“O retorno de Valquíria”
O retorno após a morte – terceira e ultima parte
Mauro esta com medo, a noite de hoje esta fria e chuvosa, ao sair do colégio, ele passa na livraria do senhor Gil e vê um homem sentado nos fundos da livraria, o escritor escreve a historia “O retorno de Valquíria” curioso; ele se aproxima do homem que esta escrevendo. Mauro toma um susto; - minha nossa, eu estou contando esta historia. O que o senhor escreve ai esta acontecendo, o senhor pode mudar a historia? O escritor levanta a cabeça lentamente, eleva os óculos aos olhos, fita o moleque e diz; - não, eu não posso mudar esta historia, o mal reina na terra, e as pessoas precisam encontrar o caminho do bem para se livrarem do mal, eu apenas escrevo, mas a historia é real. O escritor baixa a cabeça e começa a dedilhar as teclas barulhenta de sua velha maquina de datilografia, pobres humanos! Por certo as próximas ações de Mauro já estavam sendo impressa nas linhas sangrenta do Escritor.
“Choram as flores dos bosques e jardins, por saberem das maldades cometidas por aquela que responde pelo nome de valquiria, sendo elas; flores tão lindas e delicadas”
O retorno após a morte – O espírito de Valquíria retorna do inferno.
Mauro chega a sua casa com a sensação de pavor, ele esta com síndrome de perseguição, Mauro se sente perseguido, como se alguém lhe implorasse para não contar suas historias.
Mas isso é impossível, as coisas fugiram de seu controle.
Mauro sente-se manipulado por uma força abstrata, ele olha para um velho relógio de parede para que possa marcar a hora de reunir os moleques da vila.
Mas agora, ele não tem tanta convicção quanto a assustar os moleques, pois ele mesmo esta muito inseguro, assustado mesmo.
Ao olhar o relógio; mais um susto; - à hora não passa, faz tempo que eu olhei para este maldito relógio e ainda é 19h00, à noite já esta a porta e os ponteiros não se movem.
Um arrepio levanta os míseros pelos do braço do garoto.
Mesmo sem saber das horas, ele liga para a molecada e marca, a meia noite vamos contar a historia da falecida, venham todos com suas lanternas, tragam sal grosso e cruzes.
Da janela de sua casa é possível ver a livraria que fica na rua de baixo.
Incrível, tem alguém lá, deve ser o escritor, velho idiota, vou fazer tudo diferente, quero ver se ele manda mesmo na historia, pensa Mauro! Já é bem tarde, as corujas já gritam nos galhos, os moleques devem estar chegando.
Mauro olha para o relógio, ele tem esperança de que os ponteiros tenham se movido, mas inútil, estavam no mesmo lugar.
Ele pega seu material e vai ao encontro dos moleques que já se reúnem embaixo da velha arvore.
Ao sair, ele da a ultima espiada para o relógio, os ponteiros disparam, e afixam bem em cima do numero doze.
Mauro sai em disparada; - minha nossa, o que foi isso? Ao chegar junto aos moleques, Mauro esta eufórico, quase sem fôlego, os moleques lhe perguntam; - viu fantasma? Sim, reponde Mauro quase sem voz. – vamos começar a historia, trouxeram tudo que eu pedi? Sim, nos não somos bestas de ser devorado pelo demônio da Valquíria, responde um dos moleques.
A historia começa:
Mauro sente sua memória ser manipulada, como se alguém lhe colocasse as palavras nos lábios, sua mente não titubeava, as palavras eram frases feitas, mal sabem os moleques que o escritor manipula a mente de Mauro, nem mesmo Mauro sabe disso.
Na mesma noite em que Valquíria morre com mais de setenta por cento de seu corpo queimado, Ribeiro entra em choque, na sua mente um sentimento forte o domina, um desespero toma conta do homem que outrora perdeu a esposa e agora a filha, mas o que o atormenta mais; é lembrar-se das coisas ruins que esta adoção lhe causara.
Das idéias de sua filha, que apesar de tudo, era amada como tal.
