O Asfalto
Ele andava pela rua. Seus passos eram um mundo de chumbo astral que martelavam todo o seu corpo e reverberavam no asfalto.
Aquele véu de chumbo a sua frente era um labirinto dentro dele e seus sóis acabavam por se chocar, gerando uma forte explosão interna, e esta edificava tentáculos em forma de muros que exibiam sua forma pegajosa e tentavam agarrar-lhe os pés e as mãos.
Seus olhos eram órbitas vazias que exalavam aquele estranho cheiro das suas antigas pupilas castanhas que se perderam na rua dentro dele. Mas a antiga música que aquelas pupilas tocavam, semelhante a uma valsa, ainda soava num volume quase inaudível, insuficiente para fazê-lo lembrar de algo que ele procurava.
Por fim, nem mais a lembrança de procurar algo. O asfalto se tornou ele próprio e agora outros caminham por ele, se perdendo em outros asfaltos...