Clara
Clara era uma menina muito passiva, não se estressava por nada. Alem de educada e simpática era a beleza em pessoa. Em seu primeiro dia de aula na escola nova ela ganhou um belo olho roxo, de uma de suas coleguinhas de sala, sem uma justificativa concreta (pois Clara não abriu a boca nem para se defender, nem mesmo para acusa-la) a menina levou apenas uma advertência. Clara não conseguia sentir raiva dela, mesmo tentando, nada.
Mas nossa bela Clara guardava um segredo obscuro. Clara tinha dupla personalidade. Não, não era somente uma insignificante dupla personalidade, era realmente uma outra pessoa (que apesar de tudo era apenas ela mesma). Somente Clara podia ver, através de um espelho. Clara odiava espelhos por esse motivo. Sua outra 'eu', para ela era a pior visão que alguém poderia ter; olhos negros por completo, alem de negros grandiosos e profundos, pareciam sempre chorar, e claro, um enorme sorriso que a assombrava mesmo quando não a olhava.
Enquanto Clara se trocava para a escola, ouvia o jornal na televisão que falava sobre a morte de alguns estudantes, seu reflexo conversava com ela. Tentando ignora-la, ela se jogava na cama e começava a gritar com as almofadas de enfeite em seus ouvidos. Sem resultados, apenas seu pai gritando para ela calar a boca.
Uma vez enquanto ela escovava seus dentes, começou a conversar com seu reflexo, e descobriu que ela também havia um nome em especial; Deabrua. Clara tentou não rir, foi o nome mais engraçado que ouvira até aquele dia.
Naquela manhã chegou mais cedo a escola e foi até a biblioteca para pesquisar sobre 'reflexos rebelde', mas via sempre a mesmas coisas escrita; quebrar os espelhos da casa (isso ela já fez, ficou três semanas de castigo sem internet), tampar os espelhos com mantos preto (mesmo não a vendo, Clara podia a ouvir, para ela era uma tortura), entre outras. Ela até mesmo tentou varias formas de suicídio, praticamente todas, mas sempre havia 'alguém' que a atrapalhava. Certa vez ela tentou se dopar de remédios faixa preta que sua mãe, depressiva e com excesso de ansiedade, tomava para conseguir dormir, mas algo a fez vomitar no mesmo instante em que os colocou na boca.
Até que em um dia de suas férias ela desistiu da greve de silencio e decidiu tirar satisfação com Deabrua:
- Deburá...
- Deabrua, pirralha!
Clara odiava a ignorância de seu reflexo, naquele momento teve vontade de voltar a greve se silencio, mas continuou:
- Porque permanece aqui? Não vê que não é bem-vinda aqui?
Seu reflexo deu aqueles risos que só se vê em filmes de terror, Clara estremeceu por completo imediatamente:
- Responda!
- Querida, você que não é bem-vinda aqui!
- O que? Como assim?
- Clara sua ingenua, sou sua outra metade, o mal que residia em você quando era menor, por algum motivo nos separamos e por outro algum motivo eu fiquei presa como a porcaria de seu reflexo!
Ela continuava confusa e assustada, quando ia dizer algo em sua defesa o reflexo voltou a dizer aquelas coisas horríveis:
- Ei, sabe aquela onda de assassinatos que vem acontecendo depois que você mudou de escola? Pois é, foi você que fez aquilo, com minha ajudinha.
- Ah, você só pode estar louca! Eu jamais faria uma coisa dessas!
- Como sou sua metade tenho direitos para sair ao anoitecer com seu corpo, para te 'proteger'.
- Proteger?
- É, eu simplesmente só consigo matar quem você sente raiva, eu pego sua raiva e vou em busca de vingança me satisfazendo de sangue.
- Você é repugnante!
- Não Clara, VOCÊ que é repugnante! Mas isso pode acabar de uma vez...
Clara exitou mas perguntou:
- Como?
- Se nós nos unirmos novamente voltara tudo ao normal. Você pode fazer isso, é só pegar em minha mão e ficará tudo bem.
A voz de Deabrua soava tão doce e meiga, como se ela realmente quisesse se reconciliar com ela mesma, parecia arrependida. Clara continuava confusa, olhou para suas mãos e voltou seu olhar para o de sua metade; tão doce que ela logo cedeu. Deabrua antes de agarra-la pela mão sorriu aquele sorriso novamente, Clara tentou puxar, mas já era tarde demais.
Poucos dias depois, os assassinatos de estudantes foram se duplicando. Clara havia desaparecido, os policiais a deram como morta, por conta dos assassinatos. Não se sabe realmente o que aconteceu com Clara mas dizem que ela ainda esta por ai, pedindo ajuda de pessoas boas.