Max pensava no que Luciano havia falado, aquela maldita charada.
- Não deve procurar a mim. Os fatos revelam tudo, mas o que revelamos não são fatos, não é mesmo, pergunte ao Bernardo, acredite ele saberá onde ela está! – Max repetiu. Olhou para Nádia e ela também analisava as palavras pronunciadas por Luciano.
- Com ele convenceu esses dois a participarem disso? Como Fábio pode tê-los convencido – perguntou Nádia – e o que ele quer dizer com essa charada.
- Nádia? Não são fatos que revelamos! – Max disse entusiasmado.
- O que? Não entendi, Max.
- Nádia, são fotos! – Ele disse: Os fatos revelam tudo, mas o que revelamos não são fatos.
- São as fotos. É claro, Max! As fotos revelam tudo, mas que fotos? - perguntou Nádia. Max logo saiu em direção às fotos que estavam esparramadas. Apanhou-as e levou até Bernardo que ainda pressionava o ferimento de Alex.
- Isso não está bom pai! A ajuda tem que chegar logo – Observou, Bernardo.
- Já chamei a ambulância, estão a caminho – respondeu Nádia.
- Filho, sabe onde fica esse lugar? – Max perguntou, mostrando-lhe as fotos. Bernardo surpreendeu-se com aquilo.
- Essa cabana. Pai, foi lá que a policial me salvou.
- Salvou? Como assim? – Max perguntou – bem esquece, depois você me conta isso, temos que ir pra lá, agora. Nádia, cuide do Alex – Max disse, ela concordou e Bernardo e ele saíram em disparada.
- Vai ficar tudo bem, Alex. Obrigado por me mostrar o que fazer com a arma – Ela disse enquanto ouvia o barulho da porta se fechar atrás deles.
Meia hora depois Max e Bernardo estavam na cabana. Desceram do carro e logo viram a carreta ainda parada no mesmo lugar.
- Então aquelas provas eram para entregar esse pedófilo. Mas por quê? Eles estavam investigando ele.
- Sim, pelo que entendi dei um baita azar de cruzar o caminho dele. Ela só me localizou por causa do rastreador no rádio, todos eles tem um. Vi como ela se comunicava, Alex sempre pensava que ela estava na delegacia, ela tinha um desses telefones fixos que você leva pelo carro. Funciona apenas dentro da cidade, mas é muito bom.
- Então esse idiota enterrava aqui suas vitimas. Eles resolveram enterrar Carla e a menina justamente aqui, mas por quê? – Max se quando se lembrou de algo – Ah não! – ele disse olhando para a roda dianteira da carreta.
- O que foi pai? – perguntou Bernardo.
- É ali! Veja a roda, por isso ela disse que parecia um desabamento, a carreta passou encima delas – Observou Max.
- Deus do céu – Temos que tirar a carreta dali pai.
- Procure uma pá dentro da cabana, vou manobrar a carreta – O assassino havia deixado as pás dentro da cabana, Bernardo a pegou e correu para fora da cabana enquanto seu pai tirava a carreta dali.
Ambos começaram a cavar, não dava para ver nada, mas dava para notar que havia terra mexida por ali – Max bateu com a pá em algo, mas viu que era uma ossada, a mesma que viu na foto.
- Droga! – Ele disse aparentemente enojado com aquilo que deveria ter sido uma criança de não mais que doze anos pelo tamanho do esqueleto. Continuaram cavando até que Bernardo sentiu sua pá bater contra algo oco.
- Achamos, pai! – Bernardo disse empolgado enquanto Max permanecia apreensivo. E se Carla não estivesse viva? E se a menina tivesse morrido? -Mas continuaram cavando até descobrirem todo caixão.
Max abaixou o ouvido até a madeira e chamou por Carla, mas ele não ouvia nada – Droga ela não responde, ele pensou.
- Precisamos remover a tampa – Disse Max – Ele então forçou a lateral da tampa com a pá, Bernardo fez o mesmo da outra ponta e juntos alavancaram a madeira como se as pá fossem pés de cabra. A principio não surtiu resultado mas por fim a madeira rangeu e o caixão se abriu forçosamente.
Max mal pode acreditar que já podia ver parte do corpo de Carla, dava pra der a ponta de algum tecido. Ele abaixou-se e então forçou a tampa com a mão.
