois meu pai me pegou para conversar e eu lhe contei tudo, pedi segredo, ele guardou mas me dizia que eu havia chegado no horario certo...'' imagina se voce não chega no horario o que sua mãe faria? '', concordei com ele e ele me prometeu que me levaria no médico da clinica que atendia sua cia.....dois dias depois de fato me levou...contei para o médico e ele me olhava como se eu fosse mentiroso, louco, mas foi bondoso comigo, conversou bastante, e eu parecia que aceitava...tudo tinha sido um sonho, mas no fundo eu sabia que não era sonho coisa nenhuma....o tempo passou.

E estava nos meus 16 anos agora, sofri muito para esquecer aquele pesadelo mas nem me lembrava mais dele e um sabado logo a tarde eu e uns amigos indo para Souzas de bondão...era uma farra gostosa, vários rapazes e moças indo nadar no rio Atibaia na cachoeria perto do clube Regatas...entramos no bondão e a algazarra firme e foi quando o bondão parou no ponto da Moraes Sales com a Av.Julio de Mesquita que levei um baita susto, fiquei branco, perdi a voz...a velha, acompanhada de um outro menino, subia no bonde...um senhor lhe deu lugar, ela colocou duas moedas no bolso do menino e o bonde partiu e o menino se batendo, gritando para o bonde parar...eu tentei ir lá ajudar, puxei o sinal, nada...o bonde seguia rapido, não parou mais em nenhum lugar, chegou no ponto da mata escura...e eu vi a velha se transformar de novo em uma moça linda vestida de branco....não vi mais nada.

Acordei, voltei a mim, na cachoeira, estava de calção de banho, molhado...um amigo estava sentado ao meu lado na grama, perguntei o que havia acontecido e ele me olhando de um modo estranho...e eu lhe dizendo o que havia acontecido no bonde, nem mencionei o de antes, e ele me dizendo que nada disto havia acontecido, que tinhamos descido normalmente do bonde e vindo direto para a cachoeira e era isto...se levantou e foi nadar...achei minhas roupas, me troquei e fui embora, sem coragem de pegar o bondão fiquei esperando meus amigos sentado em um banco na praça em frente ao rio, vim embora e nada aconteceu.....quase enlouqueci com esta segunda vez...não contei para ninguem...com certeza me internariam em um hospicio, com certeza.

Eu estava nos meus quarenta anos....o passado esquecido, eu casado e com quatro filhos, trabalhando e a vida tocando.

Agora não havia mais bonde em Campinas, haviam sido retirados de circulação, ficaram obsoletos, a cidade crescia dia a dia e agora ou era carro ou onibus....eu possuia carro, pouco andava de onibus, mas um dia meu carro quebrou, foi para a oficina e eu pegando taxi para tudo, durante dois ou tres dias usei taxi mas era caro e resolvi, vou de onibus ao trabalho...fiz isto e no segundo dia ao subir no onibus senti que me empurravam para entrar...olhei e vi...vi a moça linda vestida de branco...tentei sair do onibus, outras pessoas empurrando e ela atras de mim , passei a borboleta rapido e rasteiro e sai do onibus e eu a vi sentada olhando fixo para a frente...o onibus saiu e neste momento ela olhou para mim e sorriu....não fui trabalhar este dia.

Fui para casa, contei tudo para minha esposa, o primeiro encontro, o segundo e agora este um....ela ouviu tudo com atenção e me convidou para ir a igreja de São Benedito perto de casa...fomos, entramos, rezamos, pedimos força e proteção, ficamos certa de quinze minutos em silencio e paz, levantamos, na igreja quase ninguem, e fomos saindo...perto da porta, parei e dei um grito..''...a velha..a velha '', não vi mais nada....acordei com o padre , minha esposa e varias pessoas ao meu redor na sacristia...contei ao padre tudo e ele me benzendo com agua benta e tudo o mais....não acreditou patavina em uma só palavra do que lhe contei, com certeza, e com certeza me achou maluco.

Agora a coisa pegou feia em mim...tinha medo de tudo, do dia, da noite....acordava aos gritos, tinha sonhos e pesadelos, emagreci, perdi até cabelos e nada de medicos darem jeito nisto...uma tia minha passou em casa e me intimou...''vamos ao cemiterio da Saudades, vamos fazer uns pedidos por lá...vamos já, não aceito desculpas...'' , conhecendo esta minha tia, fui.

