O Homem na Forca
Pulei com a corda no pescoço, cai em meu arrependimento tardio... Arranhava minha carne na esperança de arrancar o laço que me apertava. Debatia os pés no ar, buscando o chão... Não o encontrei. Me amaldiçoei, foi bem isto que fiz. Me amaldiçoei!
Com os olhos vermelhos enxerguei na porta da geladeira meu bilhete de despedida, destinado ao meu grande amor.
Façanha tola, morrer é uma grande tortura! É angustiante, desesperador terrível... A corda apertada no limite, me arrancando todo o ar e me condenando a minha ultima vontade. O inferno se abre no piso e despenco, com a corda ainda no pescoço. Paro próximo ao chão, esganado... Tento tirar a corda, Satanás ri para mim, ele ri e debocha de meu sofrimento angustiante. Ele dança com suas virgens em chamas e sorri para mim, soltando fumaça de enxofre na minha cara.
O relógio desperta no quarto, eu não vou acordar, não desta vez. Satanás segura em minhas pernas e se pendura, se divertindo como uma criança que ganhou um brinquedo novo. É tarde da noite e o despertador ainda não parou. Minha namorada entra no apartamento para pegar as coisas dela e me vê. Grita, berra e é acudida pelos vizinhos. Alguém desliga o maldito despertador, Satanás para de rir e me tira da corda, me joga em meio ao mar de corpos e sou apenas mais um, mais um coitado que não pode despertar de um sonho ruim.