Antonio sai da casa de Pedro por volta de uma hora da madrugada, ele passa na casa de Ribeiro esta com uma luz acesa, já faz dias que Valquíria morreu, e o rapaz sente de passar na casa de Ribeiro para conversar com ele.
Antonio pensa; - quem sabe ele precisa desabafar, vou ate lá levar um ombro amigo.
Ao se aproximar da porta da frente, Antonio sente um forte cheiro de rosas. Ribeiro esta de joelho em frente ao altar de sua sala, ele reza pela alma da esposa e de sua filha.
Antonio bate na porta; posso entrar, um silencio mórbido no local.
Ele insiste; - posso entrar senhor Ribeiro? O homem se levanta, lentamente, vai em direção a porta que Antonio se encontra.
Ribeiro carrega um crucifixo na mão.
Ao tocar a maçaneta para abrir e deixar Antonio adentrar a sala.
Antonio ouve um gemido, este gemido vem da parte de cima de um móvel velho no canto da sala.
Ao olhar para cima, Antonio vê Valquíria em decomposição olhando para ele com os olhos esbugalhados.
Com voz rouca, como a um cochicho, ela diz; vai embora, você não é bem vindo, vai embora maldito fofoqueiro.
Valquíria faz gestos mencionando sair de cima do velho móvel, e seu odor é semelhante a uma sepultura velha e aberta.
Antonio assustado chama atenção de Ribeiro, que não esposa qualquer reação. Ribeiro parece estar sob efeito psicose.
Antonio corre para Traz e ouve gritos de Valquíria, vou matar você, vou mandá-lo para o inferno para pagar pelo que me fez.
No outro dia, Antonio encontra com Pedro e conta-lhe o que aconteceu, Pedro esta por demais feliz, ele diz que conheceu uma bela moça e que a noite de hoje vai ser a melhor.
Pedro nem presta atenção no que diz Antonio.
Ao encontrar com a jovem e linda mulher, Pedro a leva a um bar.
A noite é uma criança, tudo esta indo muito bem.
Por ser muito tarde.
Mauro interrompe a historia e se despede dos moleques.
No caminho de volta pra casa, Mauro passa na livraria para pegar um livro sobre historia de terror, lá estava o velho escritor.
Mauro o cumprimenta, o escritor não lhe responde nenhuma palavra, apenas levanta a pagina atual.
E lá esta Mauro se despedindo da molecada, Mauro se assusta, menciona correr, mas o velho escritor diz; - calma você ainda não viu nada, da uma olhadinha aqui, na próxima linha.
- Não, não, isso não pode acontecer, eu não vou fazer isso com Pedro.
A noite passa, o dia passa e novamente os moleques se reúnem.
Mauro, sem controle, mais uma vez inicia: Pedro leva a moça para um motel, à noite tudo acontece entre Pedro e a mulher gostosa que lhe fez perder a cabeça.
Após uma exaustiva, mas deliciosa relação, a mulher se levanta e vai em direção ao Toalete do quarto, Pedro olha nas costas dela e contempla marcas profundas de queimaduras, como se fossem cicatrizes, mas são feridas abertas, pedaços da carne da mulher caem no chão na seqüência dos passos dela.
Pedro pula fora da cama, o que é isso? O rosto da mulher em decomposição vira num ângulo de cento e oitenta graus para olhar Pedro, os olhos do fantasma saltam da orbita ocular.
Pedro tenta correr, mas cai no corredor do prédio.
O fantasma de Valquíria vem caminhando em sua direção, agora com aparência composta, ela tem um fósforo aceso na mão e o joga sobre Pedro que rapidamente se inflama em chamas ardente.
Pedro grita, mas os ocupantes dos quartos do motel, nada fazem, todos estão mortos, infartados.
Um amontoado de corpos nus e podres no velho e iluminado prédio de motel. Mauro sente-se mal, seus nervos estão em frangalhos, mas não consegue parar de falar, seus lábios proferem palavras construídas de forma proféticas, os moleques ameaçam fugir.
Mauro esta enfeitiçado, diz um dos moleques.
