A cláusula do Diabo. DTRL
O campus da Universidade estava repleto de estudantes esfomeados. Como era próxima a hora do almoço, grupos surgiam de todos os cantos e seguiam para o refeitório e lanchonetes espalhadas pelo pátio.
Santiago buscava com os olhos o colega que conhecera na cadeira de Direito Penal, apesar do tumulto seria fácil achá-lo na multidão, vestia-se com a mesma camiseta do Chapolin Colorado desde a primeira vez que o vira.
Lembrou-se de quando perguntou já pela terceira aula que assistiam juntos por que a mesma camiseta. Sendo que o colega respondeu que era um trato que fizera com o Diabo para ter sucesso na vida e após dito isso riu loucamente da própria piada e completou sem fôlego:
- Eu adorava essa camiseta, agora nem tirá-la posso.
Pensando no momento bizarro, Santiago refletiu sobre a cena várias vezes e percebeu que acreditava. Talvez por algum desespero pessoal mal resolvido que já era bem seu conhecido, sentia que havia alguma verdade. Por isso pediu que o amigo fosse encontrá-lo antes do almoço:
- Santis, tudo bem? - chamou Olavo aproximando-se com sua camisa vermelha e amarela do Chapolin – Que cara é essa?
- Oi! Estou meio angustiado com uma coisa que tu me disse a um tempão.
- O que é? - perguntou distraído enquanto mexia nos bolsos procurando dinheiro para o almoço.
- Sobre a camiseta...
- Que que tem ela? – interrompeu bruscamente agora com atenção total ao colega.
- Hã... tu me falou que era um trato com o Diabo – respondeu diretamente e muito sem jeito vendo a reação do outro.
- Tu realmente quer que eu te conte? - questiona seriamente.
- Sim estou bem agoniado, porque parece tão convincente tu falando.
- Vou começar te dizendo que é verdade, mas vamos nos sentar naquele banco que eu ainda não achei meu dinheiro do almoço – assim seguem e se sentam no dito banco. Santiago fica olhando para as próprias mãos pensando que se isso tudo não fosse real pelo menos o era para Olavo que inquieto e suando contava um bolo de notas de 50 que achou no bolso da mochila.
- Sabe eu tenho o sucesso que pedi, dinheiro, melhores notas, uma namorada perfeita.... - faz uma pausa dramática e continua – Consegui um estágio que paga muito melhor que um emprego na área e outros tantos detalhes.
- É mesmo agora percebo que é bem estranho você tirara sempre a nota máxima nas provas...
- É, mas eu estudo, fui avisado que deveria me esforçar o mínimo para funcionar. - e continua contando as notas de dinheiro.
- Isso é bom... e a camiseta? - perguntou Santiago tocando na ferida da questão.
- A camiseta... fui uma ideia do próprio Diabo, quando o chamei queria saber primeiro se funcionaria a invocação e depois o que seria dado em troca – fez uma pausa respirando fundo – pensei que fosse minha alma e era de uma certa forma...
- Como assim? Continue! - diz ansioso torcendo as mãos.
- Se eu tirar a camiseta, além do sucesso que tive desde o trato se desfazer, morro e minha alma fica pra ele?
- Pro Diabo? - pergunta amedrontado o ouvinte.
- Não pra minha mãe! É claro que é pro Capeta! - responde com maus modos.
- Puxa! E não tira nem para tomar banho ou... transar? -
- Nunca, por isso acho que minha namorada está sob influência do infeliz, ela age como se eu não estivesse usando nada e o mais estranho e quando faço que vou tirar a camiseta, ela acha que estou puxando minha pele.
- Doideira! Mas fora isso tudo está como tu pediu?
- Sim, é só manter a calma. Se tu for fazer um trato tem que pensar bem....
- Por que tu acha que eu quero isso? - interrompeu desafinando na pergunta e o amigo caiu na risada e comentou:
- Tu sempre faz isso quando mente! E ainda quer ser advogado, se não se livras desse tique vai ter que virar promotor e só falar em fatos – e continua com uma risadinha – Você é um homem-feito, pode tomar suas decisões, mas lhe digo que ele é cheio de palavras e ambiguidades, entretanto nunca mente.