- Ajude-me aqui, filho! – ele pediu – Ambos seguraram a tampa do mesmo lado e contaram até três.
- Agora!! – eles gritaram e a tampa se abriu por completo. Max logo se assustou, pois viu a arma caída de lado, Carla estava desmaiada mas ele pode ouvir uma tosse ao fundo. Logo viu um buraco dando para outro caixão. A tosse era fraca mas dava para saber que era de Isadora.
- Graças a Deus! – Ele então olhou para Carla, ela parecia não estar bem – abaixou-se e só restou fazer uma coisa. Carla acordou sentindo a boca de um estranho homem tocando a dela. Sentiu seu pulmão encontrar o ar quente que entrara para espantar da morte que quisera repentinamente habitar ali.
- Max? – Ela perguntou.
- Oi Carla, que bom que está bem. E disse que te tiraria daqui – Ele falou e então a tirou de lá e depois a Isadora. Logo que Carla explicou que aquele era o antigo rancho onde ela e Fábio tiveram seu primeiro encontro, Max entendeu no por que dele colocá-los ali. O rancho havia sido abandonado após o divórcio. Certamente o velho encontrou o lugar e resolveu desaparecer com os corpos de suas vitimas ali. Fábio por algum motivo decidiu entregá-lo.
Uma semana se passou. O enterro de Érika aconteceu, não encontraram o corpo dela, aquilo foi realmente terrível. Isadora estava bem melhor mas ainda senti a ausência da irmã, porém estava feliz por estar com a mãe.
Nádia e Max estavam juntos, e Alex, bem a ultima bala atravessou o corpo e acertou um ponto critico da coluna dele. Ele não sentia mais as pernas, mas estava em tratamento e feliz por terem solucionado o caso, agora ele só pensava em curtir a vida e jogar um bom carteado.
Bernardo enfim voltaria a sua rotina, ainda sentia a ausência da mãe mas estava contente com o pai que tinha, mesmo que a situação financeira de ambos ainda não tivesse sido resolvida. Estavam passando um tempo na casa de Nádia.
Max acabara de sair do banho, estava sozinho em casa aquela tarde, quando o carteiro chegou. Vestiu logo a roupa e saiu de casa. Viu ainda o carteiro, que sorriu para ele.
- Tenha um bom dia senhor, você é um herói! – O carteiro falou. Havia um jornal e uma carta, nada de mais importante. As manchetes ultimamente eram sempre as mesmas.
“O jogo da Forca” assassino é morto pela própria cúmplice. O advogado Fábio, foto a esquerda foi quem arquitetou todo o plano.
Max olhou para aquela manchete, era a primeira vez que publicavam a foto de Fábio. Ele olhou bem para aquele rosto, sentiu uma estranha sensação e caminhou até a mesa pegando um rascunho e uma caneta. Lembrou-se de algo e Escreveu as charadas.
- Quando eu montei naquele cavalo, vi que a sela estava ao contrário. Não, isso é só o principio. Parei num bar, fui jogar baralho e encontrei uma letra a, mas tudo ainda estava ao contrário. Sentei-me e veio uma doutora para terminar com minha agonia, a dama abreviada resolverá essa charada. Aqui ele fala do primeiro encontro, pode ser para deixar claro o local onde ela estava enterrada.
Max não conseguia parar de pensar naquilo.
- Você está cansado, Max. Recarregue suas energias, mas sem orgias, ok? No final ande, e a achará. A primeira coisa que precisa é ter fé. E não se esqueça de começar a rezar, pois isso tudo é uma verdadeira bagunça. Ele disse que eu precisava ter fé? Ele queria que eu a achasse? E eu tive quando tentei salvá-la. Não poder ser!
Max precisava ter certeza do que estava pensando.
- Pra começar ganhei duas gêmeas de presente. Mas só queria uma. Saiba que não sou esse. Sou outro agora, mudei pra poder errar. Ah, depois, quem se importa. Farei o que for preciso para matar o seu rei, pois no fim se não será ele, então quem será? Filho da mãe! Será possível? Ganhei duas gêmeas? Ele só queria uma? Uma filha. Ele disse que é outro, como pode ser isso? Mudei para poder errar. É impossível!
E então ele chegou à quarta charada.