O cemitério da Saudades é enorme, tumulos de todo jeito, pobres, ricos, milhões foram gastos em alguns deles...e minha tia me levando para os fundos do cemitério, eu ''cagando'' de medo, mas ia, confiava nela, ela sabia o que fazia, com certeza...e no fim da alameda principal, quase na saida dos fundos ela parou e me mandou seguir so...eu '' empaquei feito burrro ''...ela me deu um empurrão, eu fui...fui e em minha direção vinha vindo...ela, a moça linda vestida de branco, tentei virar e correr...não consegui, virei a cabeça e vi minha tia me fazendo sinal de ir em frente....tentei dar um passo, nada e a moça chegou bem perto...pertinho e eu a vi se transformando na velha...tentei gritar, me mover, nada...e ela, a velha sorrindo e me estendendo a mão, minha mão direita foi na direção dela mesmo eu não querendo...pegou minha mão e foi me levando com ela em direção a minha tia......chegamos perto e a velha falando comigo e minha tia perguntando o que estava acontecendo...eu lhe disse da moça, da velha e minha tia me mandando perguntar o que a velha queria...

Perguntei e ela respondeu que eu não tivesse medo dela e nem da moça...'' somos a mesma '' me disse ela e eu quero um favor de voce...quero que me leve para Souzas...'' , tentei fugir, tentei gritar, não consegui..e ela me olhando e eu sem saber como lhe prometi que a levaria...e ela...'' agora..tem que ser agora '', disse isto para minha tia e ela concordou...levariamos de taxi me disse minha tia...e foi já saindo na frente, eu atras levando a velha pela mão...passamos pela capela de N S Aparecida onde estavam celebrando uma missa em frente a capela, uma conhecida de minha tia nos viu e veio conversar....e foi ai que notei, nem minha tia e nem sua amiga viam a velha...só eu...pavor, medo dos maiores....eu tremia...eu sabia...a velha era morta, era um fantasma...um espirito e eu de mão dada com ela....terror, puro terror.

Em frente ao cemiterio tem ponto de taxi e foi dali que ele nos levou para Souzas...um tempão, minha tia na frente papeando com o motorista , e eu com a velha sentada junto a mim...o motorista não a via com certeza...e nem eu e nem a velha trocamos uma palavra até chegar onde ela me disse para mandar parar o carro, eu disse ao motorista, ele parou, pagamos e saimos andando pela estrada que levava a uma fazenda....uma casa lá longe, uma senhora nos viu chegando e veio ao nosso encontro...e a velha me dizendo que aquela era sua irmã mais nova e que eu lhe pedisse o vestido de noiva de sua irmã ...fiz isto, a velha me olhou como se eu fosse de outro planeta, saiu correndo e entrou na casa...fomos para lá, ela aos gritos nos mandava para fora da casa...minha tia a acalmou e lhe contou tudo, mas ela continuava não acreditando em nada...mas levantou e nos mandou segui-la....o quarto fechado a chave, ela abriu e nos dizia que estava tudo do mesmo jeito de quando sua irmã morreu e chorando nos contava...'' ela era linda, uma boneca...se apaixonou por um sem vergonha, ele usou e abusou dela, ela engravidou, abortou de tanto maus tratos, ele a abandonou e ela no desespero vestiu o vestido de noiva que nunca havia usado e jogando alcool por cima dela ateou fogo bem ali no fundo embaixo da árvore que dá para ver desta janela...olhamos e vimos, e ela abrindo um velho bau tirou o que me pareceu uns pedaços de trapos queimados, de tanto ficar guardado naquele bau tinha cheiro de queimado sim...e a irmã nos contando que quando viram o que estava acontecendo correram jogando agua, terra, panos em cima dela, era tarde...estava morta e o vestido naquele estado, a familia não deixou que fosse enterrada com ele e quando encontraram uma carta do porque ela havia feito o que fez ,pedia para com ele ser enterrada e que se assim não fosse ela um dia viria busca-lo e diria onde deveriam leva-lo e o que fazer com ele...

A irmã embrulhou o vestido em um cobertor velho, me entregou e saimos...(voltei tempos depois por lá para lhe contar o que eu havia feito com o vestido....)