- Tá, que seja, me diz como faço para chamar o Diabo. - pergunta Santiago resumindo o objetivo da conversa.
- É só chacoalhar essa bolhinha 6 vezes seguidas com força. - e tirando do bolso interno da mochila entregou para o colega - Boa sorte pra ti. O que tu vai pedir?
- Ainda não pensei nisso – diz esforçando se com o tom de voz – mas acho que sei como garantir que não vou ficar com a mesma camiseta até morrer. Aliás quando você morrer a alma vai pra onde?
- Disse o Diabo que se eu aguentar usar a camiseta por todo a minha vida, ainda continuo responsável por minhas ações e vou pra onde elas me levarem.
- Bom... Opa já é quinze pra uma e nem almocei ainda, tenho aula a uma e quinze. - diz olhando o relógio de pulso.
- Toma um dinheirinho pra almoçar essas notas de 50 estão pesando no bolso – e passando um montinho de notas pro amigo, bate no ombro dele e completa – Pensa muito bem antes de fazer o pedido e também no que tu vai oferecer em troca, veja meu exemplo.
- Vou pensar, e pretendo redigir um contrato detalhado de uma 1.000 páginas esse mês...
- Pra que cadeira? - pergunta o colega brincando e sua barriga ronca com sua própria fome.
- Nem me fale ainda tenho que estudar... nós vemos mais tarde. Vai almoçar com sua namorada?
- Sim... com essa tua ideia eu fiquei pensando que devia ter feito o mesmo... - e sai com um suspiro cansado.
O mês seguinte foi extremamente cansativo para Santiago. Não querendo descuidar dos estudos e redigindo o contrato. Cada cláusula e parágrafo, detalhando diversas formas ao qual seu pedido fosse atendido corretamente. Cuidando ambiguidades e deixando claro os termos.
Resolveu oferecer um talento seu que muito iria lhe fazer falta. Desenhava muito bem, e em seus poucos momentos de folga isso lhe dava muito gosto e contentamento. Conclui que o Diabo por isso lhe causar tamanha falta aceitaria a oferta. Desde aquele momento tentou convencer a si mesmo que poderia conviver com isso. Também pensou que deveria tentar que fosse aceito o contrato tal qual era e manter sempre os mesmos termos ou não fazer trato algum.
Faltava agora imprimir e invocar Satã. Havia perguntado se Olavo queria assistir, ao que o amigo recusou e demostrou um medo crescente de rever o dito cujo. Santiago enviou para o colega o contrato e pediu que o ajudasse a achar falhas e duplos sentidos. Nisso o amigo o ajudou com toda dedicação como se fosse para ele mesmo.
Com todos os preparativos prontos, escolheu uma noite qualquer e fez o ritual. Sacudiu a bolinha 6 vezes e nada aconteceu. Sentou-se no sofá decepcionado pensando quando iria aparece um homem de terno envolto em uma nuvem de fumaça cheirando a enxofre, como imaginou que seria. Cansado de esperar foi a geladeira e pegou uma cerveja e começou a se sentir um idiota enquanto lentamente bebia.
Até que a campainha tocou. Assutado quase derramando por tudo a cerveja, foi até a porta, chegando a pensar que era Olavo vindo assistir. Deparou-se com um entregador de pizza totalmente uniformizado com cara de 16 anos de idade e cheio de espinhas. Logo disse ao entregador:
- Ninguém pediu pizza! - ia fechando a porta quando impedindo com a ponta do sapato o rapaz disse:
- Achei que seria mais educado trazer algo para comer... - e prossegui com um olhar de interesse – Hum... cerveja, me traz uma. - Entrou porta a dentro deixando a pizza em cima da mesa de jantar.
- Casinha legal! - comentou ante a súbita mudez de Santiago – A propósito meu nome é Lúcifer, prazer.
Santiago olhava embasbacado a mão estendida e ficou com receio de tocá-lo, parecia também que sua língua se tornara um monte de cimento em sua boca. O Diabo vendo a situação pareceu levemente irritado e comentou:
- Que foi? Minha aparência lhe incomoda? Pois eu tiro as espinhas e vamos conversar e comer pizza. - sentou-se sem ser convidado no sofá de dois lugares e continuou – Vamos, feche a porta e traga aquela cerveja que pedi!