- Aqui há um segredo, e juntos iremos desvendar. O sol já não brilha mais, pois agora é a vez dela. Tire-a dai antes que termine o ar. Ela não está em baixo, mas eu sempre minto. Eu repito, tire-a! Um segredo, juntos iremos desvendar? Ta de brincadeira, Fábio? Tire daí antes que termine o ar, ele disse e repetiu, tire-a. Ele estava torcendo para que eu conseguisse vencer? Não pode ser? – Max parecia estar louco, nem ele mesmo acreditava no que estava pensando.
Temos muito em comum, Max. Dois homens traídos. Dois excelentes pais de família. Dois ou um? Essa é a charada que você precisa decifrar Max. Quanto ao nome, ele está no fim, bem no fundo do oceano. É apenas o começo dessa luta, pense bem, no meio dessa guerra si entrar, saiba que pode ser o fim de suas duvidas. Termina agora, Max. Afinal você é bom? E eu sou mau? Não há vilões nem heróis. Somos todos uma engrenagem, Max. Prepare-se para a verdade e bem vindo a fase V, o jogo ainda não acabou – Dois ou um, a charada que eu tinha que desvendar. Ele mudou para poder errar. Fez tudo isso de propósito. Ele só queria uma delas. Ah meu Deus! Afinal você é bom? E eu sou mau? Meu Deus! O que o Luciano disse. “A morte é o maior prêmio da vida, ela nos liberta” Com a morte de Luciano ele está livre.
Ele sempre percebeu que havia algo desconexo. A forma como Luciano o atacou e ao mesmo tempo a forma como o assassino agia, não eram a mesma pessoa. Débora havia dito;"eu vim te salvar" antes de atirar em Luciano. Ela deveria estar sendo chantageada esse tempo todo enquanto ele estava sendo mantido preso. Provavelmente Fábio o contou toda verdade sobre suas filhas - Max lembrou-se do que Débora contou para Alex - as fotos que tiraram de Luciano quando ele foi afastado da policia, aquilo deve ter sido um aviso, para mostrar do que ele é capaz. E depois ele usou as filhas contra ele para que ele me atacasse, ameaçando a integridade de alguma delas. Deus do céu! - Max pensou abismado com tamanha engenhosidade.
Max não acreditava no que estava vendo. Precisava ligar para Carla e
tirar essa duvida – Caminhou até o telefone e então a viu novamente.
- Mas onde está o selo? – A carta não tinha selo algum; Abriu-a e haviam na verdade dois papéis, ele os desembrulhou e viu que um deles era um bilhete.
“Não posso devolver tudo que tomei de você, Max. Amigos se foram, pessoas boas, pessoas ruins, mas a verdade ao menos veio à tona. Como disse somos todos uma engrenagem. Te devolva todo o dinheiro e bens que lhe foram roubados, com juros é claro. Quanto a Carla espero realmente que ela esteja bem, não a perdoei, como você nunca me perdoará, mas todos devemos ter uma segunda chance e é por isso que o jogo tem que ter regras. Parabéns “amigo”!Como dizem nos games...
Você venceu! – pra não perder o costume. Fim de ligação, Max. ”
O outro papel era um doc transferindo uma enorme quantia em dinheiro para sua conta. Max pegou o telefone e discou o número de Carla, mas ela não o atendeu. Enquanto ele ligava a campainha tocou.
- Carla? – ele disse surpreso ao abrir a porta.
- Não posso acreditar nisso, Max – Ela disse mostrando o jornal para Max. Subitamente Max lembrou-se de quando entrou na casa de Carla e procurou fotos de Fábio e não viu nenhuma.
- Esse não é o Fábio! – Ela revelou assustada.
- Eu sei – Max disse olhando para a foto.
- Você sabe? – ela perguntou.
- Acabei de descobrir.
- É o homem que ele conheceu na cadeia. O vi chamando ele de Pastor algumas vezes.
- Pois é. Para mim ele sempre foi o Fábio, Carla. Fábio planejou tudo isso – Max não sabia se tinha mais ódio ou uma estranha admiração pela astúcia incrível de Fábio – nas charadas ele nos conta tudo. Ele diz que são dois, mas na verdade são um. Essa é a maior charada. Ele enganou a todos nós. Érika está viva Carla, está bem. Pelo que entendi ele está se dando outro chance.
- O que? – Carla estava pasma. Sentou no sofá e mal pode acreditar no que ouviu.
- Ele está com ela. Provavelmente fez o mesmo que fez com Luciano. Ele usou todos nós. Deve ter colocado um cinto nela para fazer você acreditar que ela estava morta. Ela está viva!
