“O retorno de Valquíria”
A professora - segunda parte
- E agora? Pergunta Lucas ao Mauro.
Mauro – agora? Bem, agora vamos para casa, amanhã eu continuo. Se quando menina era malvada, imagina ela adulta! Quero ver a molecada molhar as calças, diz Mauro e sorri!
No outro dia – Ao chegarem à casa da arvore, Lucas percebe um clima diferente. Mauro havia preparado um cenário especial para contar a segunda parte da historia de Valquíria.
Um a um os moleques vão chegando, como combinado; eles trazem velas, fósforos e sal grosso para o espírito de Valquíria não os pegarem.
À noite esta clara com um pálido brilho de lua, algumas corujas gritam chorosas nos galhos secos.
Parecem querer participar da historia de Mauro.
Numa manhã de quarta feira, a freira Madalena, Irmã da paz; como era conhecida, adentrou a sala onde Valquíria ministrava sua aula.
Embora ainda fosse manhã, a aula já havia se iniciado e a Professora não realizou a reza como era de costume naquela época, a irmã da paz, não se conforma com a falta de religiosidade de Valquíria.
Sem contar, que a professora esta sempre envolvida em questões que vão contra os costumes da igreja.
No corredor do prédio da escola, vai Antonio e Pedro, Pedro – viu? Viu a professora do Primeiro ano? Ela tem as pernas mais lindas que eu já vi.
Antonio – me deixa fora das tuas observações obscenas, esta professora não é de brincar.
O que foi? Esta com medinho? Disseram-me que ela gosta de brincar com fogo; diz Antonio.
Antonio comenta; eu quero ficar vivo, bem vivo e longe dela.
Valquíria saindo da sala ouve a conversa dos dois rapazes e observa Pedro, ela vê nele um excêntrico candidato a suas maldades, ela não o deseja como homem, mas o deseja ver sofrer.
Ela deixa cair seu livro de historia contemporâneo e finge ser um acidente para que o rapaz o pega, assim ela terá motivos para iniciar uma conversa, Pedro cai feito patinho, Antonio se despede do amigo e sai apressadamente se desculpando por não ficar junto do amigo, mas ele estava mesmo é se borrando de medo, Antonio bem sabe do que é capaz a malvada moça, ele já ouviu suas historias contadas por um amigo de seu pai há alguns anos atrás; ele se referia ao pai de Mauro, o contador de historias para a molecada.
Valquíria – hoje vai ter um bailinho na casa de uma amiga, você vai comigo? A gente gosta de um joguinho, vamos; insiste a moça sem dar chance de o Pedro dizer não.
O rapaz aceita!
E por volta das dez horas da noite ela passa na casa dele para pegá-lo.
Valquíria usa um vestido branco e comprido, na cabeça um lenço idêntico a um véu e dirige um velho carro, o mesmo que pertenceu a sua falecida mãe.
Os partem em direção a casa da amiga de Valquíria, ao chegar a casa, Pedro percebe que tem muita pouca gente, a anfitriã vem recebê-los à porta e não demonstra alegria, a festa é meia sem graça.
Pedro logo percebe algo errado, a amiga de Valquíria parecia estar sendo chantageada para realizar a festa.
Numa conversa entre duas amigas, Pedro ouve uma dizer a outra, isso não vai rolar, Pedro se esquiva e esconde-se por de trás de uma coluna para ouvir a conversa. Uma das meninas comenta que Valquíria é apaixonada por um cara trinta anos mais velho que ela.
O que? Indaga uma das meninas; isso mesmo, ela é louca pelo próprio padrasto, ela tem obsessão pelo coroa.
Ate disse que vai engravidar dele, pois sabe que assim o fará feliz, já que sua falecida madrasta não lhe deu um filho, com ela é diferente, eu lhe darei um herdeiro.
A amiga diz a outra ter ouvido isso de Valquíria.
Pedro ouve tudo perplexo.
Neste momento lhe cai a ficha; - to ferrado, pensa Pedro! Ao regresso para casa, já passa das quatro horas da madrugada, Valquiria para o carro numa estreita rua próximo a um bosque, na rua, tem folhas caídas no chão e a beira da estradinha, as valquirias enfeitam a paisagem.
Valquiria olhando para as belas flores comenta com Pedro; sabia que meu nome foi inspirado nas valquirias? Pedro – serio? Ele nem presta atenção nas palavras dela. Pedro esta apavorado e só quer sair logo dali.