- Caramba! - conseguiu dizer Santiago fechou a porta e saiu correndo para cozinha atender o pedido, antes de voltar a sala foi ao quarto e pegou uma pasta grossa. Sentou-se ao lado de Satã, cauteloso, ambos ficaram emparelhados e se encarando com expressões estranhas e um tanto vesgos, pois o sofá era apertado.
- Posso? - perguntou o Demônio erguendo uma sobrancelha e retirou o contrato das mãos do rapaz. Pareceu se divertir da situação e levantando subitamente com o contrato nas mãos anunciou:
- Vou me embora ler esse contrato, posso ser Diabo, mas não engulo 1005 páginas só de segurá-las e assim seguiu para porta.
-E a cerveja? - perguntou Santiago que agora que se recuperou do susto e estava pronto para negociar.
- Tome-a você que está precisando. - e saiu porta a fora com Santiago observando confuso. E rapidamente o entregador de pizza subiu na sua bicicleta motorizada cheia de adesivos da tele-entrega, pedalando saiu pela rua mal iluminada desaparecendo de vista quando dobrou a primeira esquina.
Assistindo a aula do dia seguinte Santiago não parava de pensar que fora uma armação por parte do amigo. Não conseguira falar com ele após a saída do entregador. Ligou no celular, para casa dele, mandou e-mail e recados no blog de Direito.
No fim da aula uma professora o chamou para conversarem nos corredores. Primeiro perguntou se ele havia recebido alguma notícia de Olavo e depois começou com uma expressão triste a contar:
- Sei que vocês eram muito amigos e queria contar de outra forma, mas não sei quem mais poderia somente alguns professores ficaram sabendo por parte da namorada dele e dos pais que estão desde ontem velando... - para com a voz embargada, sentindo falta do melhor aluno que já tivera em sua disciplina. Não conseguindo mais continuar e vendo a expressão de surpresa e tristeza que se instalara no rosto de Santiago não segurou as lágrimas que escorreram pelo rosto.
- Ele morreu? - perguntou em voz alta de súbito querendo uma confirmação do que já sabia, alguns alunos reuniram-se curiosos em volta deles querendo saber quem morrera. Lentamente a professora concordou e recuperando o fôlego contou que o aluno fora assaltado na noite anterior e o ladrão rasgara o tórax do rapaz, que caiu no chão e ficou gritando por socorro segundo diz o taxista que o socorreu e levou para o hospital - e continua a contar com cada vez mais alunos e alguns professores formando um grande grupo - disse que não tinha sido só um corte, que o assaltante tinha cortado todo o peito dele e até a camisa que ele estava usando ficou em farrapos tanto que ele tirou e deixou na calçada...
- Preciso ir... - sussurrou em choque Santiago não aguentando mais ouvir e saiu empurrando os ouvintes. Correu pelos corredores procurando um local para ficar sozinho. Até que achou uma sala vazia. Assim que fechou a porta atrás de si começou a sacudir a maldita bolinha de invocação e a berrar que o Demônio viesse pois tinha quebrado o trato e levado um inocente. Tanto gritou que acabou rouco e ninguém o ouviu, pois nenhuma servente que aproveitava as salas sem aula pra limpá-las apareceu.
Passado o momento Santiago voltou para buscar suas coisas que deixara na sala que estava antes do intervalo. Assim que chegou e começou a juntar seus livros e caderno, apareceu a professora que lhe contara o acidente:
- O Reitor está lhe esperando na sala dele é a primeira a esquerda assim que sair das escadas do 3º. andar – dito isso ficou observando o aluno e perguntou – O que houve?
- Como o que houve tu acabou de contar que Olavo se acidentou? Esqueceu?
- Aquele aluno que andava com a mesma camisa esquisita do Chapolin? O que aconteceu com o coitado? - pergunta confusa vendo a expressão indignada do outro.
- O que aconteceu? Como tu esqueceu o melhor aluno... com melhores notas... e que tu acabou de contar como tinha morrido para um monte de gente! - responde aos trancos quase gritando.