Mal sabem eles que o escritor domina a situação.
A historia tem que continuar, o desejo do escritor é dominante no desfecho do livro, um livro maldito que levara a muitos ao pavor.
O espírito de Valquíria se vingara de todos, apenas uma alma pura, um inocente pode parar a insanidade deste espírito maliguino que vagueia entre os vivos.
Mauro descobre isso ao receber de forma anônima uma carta, uma carta escrita por alguém que não pode ser descoberto, sabe como parar o escritor que tem a missão de eliminar todos os que se envolveram com Valquíria.
Mauro lê a carta e procura pelo bom e puro ser que o ajudará a eliminar o mal que devasta a pequena cidade.
Antonio para com seu carro no posto de gasolina, Mauro olha o rapaz que lhe parece bom moço, Mauro se aproxima de Antonio os olhares se cruzam, parece que mauro sente ter encontrado um bom espírito.
Os dois se falam.
A situação é peculiar, mas as coisas se encaminham.
Ao se aproximar de Antonio; Mauro – engraçado, você se parece com alguém que meu pai tinha amizade há alguns tempo no passado.
Antonio – depende, eu sou um velho morador desta cidade, meu pai conheceu muita gente por aqui.
Lembra do velho contador de historias de terror? Era meu pai, seu maior sonho era ser escritor, mas morreu num acidente estranho, as pessoas dizem que foi uma mulher misteriosa que o matou.
Dizem que é o espírito que fugiu do inferno e vem dominando as mulheres a uns cinqüenta anos, a mulher mais jovem que este espírito tomou foi uma professora, por nome Valquíria.
Mauro tomou um grande susto, como assim, você conheceu a Valquíria, sim, confirma Antonio, ela matou meu amigo.
Mauro conta a Antonio sobre o escritor.
Antonio curioso pergunta; como é o tal escritor? Mauro o descreve e os dois vão à livraria.
Lá esta o homem. Porem, Antonio não o vê.
Apenas Mauro! O pavor de Mauro quanto à presença do velho escritor se esclarece.
Antonio orienta Mauro a pedir informações sobre o passado do escritor, assim Antonio pode ter certeza de que se trata da presença do espírito de seu velho pai.
Mauro não consegue convencer o escritor a dar informação de como enviar o espírito de Valquíria ao inferno.
Mas Antonio trai a memória de seu pai, ele lembra como seu pai se livrava dos espíritos e ensina Mauro.
A meia noite ambos vai ao cemitério onde os restos mortais de Valquíria fora enterrado, lá, os dois desenterra a mulher e ateiam fogo sobre ele, eis que vem sobre eles um vulto negro amedrontador, mas logo atrás deste vulto, vem a imagem do escritor, nesta hora, Antonio vê seu pai, mauro contempla a cena, algo que ele nunca tinha visto em sua pouca idade.
O escrito segura em sua mão um pergaminho, e ao ver o corpo de Valquíria ser queimado, ele olha para Mauro, com lagrimas nos olhos rasga o pergaminho e diz; minha historia acabou, mas ainda tinha um ser para ser vingado.
Você me interrompeu.
Ao terminar a frase, o fantasma do escritor se dissipou escuridão adentro. Mauro – de quem ele falava? Antonio – dele mesmo, ele queria se vingar do espírito que o matou, mas você interrompeu por isso ele não revelava a ninguém seus escritos. Mauro – você sabe quem me mandou a carta? Antonio – sim, foi o espírito de minha mãe.
Agora, ela e papai estarão juntos e em paz. O padrasto de Valquíria também encontrara paz em vida, pois sua esposa morta por Valquíria se sente vingada.
O espírito maliguino voltou ao seu lugar cativo no inferno.
Mauro lança a cavadeira no chão e vai caminhando com Antonio em direção ao portão do cemitério, e aos poucos se escondem na escuridão da noite fria.
FIM
“Contar historia é revelar seu desejo de como gostaria que fosse o mundo, ou de que forma a justiça poderia existir, por isso; seja convincente, por mais ingênuo que seja. Seja convincente!”