O assovio mortal
Passava da meia noite e Liza ainda estava acordada. Ela assistia a um filme na sala de estar, enquanto que o seu namorado dormia no quarto. O telefone toca e ela foi atender.
- Alô.
Do outro lado da linha ninguém nada falava, apenas assoviava. O assovio era como se fosse um vento gelado passando entre os galhos de uma velha árvore com poucas folhas.
- Alô. Disse ela novamente.
O assovio continuava, mas dessa vez, o som que ela estava escutando a agradara de alguma maneira. Ela olhou no identificador de chamadas e percebeu que conhecia o número do telefone. Ela olhou pela janela e viu que o telefone do orelhão que ficava na esquina onde ela morava estava fora do gancho. Ela estranhou, voltou a colocar o telefone dela no ouvido e o assovio continuava.
Intrigada, ela desceu as escadas, abriu o portão e olhou para a esquina onde ficava o telefone público. O telefone ainda permanecia fora do gancho.
Um leve sopro de vento que vinha de onde estava o telefone chegou até onde Liza estava e trouxe consigo o assovio que a encantava. Sem pensar duas vezes, ela foi em direção ao telefone. Ao passar pela casa da dona Maria, um cachorro soltou um uivo horripilante e as luzes de todos os postes da rua se apagaram um após o outro.
O coração de Liza começou a bater cada vez mais rápido, mas ainda assim ela seguiu firmemente em direção ao orelhão. Ela chegou no orelhão, pegou o telefone em sua mão e colocou no ouvido.
- Alô.
De súbito, ela sentiu alguém a abraçando por trás e uma mão gelada repousou sobre o seu peito esquerdo. Ela ficou paralizada por alguns segundos e voltou a si quando sentiu que no lado direito do seu pescoço alguém sugava o seu sangue. De medo ela gritou.
O grito dela, misteriosamente ecoou até o quarto onde o namorado de Liza estava. Assustado, ele olhou pela janela e viu uma pessoa no orelhão da esquina. Ele procurou por Liza no apartamento e não a encontrou. Ele olhou novamente pela janela e como a noite estava clara, percebeu que era a sua namorada, pois ela estava usando uma blusa que ele tinha dado a ela. Ele desceu as escadas o mais rápido que pode, abriu o portão que dava para a rua e olhou para o orelhão da esquina. Liza estava no chão. Ele correu na direção dela e ao passar pela casa da dona Maria, o cachorro soltou outro uivo horripilante e isso o amedrontou.
Quando ele chegou onde Liza estava e a pegou em seus braços, ele percebeu que do lado direito do pescoço dela tinham dois pequenos furos e isso o preocupou. Quando ele abriu a boca para pedir ajuda, uma mão o impediu de fazer tal coisa. Ele estava frente a frente a um ser que só existia nos contos de terror e ele viu a morte dentro dos olhos do vampiro Mazdor. O namorado de Liza ouviu um agradável assovio e em questões de segundos, ele jazia no chão.
As luzes dos postes voltaram a funcionar e o cachorro da dona Maria escapuliu pelo portão e foi em direção onde estavam os corpos de Liza e seu nomorado. O cão se sentou em frente aos corpos e começou a uivar. No entanto, havia tristeza no uivar do cão, pois ele tentou, sem sucesso, avisá-los do perigo que corriam e eles não entenderam o horripilante uivo que poderia ter salvado suas vidas.