A menina que via fadas

Ela sempre gostou de brincar no jardim onde seu avô cultivava flores de muitas cores e formatos.

Passava horas ali com suas bonecas, inventando histórias enquanto o avô cuidava do jardim.

Aquele era um paraíso secreto, um mundo mágico, cheio de cores e aromas que encantavam.

Muitas vezes, ela dormiu com a cabeça no colo de seu avô, quando ele se sentava sob as sobres dos arbustos mais altos para descansar.

Assim ela passava os dias de sua infãncia. Brincando, sorrindo, vivendo uma fantasia nova a cada dia na companhia de seu velho avô.

Um belo dia pela manhãzinha, quando acordou e saiu para o jardim, após tomar seu lanche, encontrou seu avô sorrindo como criança.

Ela cmeçou a rir também, mesmo sem saber de que.

Riu o riso fácil de uma criança feliz.

Seu avô lhe deu um beijo de bom dia e cochichou em seu ouvido:

- As fadas voltaram ao jardim. Eu as vi agora a pouco. Mas não conte a ninguém.

A menina riu. Mas parou de repente ao perceber que seu avô não havia achado graça.

Não era brincadeira. Ele havia visto fadas. Era possível isso.

A menina não sabia. Mas perguntou:

-Será que poderei ver as fadas também vô??

- Se você acreditar, eu acho que sim. Mas somente amanhã cedinho. Hoje elas já se foram. Você vai gostar delas.

A menina acreditou. E ansiosa como estava foi dormir até mais cedo, para chegar o outro dia logo e ela poder ver as fadas.

Acordou até mesmo antes que seu avô. Que logo estava em pé também.

Tomaram um lanche rápido e lá se foram eles para o jardim.

Se sentaram na grama próxima às flores. O cheiro das flores invadia as narinas. Borboletas iam e vinham, abelhas passeavam e pássaros voavam e cantavam uma música tão bonita quanto aquelas flores.

De repente seu avô disse com muito entusiasmo e um sorriso nos lábios:

- Ali, olhe, junto àquelas flores. Estão lá. Está vendo?

A menina olhou para as flores e depois para seu avô.

Ela não via nada. Somente as flores.

- Eu também não a vi da primeira vez, elas tem de sentir que você acredita nelas. Mas estão ali. Com certeza. Eu as vejo, são bem pequenas.

A menina chegou a pensar que seu acho estava inventando aquilo tudo.

Ela ficou decepcionada. E mais dois dias se passaram sem que ela visse as fadas.

Mas aquele domingo, quando ela já estava desistindo de ver as tais fadas, algo aconteceu.

O avô teve de insistir para que ela o acompanhasse. Com muito custo, ela foi.

- Hoje você vai conseguir vê-las. Você vai ver.

E fora para o jardim. Não demorou para os olhos de seu avô brilhar, ele estava vendo a fadas.

A menina jásem esperanças olhou para onde seu avô estava olhando. E para sua surpresa lá estavam elas.

Vários serem pequenos sentadas sobre as flores, outras voando. E eram lindas, pareciam bonecas.

Por fim seu avô olhou para ela e disse:

- Só os inocentes as enxergam. Sua pureza de criança e sua fé. por muito tempo fiquei sem vê-las.

Adultos sempre perdem a inocência.

Muitas vezes mais eles foram ver as fadas. E esse período foram as lembranças que ela nunca esqueceu.

O tempo passou, ela ficou adulta, seu avô faleceu quando já estava bem velhinho.

Ela não viu mais as fadas.

Bem, pelo menos até a semana passada.

E hoje ela está ansiosa, pois irá mostrar as fadas para sua neta.

Mas ela sabe que não terá muito tempo de vida depois.

Mas está feliz por novamente ver as fadas e poder mostrar para sua neta inocente.

É bem cedo ainda, mas as duas estão lá, bem no meio do jardim.

E a menina que via fadas, está agora mostrando as fadas para outra menina.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 20/09/2013
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