- Onde ela está? – Carla perguntou ansiosa.
- Ela está com ele – Max falou em tom mais ameno – ele não vai abrir mão dela. Sinto muito.
- Não sinta, Max. Eu estou feliz – ela disse em tom aparentemente sincero e as lágrimas chegaram espontâneas – minha filha está viva, Max. Acredito em você! – ela então o abraçou – Max, é estranho dizer isso, mas assumo minha parcela de culpa. Eu menti, eu fiz ele tornar-se aquele homem, talvez minha filha possa trazer o verdadeiro Fábio de volta.
- Você tem alguma foto dele? - Max perguntou.
- Tenho sim. Trouxe para você tentar reconhecer - Ela disse tirando uma foto 3X4 do bolso. Max olhou a foto e então se lembrou do carteiro o cumprimentando.
Max sorriu, a abraçou e teve certeza de que tudo ficaria bem.
Em algum lugar um avião sobrevoa o céu carregando diabo de asas quebradas. Em algum lugar um anjo representa o pecado, em algum lugar outro anjo será sacrificado, e em algum lugar o amor será enterrado. Mas talvez nada disso aconteça. Talvez um herói apareça e salve a todos, de uma segunda chance para que o diabo desapareça de sua vida para sempre. Deixe que um dos anjos cuide dele. E que o pecado não morra mas apenas seja esquecido, perdoado, e o amor, por mais que imortal seja enterrado em um caixão, no fundo coração do vilão.
Fábio e Érica estavam sentados na poltrona. Érica olhando pela janela, sentindo falta da irmã, mas sabendo que havia tomado a escolha certa ao conter a ira do pai, ele precisava mais dela.
Fábio pensava em Moisés, afinal ele nunca havia lhe falado seu nome verdadeiro. Moisés, Renato, Roberto, ele havia lhe dito que era fácil arrumar identidades falsas, e para ele ser um Fábio não seria nada difícil. Agora Fábio tinha outro nome. Irineu Saraiva, e levava consigo sua filha, Joyce Lavínia.
- Para onde estamos indo pai? – ela perguntou.
- Não importa o lugar. Iremos recomeçar.
Fim!
- Não deve procurar a mim. Os fatos revelam tudo, mas o que revelamos não são fatos, não é mesmo, pergunte ao Bernardo, acredite ele saberá onde ela está! – Max repetiu. Olhou para Nádia e ela também analisava as palavras pronunciadas por Luciano.
- Com ele convenceu esses dois a participarem disso? Como Fábio pode tê-los convencido – perguntou Nádia – e o que ele quer dizer com essa charada.
- Nádia? Não são fatos que revelamos! – Max disse entusiasmado.
- O que? Não entendi, Max.
- Nádia, são fotos! – Ele disse: Os fatos revelam tudo, mas o que revelamos não são fatos.
- São as fotos. É claro, Max! As fotos revelam tudo, mas que fotos? - perguntou Nádia. Max logo saiu em direção às fotos que estavam esparramadas. Apanhou-as e levou até Bernardo que ainda pressionava o ferimento de Alex.
- Isso não está bom pai! A ajuda tem que chegar logo – Observou, Bernardo.
- Já chamei a ambulância, estão a caminho – respondeu Nádia.
- Filho, sabe onde fica esse lugar? – Max perguntou, mostrando-lhe as fotos. Bernardo surpreendeu-se com aquilo.
- Essa cabana. Pai, foi lá que a policial me salvou.
- Salvou? Como assim? – Max perguntou – bem esquece, depois você me conta isso, temos que ir pra lá, agora. Nádia, cuide do Alex – Max disse, ela concordou e Bernardo e ele saíram em disparada.
- Vai ficar tudo bem, Alex. Obrigado por me mostrar o que fazer com a arma – Ela disse enquanto ouvia o barulho da porta se fechar atrás deles.
Meia hora depois Max e Bernardo estavam na cabana. Desceram do carro e logo viram a carreta ainda parada no mesmo lugar.
- Então aquelas provas eram para entregar esse pedófilo. Mas por quê? Eles estavam investigando ele.
- Sim, pelo que entendi dei um baita azar de cruzar o caminho dele. Ela só me localizou por causa do rastreador no rádio, todos eles tem um. Vi como ela se comunicava, Alex sempre pensava que ela estava na delegacia, ela tinha um desses telefones fixos que você leva pelo carro. Funciona apenas dentro da cidade, mas é muito bom.