- Mas o Olavo estava quase reprovado nas matérias e nem vinha na maioria das aulas. Tu está muito transtornado... andou usando drogas? Deve ser por isso que o Reitor quer falar contigo... - e virando as costas saiu da sala com ar aéreo. Vendo aquela reação estranha, Santiago saiu da sala e subiu as escadas de três em três degraus certo que havia um toque demoníaco na situação.
Chegando a sala do Reitor sem bater na porta girou a maçaneta e entrou. Deparou-se com um homem de seus 50 anos de idade vestido com um smoking e uma cartola em pé atrás da escrivaninha.
- Você! - grita Santiago e pula por cima da mesa almejando tentar enforcá-lo. No instante que sente sair do chão seus pés, percebe o corpo batendo com estrondo na parede atrás da escrivaninha sem nada agarrar com as mãos. Levanta ensandecido e com um cansaço súbito segura-se na cadeira que estava afastada da mesa e senta observando o homem que está a sua frente sorrindo. O Diabo contorna a escrivaninha e olhando contente fala com tom complacente que se usa com as crianças:
- Trato é trato. Olavo não pediu invulnerabilidade – e com um sorriso crescente que nem cabia mais no rosto completa calmamente – Queres falar das suas tristezas e angustias procure a Igreja... queres discutir o nosso contrato estou ouvindo.
- Não... não quero mais trato algum! Esqueça o contrato...
- Tenho que interrompê-lo! Um ótimo contrato o que tu fez. Não seria horrível desperdiçar essa chance? Já que não podes mais me chamar – e com isso Santiago viu a bolinha, que havia soltado assim que vira Lúcifer atrás da mesa, flutuando entre eles e desaparecendo em uma nuvem de fumaça em espiral. O Diabo diz para o rapaz que este tem tempo para pensar enquanto estiverem naquela sala e nisso com a exaustão que sentia Santiago pensava desesperado em uma forma de usar seu pedido como vingança.
- Eu... - diz Santiago e respira fundo tomando coragem – eu imagino que tenha concordado com as cláusulas e visto que não coloquei o pedido central especificado já que não havia decidido ainda e somente as garantias que ele fosse atendido sem que me prejudicasse e o que já está explícito nessas páginas.
- Vejo que podemos falar agora, que agradável... - e puxando para si uma cadeira senta-se e continua – Sim concordo com a maior parte, mas gostaria de colocar uma cláusula referente a minha parte...
- Nem pensar! Com isso podes colocar algo que desfaça sua obrigação... - interrompe bruscamente o rapaz.
- Não é como pensas, vou apenas colocar uma linha que me garante sua alma no caso de morte natural ou por acidente e mais algum outro detalhe. - interrompe de volta não mais sorrindo.
- Pode escrevê-la, mas tenho que ver e não pode modificá-la de forma alguma! Jure! Já que sei que não pode mentir! - responde exaltado pensando rapidamente.
- Verdade. Não posso mentir e não vou... e juro pela minha condição de Diabo que eu jamais mudarei uma linha se quer desse parágrafo depois de escrito – e fazendo o sinal do escoteiro com a cara mais deformadamente inocente que conseguiu jurou o que era pedido.
- O que peço é que fique eternamente sem poder fazer trato algum com quem quer que seja e os tratos que já fizeste não possa mais levar a alma das pessoas que fizeram o trato ou que foram oferecidas em troca...
- Mas isso me dá muito prejuízo! - indignou-se o Demônio mostrando uma cara espantada que até agora não havia demonstrado e prossegue recuperando-se de sua falsa indignação em um tom de suplica - Não posso ficar sem meus pactos e tens que ver que nem todos são boas pessoas que pediram favores em troca de algo e as almas que conquistei não as deixo!
