A DESPEDIDA DE UMA SUICIDA.
Ela despiu-se devagar, em devaneio; quando estava nua, escolheu um negligê vermelho vivo para usar, a fim de que o sangue não aparecesse. Dora olhou ao redor pela ultima vez, a fim de certifica-se de que o quarto agradavel, que tanto passara a amar ao longo dos anos, se encontrava arrumado e impecavel. Abriu a gaveta da mesinha de cabeceira e tirou a arma, com todo cuidado. Colocou-a ao lado do telefone e discou para uma amiga.
- Tatiane...senti vontade de repente de ouvir o som de sua voz, querida.
- Que surpresa boa, Dora.
- Espero não estar atrapalhando.
- Que nada amiga, estava lendo. Aprontando-me para dormir. O tempo aqui estar horrivel.
Depois de um tempo em silencio Tatiane falou
- Dora você ainda estar ai? Estar tudo bem?
- Sim, ainda estou aqui, que barulho é esse?
- Estar chovendo forte, com alguns trovões. Mais afinal o que estar acontecendo, sinto sua voz melancolica.
- Nada não só queria ouvir uma voz amiga. - Ela forçou um tom jovial.
- Como você se sente as vesperas do seu casamento? Doralice forçou a voz, para a amiga não perceber que estava as lagrimas.
- Me sinto como uma princesa em um conto de fadas, nunca imaginei que alguém pudesse ser tão feliz, mais já chega de falar a meu respeito. Conteme-me o que estar acontecendo por ai. Como se sente?
- Eu me sinto maravilhosa falando com você.
- Já tem um namorado? indagou Tatiane, meio zombeteira.
Desde que o ultimo namorado a deixou na porta da igreja, ela se refugiou em um mundo só dela.
- Nada de namorados. - Ela mudou de assunto.
Houve uma trovoada mais alta, como uma deixa oportuna dos bastidores. Estava na hora. Não havia mais nada a dizer, exeto uma despedida final.
- Adeus minha querida, Dentre muitas você foi a unica que me aguentou até hoje.
- Eu a verei no casamento Dora. Telefonarei assim que marcarmos a data
- Estar certo. - Havia uma ultima coisa a dizer, no final das contas. - Te desejo toda felicidade do mundo Tati, que seja muito feliz, mais muito mesmo.
Lentamente Dora repós o fone no gancho.
Ela pegou a arma. Só havia uma maneira de se livrar de tanto sofrimento. "Tinha que ser depressa". Levantou a arma para a têmpora e puxou o gatilho.