- Então esse idiota enterrava aqui suas vitimas. Eles resolveram enterrar Carla e a menina justamente aqui, mas por quê? – Max se quando se lembrou de algo – Ah não! – ele disse olhando para a roda dianteira da carreta.
- O que foi pai? – perguntou Bernardo.
- É ali! Veja a roda, por isso ela disse que parecia um desabamento, a carreta passou encima delas – Observou Max.
- Deus do céu – Temos que tirar a carreta dali pai.
- Procure uma pá dentro da cabana, vou manobrar a carreta – O assassino havia deixado as pás dentro da cabana, Bernardo a pegou e correu para fora da cabana enquanto seu pai tirava a carreta dali.
Ambos começaram a cavar, não dava para ver nada, mas dava para notar que havia terra mexida por ali – Max bateu com a pá em algo, mas viu que era uma ossada, a mesma que viu na foto.
- Droga! – Ele disse aparentemente enojado com aquilo que deveria ter sido uma criança de não mais que doze anos pelo tamanho do esqueleto. Continuaram cavando até que Bernardo sentiu sua pá bater contra algo oco.
- Achamos, pai! – Bernardo disse empolgado enquanto Max permanecia apreensivo. E se Carla não estivesse viva? E se a menina tivesse morrido? -Mas continuaram cavando até descobrirem todo caixão.
Max abaixou o ouvido até a madeira e chamou por Carla, mas ele não ouvia nada – Droga ela não responde, ele pensou.
- Precisamos remover a tampa – Disse Max – Ele então forçou a lateral da tampa com a pá, Bernardo fez o mesmo da outra ponta e juntos alavancaram a madeira como se as pá fossem pés de cabra. A principio não surtiu resultado mas por fim a madeira rangeu e o caixão se abriu forçosamente.
Max mal pode acreditar que já podia ver parte do corpo de Carla, dava pra der a ponta de algum tecido. Ele abaixou-se e então forçou a tampa com a mão.
- Ajude-me aqui, filho! – ele pediu – Ambos seguraram a tampa do mesmo lado e contaram até três.
- Agora!! – eles gritaram e a tampa se abriu por completo. Max logo se assustou, pois viu a arma caída de lado, Carla estava desmaiada mas ele pode ouvir uma tosse ao fundo. Logo viu um buraco dando para outro caixão. A tosse era fraca mas dava para saber que era de Isadora.
- Graças a Deus! – Ele então olhou para Carla, ela parecia não estar bem – abaixou-se e só restou fazer uma coisa. Carla acordou sentindo a boca de um estranho homem tocando a dela. Sentiu seu pulmão encontrar o ar quente que entrara para espantar da morte que quisera repentinamente habitar ali.
- Max? – Ela perguntou.
- Oi Carla, que bom que está bem. E disse que te tiraria daqui – Ele falou e então a tirou de lá e depois a Isadora. Logo que Carla explicou que aquele era o antigo rancho onde ela e Fábio tiveram seu primeiro encontro, Max entendeu no por que dele colocá-los ali. O rancho havia sido abandonado após o divórcio. Certamente o velho encontrou o lugar e resolveu desaparecer com os corpos de suas vitimas ali. Fábio por algum motivo decidiu entregá-lo.
Uma semana se passou. O enterro de Érika aconteceu, não encontraram o corpo dela, aquilo foi realmente terrível. Isadora estava bem melhor mas ainda senti a ausência da irmã, porém estava feliz por estar com a mãe.
Nádia e Max estavam juntos, e Alex, bem a ultima bala atravessou o corpo e acertou um ponto critico da coluna dele. Ele não sentia mais as pernas, mas estava em tratamento e feliz por terem solucionado o caso, agora ele só pensava em curtir a vida e jogar um bom carteado.
Bernardo enfim voltaria a sua rotina, ainda sentia a ausência da mãe mas estava contente com o pai que tinha, mesmo que a situação financeira de ambos ainda não tivesse sido resolvida. Estavam passando um tempo na casa de Nádia.
Max acabara de sair do banho, estava sozinho em casa aquela tarde, quando o carteiro chegou. Vestiu logo a roupa e saiu de casa. Viu ainda o carteiro, que sorriu para ele.
