A ESTÓRIA QUE CONTEI PARA MEU NETO - O SONHO II

- Vô, me conte uma estória.

- De terror ou de "terrir"?

- De terror, vô, das boas, de fazer ter pesadelo.

- Tá, vou contar, mas sua mãe vai me matar pois a última que contei, não te deixou dormir direito. Aí vai.

Um menino de 16 anos, chamado Antero, estava no muro de sua casa soltando pipas(Empinando papagaio).

A tarde já caía e uma chuva fina se iniciava. Antero não viu, mas pisou em um fio desencapado que estava sobre o local, recebendo uma forte descarga elétrica. Imediatamente, desequilibrou-se e projetou-se ao chão, batendo fortemente a cabeça. Alguns segundos após à queda, sua alma retirou-se de seu corpo e ele levantou-se, enrolou a linha em seu carretel, baixou a pipa que soltava e dirigiu-se para casa. Bateu na porta de entrada, mas sua mão atravessou a mesma e depois de algum tempo, seu Tio, irmão de sua mãe, veio abrir a porta e não viu ninguém, fechando-a em seguida. Antero já estava dentro de casa, tentou falar com seu tio o ocorrido, em vão. Então, subiu as escadas, dirigindo-se ao seu quarto. Quando abriu a porta e entrou no quarto, este já não era mais seu conhecido. Era um grande salão cinza, com cadeiras da mesma cor à sua volta. Um senhor de túnica branca, cabelos grisalhos e barba por fazer, lhe apareceu. Antero impaciente, logo abordou-lhe e disse: - O senhor pode me explicar o que estou fazendo aqui? A resposta foi imediata: - Você morreu e está aqui pois era um menino muito desobediente. Deverá permanecer aqui por muito tempo. Antero ficou irritado e sem acreditar no que o senhor lhe disse, começou a caminhar pelo salão cinza, com portas e janelas de igual tom de cor. Parou, diante de uma janela, a abriu, desobedeceu as ordens do Senhor e pulou. Iniciaram-se, então, vários movimentos, como se fossem vôos, Antero estava literalmente no ar, junto às nuvens, braços e pernas cadenciadas como uma canção regida com o auxílio de um metrônomo. Lá ia ele, sentia-se bem, voando à céu aberto, de vento em popa, quando de repente passou-lhe próximo um pedaço pequeno de gelo e em instantes posteriores, outros muitos pedaços, que foram aumentando de tamanho, intensidade de velocidade e em seguida aconteceu a colisão. Uma enorme placa de gelo o abalroou e projetou-lhe a quilômetros de distância do ponto em que estava. O impacto foi imenso e Antero caiu de pé, em um grande campo esverdeado, gramado, com árvores frutíferas, porém, Antero estava congelado. E ali permaneceu pelo final da tarde, toda a noite e de manhã, quando o sol raiou, o gelo se desfez, virou água, deixando Antero molhado e sujo, por ter feito as necessidades fisiológicas em suas vestes. Então resolveu tirar as roupas e caminhar por aquele interminável campo, cheirando à rosas. No caminho novamente encontrou aquele senhor, de túnica branca, do quarto cinza, e lhe perguntou: - Senhor, porque não consigo ver meus pais, meu tio, minha família? O Senhor lhe respondeu: - Quando você pulou da janela do Purgatório e chocou-se com uma grande placa de gelo, teve sorte, pois o gelo era do bem, se fosse o gelo do mal, você não viria para cá. Continue caminhando que encontrará o seu lugar correto para a vida.

Antero, inteiramente nu, obedeceu o Senhor e permaneceu caminhando por horas e horas até que ao final do dia avistou de longe uma casinha pequena. Correu, aproximou-se da casa que era bem simples, parecida com a sua. A porta estava aberta e ele entrou. Lá dentro encontrou uma escada que dava para os quartos no andar de cima. Subiu a escada, avistou um quarto, igual ao seu e entrou. Sobre a cama de solteiro estavam, bem limpinhos, um short e uma camiseta que ele reconheceu seres seus e imediatamente os vestiu, deitando-se, em seguida, na cama, pegando no sono.

Pela manhã, foi acordado por sua mãe: - Antero, anda, acorda, vai lavar o rosto, escovar os dentes e vem tomar café.

Beliscou-se, e aí percebeu que estava vivo.

Por Jaymeofilho.

21/09/2013.

Jaymeofilho
Enviado por Jaymeofilho em 21/09/2013
Reeditado em 06/02/2015
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