“Corpo gelado”

Dedico este conto aos amigos leitores e escritores que gentilmente vem acompanhando meus contos.

Abraço a todos.

Joel Costadelli.

A insônia me toma de continuo, desde que Isaura faleceu me sinto sozinho neste mundo.

Meus três filhos foram embora.

De que me adianta estar aposentado? Se agora me afogo nas lembranças de um tempo alegre, sinto saudade da casa cheia nos dias de ação de graça, nos dias dos nossos aniversários.

Sinto saudade terrível, me atormentam as idéias de estar só.

Por vezes enxugo as lagrimas nas madrugadas silenciosas do meu quarto escuro.

A saudade de minha esposa me faz pecar, eu vivo em pecado por clamar o retorno dos mortos.

Há Isaura querida, como eu desejo estar contigo.

Tenho percebido que meus pedidos às vezes me consolam, noutro dia senti uma brisa, com este calmo vento veio o perfume de Isaura, pude sentir seu cheiro gostoso pela casa, como se você estivesse a caminhar vestida com uma camisola branca, eu vi a ponta ta tua grinalda adentrar o nosso quarto na manhã de domingo.

Senti certo medo, mas corri de frente para a porta pra ver se você estava deitada em nossa cama de dormir minha querida, mas foi tudo fruto de um desejo tenebroso, pecaminoso deste meu coração inconsolado.

Eu já não consigo mais me controlar, de tanto te desejar, já posso sentir sua presença, não, eu não estou louco, eu estou inconformado e com isso me pincho nos devaneios da minha insanidade.

O quarto escuro, mais uma vez eu aqui só.

Sinto o teu perfume invadir o nosso quarto, tateando a mão em procura do acendedor da luz, sinto o teu corpo gelado, deitado ao meu lado, tua boca entre aberta, tuas palavras embargadas, teu hálito fétido, me incomoda.

Neste momento, me arrependo de clamar tanto por teu regresso, se possível meu bem; descansa em paz.

O dia amanhece! Os visinhos em pavorosa, a mídia divulga a minha morte, causa do óbito; enfarto fulminante, causado por uma enorme gama de adrenalina, medo de assombração!

Descansa em paz meu corpo, aqui é sua alma, liberta, em busca doutro corpo.

Fim

Em breve o conto; “O retorno de Valquíria”

Joel Costadelli
Enviado por Joel Costadelli em 29/08/2013
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