- Pelo menos das pessoas inocentes que foram enganadas, inocentes digo que não tem uma intenção prejudicial em relação aos outros, e que as que também foram enganadas anteriormente não possam ter suas almas levadas... – e vendo que tanta ambiguidade no que dizia abria margem pra várias interpretações, pegou de papel e caneta e fez um anexo ao contrato que tentava com o máximo que seu cérebro cansado conseguia raciocinar. Terminadas as 12 páginas escritas a mão frente e verso e grampeadas ao contrato como foi possível. Depois leu cuidadosamente a parte que Lúcifer havia adicionado a mão e esse resmungou:
- Tu podes fazer mais cláusulas e o pobre Diabo nada além de uma... - e com um suspiro termina – Está bem, concordo com seu pedido contanto que minha cláusula permaneça e tudo que foi falado e acertado aqui nessa sala seja considerado no pacto.
- Bem... hã... é isso – responde exausto Santiago e sem que pudesse mais nada dizer é abandonado pela figura sombria de Satã. Que lembrando o que fora dito no primeiro encontro capricha no desaparecimento deixando uma nuvem densa e com cheiro de enxofre para trás. O rapaz ficou um tempo sonolento sentado na cadeira ao qual entrou em um pequeno transe devido ao encontro perturbador.
Passadas algumas semanas a Universidade entrou em período de férias e alguns poucos estudantes circulavam por causa dos cursos oferecidos nessa época. Santiago ficara muito mais feliz por ter feito o pedido em prol de outras pessoas do que para si mesmo e ainda pensava se havia deixado alguma ponta solta. Só que o momento parecia cada vez mais distante e confuso.
Lembrou-se do seu amigo. No velório não compareceram mais que dez pessoas, sendo os familiares mais próximos, alguns colegas e a namorada. Ao qual Santiago descobriu que Olavo conheceu antes de fazer o trato e está ainda lembrava dele sem todo o sucesso inexplicável que o envolveu. Conversaram um pouco, viu que ela amava o amigo, também percebeu que tudo que esse conquistou no tempo do pacto sumiu da mesma forma que apareceu. Ninguém o lembrava como o homem de sucesso que se tornou.
Caminhando pelo campus praticamente vazio, sem rumo certo e com o olhar perdido, o rapaz sentia muita tristeza. Em um instante alguém passou do seu lado muito perto a ponto de esbarrar. Assustando-se Santiago voltou-se em direção ao vulto desconhecido que lhe disse:
- Trato é trato... - e sem mais lhe passou uma pasta grossa e no momento que o rapaz olhou para a pasta a figura sumiu da sua frente. Sentou-se no banco mais próximo que achou e abriu ansioso a pasta que era obviamente uma cópia do seu contrato. Havia uma carta perdida entre as páginas. Retirou-a do envelope sem nome e começou a ler para si em voz baixa:
Querido Santiago,
Venho informar que com muito gosto persisti em manter nosso trato até o presente momento. De acordo com o que havíamos combinado no último encontro, nenhuma alma a mais conquistei e deixei algumas que estavam enquadradas, no estipulado pelo anexo, livres de punição. Repito agora minhas palavras que disse logo que me pedistes o juramento, para que vejo que sou justo:
- Verdade. Não posso mentir e não vou... e juro pela minha condição de Diabo que EU jamais mudarei uma linha se quer desse parágrafo depois de escrito.
Deixei por bondade da minha parte permanecer com o que me pedistes, por pura boa vontade, visto que não era necessário cumprir mais nada assim que outro mudasse a linha daquela cláusula e anulasse minha obrigação. Assim feito, logo após sair teatralmente da sala do Reitor, pedi ao meu secretário, muito letrado, que fosse adicionados termos que anulassem seu pedido e mais um que, acho indispensável para compensar o tempo perdido lendo o contrato e suas atitudes que muito ofenderam minha sensível personalidade.
O termo em questão me concede sua alma. E ao contrário do que pensas referente as páginas 855 à 877 não estou o prejudicando ou fazendo algo que não concordes, visto que na cláusula que me concedeste anulei essas partes incomodas.
Sendo assim com sua assinatura no contrato original e uma rubrica nas anulações ao qual não deve se lembrar, entrego essa cópia mostrando minha amizade por sua pessoa. Nos encontraremos no fim de sua vida, ao qual nada farei no decorrer dela deixando nas mãos de Deus que com razão há de protegê-lo como fez ao seu amigo Olavo.
Sem mais, do sempre seu, Lúcifer.
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Autora Alda M. J. D.
Escrito em uma quinta-feira 17 de outubro de 2013.