Saimos da fazenda e pedimos carona,..a velha me dizia para irmos para o cemitério de Souzas, fomos, me indicou a sepultura onde ela estava, achamos...coloquei o vestido em cima da laje...a velha foi se aproximando dele e quando tocou no vestido foi mudando para a moça linda vestida de branco...o vestido sumiu da laje e ela apareceu em toda sua beleza.....irradiava beleza, me acenou agradecendo e foi desaparecendo...sumiu.

Senti um grande alivio depois de mais de trinta anos sofrendo de medo, pavor, ilusões, olhares enviesados enviados por pessoas que me achavam maluco....fui saindo do cemitério, minha tia na frente conversando com uma outra amiga, conhecida de '' cemitério'' como me dizia ela, Marias Cemitérios eu as chamava e distraido caminhava pela alameda principal pensando na vida...ouvi um psiu...psiu, moçoooo....home...por favor...me ajude....olhei e vi uma senhora caida entre dois tumulos...fui rapido em ajudar...levantei e ela me pedindo um favor...se eu podia leva-la para Souzas..ela havia visto eu ajudando a '' noiva...a velha...'' e ela precisava, necessitava de um favor....''....larguei a velha senhora de novo no chão....fugi dali as carreiras...passei por minha tia correndo, ela gritando atras de mim para parar, parei nada...sumi pela Av.Saudades a fora....vim ver minha tia dias depois e lhe contei tudo...ela insistindo para eu voltar por lá e ajudar....desconjurei...cruz credo!!! mangalô treiz veiz e deiz mais mil veiz...sai...sai.....nunca mais ...nunca mais....terror, puro terror.

ps....minha tia voltou um dia em minha casa...a velha senhora veio em sonho lhe dizer que precisava da minha ajuda....não acreditei na minha tia, ela não mente...mas desta vez não tia, dizia eu, não e não...e o tempo passou, minha tia faleceu...o tempo correu...e uma noite de chuva forte ouvi barulho no portão da frente, o trinco, o portão batia, sacudia com tanta força que eu fui ver o que era...e pela fresta do portão eu vi...juro que vi...juro de pé junto e de dedos cruzados nos lábios...vi minha tia junto com a '' nova amiga, a velha senhora que me pediu ajuda no cemitério...'', apesar da chuva forte não estavam molhada não, deveriam estar eram encharcadas isto sim mas que nada, secas, sequinhas...a chuva não as afetavam, e me viram pela fresta, abriram um sorriso enorme de satisfação e tinham um papel na mão, passaram pela fresta, peguei e corri para dentro...joguei de lado na area da frente...fui dormir, molhado e tudo, no sofá da sala, tremendo de medo, de terror, puro terror...e de frio.

No dia seguinte minha esposa me acorda e com o papel na mão o lia para mim...'' todo dia de finados viremos te visitar até voce atender o pedido da minha nova amiga...'', levantei do sofá, peguei com raiva o papel rasguei em mil pedaços, joguei no lixo....fui tomar banho, fui trabalhar e tentar isto tudo esquecer...qual o que!!!

Sempre que o dia de finados vai se aproximando eu me escondo, mas fico pensando...me esconder onde e donde?...e realmente todo ano na noite que antecede o dia de finados, logo que o relogio começa a bater meia noite eu ouço batidas no portão...elas não entram, ficam batendo, batendo....e eu embaixo das cobertas, cabeça enfiada nos travesseiros, rezando tudo que é reza, não querendo ouvir...terror, puro terror...mas eu sei...um dia eu vou ter que sair, atender, ver o que a velha senhora quer e pelo amor que tinha e tenho ainda pela minha tia, atender este novo apelo, este novo pedido...terror, puro terror.

Mas engraçado!!! as duas moedas de ouro que é bom nunca mais as vi desde os meus 10 anos....se desta vez eu fôr atender este novo pedido vou querer as duas e mais duas...mas para isto vou ter que conversar primeiro com minha tia e depois com a velha senhora e tentar que minha tia fale com a primeira velha-moça linda e cobrar dela as duas moedas de ouro que ela havia me dado no primeiro encontro ..desaforo!!!! eram minhas, ela me deu..quero-as de volta e se a moda pegar pelo jeito vou ficar rico deste jeito...atendendo pedidos de fantasmas...cruz credo!!!!

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WILLIAM ROBERTO CUNHA
Enviado por WILLIAM ROBERTO CUNHA em 03/11/2013
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