- Tenha um bom dia senhor, você é um herói! – O carteiro falou. Havia um jornal e uma carta, nada de mais importante. As manchetes ultimamente eram sempre as mesmas.
“O jogo da Forca” assassino é morto pela própria cúmplice. O advogado Fábio, foto a esquerda foi quem arquitetou todo o plano.
Max olhou para aquela manchete, era a primeira vez que publicavam a foto de Fábio. Ele olhou bem para aquele rosto, sentiu uma estranha sensação e caminhou até a mesa pegando um rascunho e uma caneta. Lembrou-se de algo e Escreveu as charadas.
- Quando eu montei naquele cavalo, vi que a sela estava ao contrário. Não, isso é só o principio. Parei num bar, fui jogar baralho e encontrei uma letra a, mas tudo ainda estava ao contrário. Sentei-me e veio uma doutora para terminar com minha agonia, a dama abreviada resolverá essa charada. Aqui ele fala do primeiro encontro, pode ser para deixar claro o local onde ela estava enterrada.
Max não conseguia parar de pensar naquilo.
- Você está cansado, Max. Recarregue suas energias, mas sem orgias, ok? No final ande, e a achará. A primeira coisa que precisa é ter fé. E não se esqueça de começar a rezar, pois isso tudo é uma verdadeira bagunça. Ele disse que eu precisava ter fé? Ele queria que eu a achasse? E eu tive quando tentei salvá-la. Não poder ser!
Max precisava ter certeza do que estava pensando.
- Pra começar ganhei duas gêmeas de presente. Mas só queria uma. Saiba que não sou esse. Sou outro agora, mudei pra poder errar. Ah, depois, quem se importa. Farei o que for preciso para matar o seu rei, pois no fim se não será ele, então quem será? Filho da mãe! Será possível? Ganhei duas gêmeas? Ele só queria uma? Uma filha. Ele disse que é outro, como pode ser isso? Mudei para poder errar. É impossível!
E então ele chegou à quarta charada.
- Aqui há um segredo, e juntos iremos desvendar. O sol já não brilha mais, pois agora é a vez dela. Tire-a dai antes que termine o ar. Ela não está em baixo, mas eu sempre minto. Eu repito, tire-a! Um segredo, juntos iremos desvendar? Ta de brincadeira, Fábio? Tire daí antes que termine o ar, ele disse e repetiu, tire-a. Ele estava torcendo para que eu conseguisse vencer? Não pode ser? – Max parecia estar louco, nem ele mesmo acreditava no que estava pensando.
Temos muito em comum, Max. Dois homens traídos. Dois excelentes pais de família. Dois ou um? Essa é a charada que você precisa decifrar Max. Quanto ao nome, ele está no fim, bem no fundo do oceano. É apenas o começo dessa luta, pense bem, no meio dessa guerra si entrar, saiba que pode ser o fim de suas duvidas. Termina agora, Max. Afinal você é bom? E eu sou mau? Não há vilões nem heróis. Somos todos uma engrenagem, Max. Prepare-se para a verdade e bem vindo a fase V, o jogo ainda não acabou – Dois ou um, a charada que eu tinha que desvendar. Ele mudou para poder errar. Fez tudo isso de propósito. Ele só queria uma delas. Ah meu Deus! Afinal você é bom? E eu sou mau? Meu Deus! O que o Luciano disse. “A morte é o maior prêmio da vida, ela nos liberta” Com a morte de Luciano ele está livre.
Ele sempre percebeu que havia algo desconexo. A forma como Luciano o atacou e ao mesmo tempo a forma como o assassino agia, não eram a mesma pessoa. Débora havia dito;"eu vim te salvar" antes de atirar em Luciano. Ela deveria estar sendo chantageada esse tempo todo enquanto ele estava sendo mantido preso. Provavelmente Fábio o contou toda verdade sobre suas filhas - Max lembrou-se do que Débora contou para Alex - as fotos que tiraram de Luciano quando ele foi afastado da policia, aquilo deve ter sido um aviso, para mostrar do que ele é capaz. E depois ele usou as filhas contra ele para que ele me atacasse, ameaçando a integridade de alguma delas. Deus do céu! - Max pensou abismado com tamanha engenhosidade.
Max não acreditava no que estava vendo. Precisava ligar para Carla e
tirar essa duvida – Caminhou até o telefone e então a viu novamente.