Pedro olha mata adentro pela janela do carro, ele tem a sensação de ver algo caminhando em direção ao carro, Valquíria sentindo o medo do rapaz; tenta acalmá-lo; - calma.
O que quer que esteja vindo La da floresta é amigo, ela sorria sarcasticamente, como quem tem a certeza de ter dominado a situação.
Quando um vulto passa na frente do carro e adentra o outro lado da mata a beira da ruazinha.
Pedro se sente refém da bela moça.
Ela tenta seduzi-lo a transar com ela, mas o rapaz não consegue ter animo para isso.
Valquíria aproveita o pavor de Pedro e numa atitude impensada, pega um cigarro e pede para ele ascender.
Pedro – vai fumar aqui? O carro esta fechado, isso pode nos prejudicar a saúde. Valquíria – quem ta apensando em saúde? Eu to pensando em algo quente, muito quente.
O cara se apavora de tal maneira que impensavelmente, se ponha a fugir, desesperadamente correndo em direção ao vilarejo.
Valquíria observa a tudo sem ter reação, apenas esboça um sorriso sacana.
Na próxima manhã na escola, Valquíria ignora a presença de Pedro, ela o encontra e não o cumprimenta, como se ele nunca estivesse com ela.
Na secretaria da escola o pai de Valquíria esta a esperar por ela, ele quer saber o motivo de ela ter chegado tarde à noite anterior, Valquíria não teria nem dormido, e já estava na escola.
Ribeiro esta visivelmente preocupado com a professora Valquíria.
Ela o atende com desdenha, Valquíria se insinua ao Pai adotivo.
Ribeiro se irrita com ela; para de bancar a adulta irresponsável, você não entendeu ainda que a vida não seja feita de brincadeira? Valquíria – eu falo com você em casa, eu estou trabalhando e agora não posso te dar atenção, vá pra casa e vê se me espera como quem espera uma mulher adulta, abra uma garrafa de vinho! Ela diz com gestos sensuais.
Ribeiro estranha a postura da filha, mas ignora a idéia de ela estar com segundas intenções com ele.
De repente ela sai da sala da secretaria com uma preocupação; apesar de ignorar Pedro, ela precisa terminar com ele o seu assunto, afinal; Pedro poderia causar-lhe problemas.
Naquela próxima noite, Pedro precisa morrer, ela tem uma idéia,
E precisa por em pratica.
Pedro teria contado ao seu amigo o que teria acontecido, ela não pode ser desmascarada.
Antonio teria encontrado se com Pedro e ouvido o desabafo do amigo.
Agora Antonio ameaça de contar a historia na escola.
Não teria nada demais, nada que a motivasse a matar Pedro, nada aconteceu.
Não havia motivos para se preocupar, mas o instinto maliguino da moça precisa de uma vitima, e ela sabe que ele conhece suas intenções com o padrasto.
Pedro esta com medo, e não faria fofocas, mas Antonio não gosta dela, e vai tentar desmascarar ela, pra que a direção do colégio a expulse.
Por volta de duas horas da tarde, Valquíria sai do colégio em direção a sua casa, ela encontra seu padrasto sentado no sofá da sala com o fone do telefone no ouvido, ele fala com Antonio.
Ao vê-la, disfarça, mas ela percebeu que as coisas estavam ficando perigosa, seu padrasto já desconfiava que algo ligado a filha teria causado a morte de sua esposa, a historia de Antonio confirmava suas desconfianças.
Neste mesmo momento Valquíria sai apressada em direção a garagem para pegar seu carro e ir encontrar com Pedro, ela quer satisfação por ele ter contado o que ouviu na festa e sobre o que viveu com ela na noite anterior.
Ribeiro foi ter com a filha na garagem e tentar impedir sua partida.
Ao chegar ao local, viu Valquíria pegar gasolina, estopa e material para provocar incêndio.
Ribeiro sabe da obsessão da filha por fogo e tenta impedi-la, mas em fúria, a moça provoca um incêndio e a coisa se descontrola, de tal modo que ao tentar ajudá-la, Ribeiro a derruba sobre as chamas inflamadas de fogo.
A moça cai de rosto no chão e Ribeiro a perde.
Valquíria morre terrivelmente queimada.
Em desespero, Ribeiro ouve uma voz que grita; eu voltarei, e vou me vingar de todos vocês, você será o primeiro, malditos, malditos, ela repetia estas palavras e se perdia no tempo em quanto o corpo belo de Valquíria se funde na fogueira ardente.
Continua na terceira e ultima parte. Valquíria volta como espírito.