- Mas onde está o selo? – A carta não tinha selo algum; Abriu-a e haviam na verdade dois papéis, ele os desembrulhou e viu que um deles era um bilhete.
“Não posso devolver tudo que tomei de você, Max. Amigos se foram, pessoas boas, pessoas ruins, mas a verdade ao menos veio à tona. Como disse somos todos uma engrenagem. Te devolva todo o dinheiro e bens que lhe foram roubados, com juros é claro. Quanto a Carla espero realmente que ela esteja bem, não a perdoei, como você nunca me perdoará, mas todos devemos ter uma segunda chance e é por isso que o jogo tem que ter regras. Parabéns “amigo”!Como dizem nos games...
Você venceu! – pra não perder o costume. Fim de ligação, Max. ”
O outro papel era um doc transferindo uma enorme quantia em dinheiro para sua conta. Max pegou o telefone e discou o número de Carla, mas ela não o atendeu. Enquanto ele ligava a campainha tocou.
- Carla? – ele disse surpreso ao abrir a porta.
- Não posso acreditar nisso, Max – Ela disse mostrando o jornal para Max. Subitamente Max lembrou-se de quando entrou na casa de Carla e procurou fotos de Fábio e não viu nenhuma.
- Esse não é o Fábio! – Ela revelou assustada.
- Eu sei – Max disse olhando para a foto.
- Você sabe? – ela perguntou.
- Acabei de descobrir.
- É o homem que ele conheceu na cadeia. O vi chamando ele de Pastor algumas vezes.
- Pois é. Para mim ele sempre foi o Fábio, Carla. Fábio planejou tudo isso – Max não sabia se tinha mais ódio ou uma estranha admiração pela astúcia incrível de Fábio – nas charadas ele nos conta tudo. Ele diz que são dois, mas na verdade são um. Essa é a maior charada. Ele enganou a todos nós. Érika está viva Carla, está bem. Pelo que entendi ele está se dando outro chance.
- O que? – Carla estava pasma. Sentou no sofá e mal pode acreditar no que ouviu.
- Ele está com ela. Provavelmente fez o mesmo que fez com Luciano. Ele usou todos nós. Deve ter colocado um cinto nela para fazer você acreditar que ela estava morta. Ela está viva!
- Onde ela está? – Carla perguntou ansiosa.
- Ela está com ele – Max falou em tom mais ameno – ele não vai abrir mão dela. Sinto muito.
- Não sinta, Max. Eu estou feliz – ela disse em tom aparentemente sincero e as lágrimas chegaram espontâneas – minha filha está viva, Max. Acredito em você! – ela então o abraçou – Max, é estranho dizer isso, mas assumo minha parcela de culpa. Eu menti, eu fiz ele tornar-se aquele homem, talvez minha filha possa trazer o verdadeiro Fábio de volta.
- Você tem alguma foto dele? - Max perguntou.
- Tenho sim. Trouxe para você tentar reconhecer - Ela disse tirando uma foto 3X4 do bolso. Max olhou a foto e então se lembrou do carteiro o cumprimentando.
Max sorriu, a abraçou e teve certeza de que tudo ficaria bem.
Em algum lugar um avião sobrevoa o céu carregando diabo de asas quebradas. Em algum lugar um anjo representa o pecado, em algum lugar outro anjo será sacrificado, e em algum lugar o amor será enterrado. Mas talvez nada disso aconteça. Talvez um herói apareça e salve a todos, de uma segunda chance para que o diabo desapareça de sua vida para sempre. Deixe que um dos anjos cuide dele. E que o pecado não morra mas apenas seja esquecido, perdoado, e o amor, por mais que imortal seja enterrado em um caixão, no fundo coração do vilão.
Fábio e Érica estavam sentados na poltrona. Érica olhando pela janela, sentindo falta da irmã, mas sabendo que havia tomado a escolha certa ao conter a ira do pai, ele precisava mais dela.
Fábio pensava em Moisés, afinal ele nunca havia lhe falado seu nome verdadeiro. Moisés, Renato, Roberto, ele havia lhe dito que era fácil arrumar identidades falsas, e para ele ser um Fábio não seria nada difícil. Agora Fábio tinha outro nome. Irineu Saraiva, e levava consigo sua filha, Joyce Lavínia.
- Para onde estamos indo pai? – ela perguntou.
- Não importa o lugar. Iremos recomeçar.
Fim!