SERES DO OUTRO MUNDO

Chateada, enquanto arrumava a mudança pela 5ª vez, como gostava de mudar esse meu marido, parecia até cigano. E assim eu permaneci naquela sexta-feira de inverno. O vento soprava lá fora, como se quisesse dizer algo. Continuei a arrumar as caixas, pois nos mudaríamos no dia seguinte.

Depois de um dia cansativo, tomei um banho e fui dormir, teria que levantar cedo para a mudança. Meu marido marcou as 8 horas com o caminhão de mudança. Caí na cama e desmaiei, acordei somente no dia seguinte, as 7 horas, com meu marido me chamando:

- Querida! Vamos acorde! Ainda temos muito o que fazer!

E ouvindo alguém chamando-me, voltei subitamente, não me pergunte de onde - não saberia dizer - somente sei que não estava na minha cama.

Fui abrindo os olhos e lembrei, era o dia da mudança, mudança essa contra a minha vontade, se pudesse escolher não iria, mas fazer o que? Tinha que acompanhar meu marido.

Levantei-me, e meu corpo ainda cansado do trabalho do dia anterior, demorei a me situar, finalmente ouvi a buzina do caminhão de mudança, anunciando sua chegada.

Caminhei pela casa observando cada detalhe do meu lar, sim aquele foi o meu lar por muito tempo, cada cantinho da casa tinha minha marca, pois construi a desde a fundação, tudo trazia-me lembranças, lembranças estas que levarei em minha mente e em meu coração para sempre.

- Renata, não fique triste! Você irá gostar do nosso novo lar, será um belíssimo apartamento, sem contar que você pode ter suas plantas na cobertura.

Enquanto meu marido tentava me animar, os ajudantes estavam fazendo a mudança, logo a casa estaria vazia, e uma página da minha vida estaria virada.

Me perdia em pensamentos, enquanto caminhava pela casa, dando meu último adeus. Finalmente voltei de meus sonhos e pensamentos, quando senti uma mão pesada e forte tocar-me no ombro e trazer-me de volta a realidade:

- Vamos querida! A mudança já está no caminhão, precisamos ir.

E ouvindo o som da voz do meu marido segui o até o carro, enquanto caminhava pelo jardim, senti o desejo de virar-me e olhar mais uma vez, aquela que tinha sido a minha morada, lembranças felizes, e que agora eu deixava para trás. Virei-me e despedi-me da minha casa, para nunca mais voltar. Senti lágrimas rolarem pelo meu rosto.

Estávamos nos mudando para um apartamento à beira-mar, da janela via-se o pão de açúcar e o Cristo Redentor, via-se ao longe a floresta da Tijuca, uma paisagem belíssima, mas sei que ainda assim sentirei falta da minha antiga casa.

Enquanto o carro deslizava na estrada seguindo o caminhão de mudança, eu aproveitei para fechar os olhos e recordar a minha estadia naquela casa que deixei para trás. Perdia-me em pensamentos, quando adormeci, acordando com meu marido chamando-me, pois havíamos acabado de chegar.

Ao entrar na portaria do prédio, nos identificamos para o porteiro, que estremeceu ao ouvir em qual apartamento moraríamos. Não entendi direito sua reação. Segui até o elevador, que por incrível que pareça encontrava-se no andar onde moraríamos, e o mais estranho é que no nosso andar só havia o nosso apartamento. Porque o elevador estaria lá? Se não havia ninguém morando lá? Senti calafrios. Chamei o elevador, que lentamente descia até o primeiro andar. Em poucos minutos ele estava diante de nós, abrindo as portas, entramos e subimos. Estranhamente o elevador disparou e em um segundo a porta se abriu e estávamos no vigésimo andar.

Meu marido abriu a porta, entramos lentamente, percorri cada cômodo, tudo parecia normal. Cansada, aguardei toda a mudança subir, isso levou quase o dia todo. Depois meu marido ligou para um delivery, pedindo almoço. Pouco tempo depois, o porteiro interfonou, avisando ao meu marido que o almoço havia chegado. Meu marido arguiu o por que do rapaz não ter subido, mas o porteiro não quis nem falar, porque o porteiro também não subia lá. Enfim meu marido pagou o almoço e subiu, então almoçamos.

Logo toda a mudança já estava no apartamento, resolvemos descansar e deixar a arrumação para os dias seguintes.

Dormi, pois estava muito cansada, certa hora da madrugada fui acordada por um estranho barulho, que parecia vir da sala. Lentamente, levantei e caminhei até o aposento, e para minha surpresa vi uma senhora, baixa e gorda, que olhava fixamente pela janela. Estranhando aquela mulher ali, caminhei até o interruptor e acendi a luz, estranhamente ela desapareceu. Procurei por toda a casa, mais nem vestígio dela, fui até a porta e certifiquei-me de que a mesma encontrava-se trancada. Retornei para o quarto e dormi até de manhã.

No dia seguinte contei o ocorrido ao meu marido, que ficou de perguntar ao porteiro se entrou alguém com essas características no prédio.

Bem, já que mudei vou me adaptar ao apartamento, então começarei a arrumar essa bagunça e colocar o lar em ordem. Arrumei o que pude naquele dia, juntamente com meu marido que não foi trabalhar.

Ao final do dia o apartamento já tinha aparência de um lar, o que não conseguimos arrumar jogamos nas dependências da empregada. Meu marido levou as plantas para o terraço, e prometeu que no final de semana lavaria a piscina.

Após um dia cansativo, fiz um lanche e nós comemos, depois meu marido foi para o quarto dormir, enquanto eu fiquei na sala vendo TV, e acabei adormecendo ali mesmo. Na madrugada acordei subitamente, como se alguém ou alguma coisa me acordou e ao olhar para uma poltrona ao lado vi um homem sentado. Ele era magro, alto, mulato e me observava, me assustei com aquela imagem e ao me perguntar quem era ele, sumiu rapidamente. O medo tomou conta de mim. E fiquei a me perguntar, o que estava acontecendo naquela casa? Porque essas pessoas estão aparecendo?

Levantei e corri até o quarto, me abracei ao meu marido e fiquei ali paralisada, até o dia clarear. Quando finalmente meu marido acordou, contei lhe tudo, que ficou preocupado em ir trabalhar e deixar-me sozinha.

Ora a vida continua e ele precisava ir trabalhar, então eu passei o dia arrumando o que faltava, e esqueci das aparições. Finalmente consegui organizar tudo. Preparei um frango para o jantar e assisti Tv, enquanto meu marido não chegava.

Naquela noite, meu marido chegou tarde, teve que compensar hora no trabalho. Assim que ele chegou jantamos e fomos dormir, naquela noite fui com ele para o quarto, depois do que vi, nem pensar ficar sozinha à noite na sala assistindo TV.

Ao cair na cama logo adormeci, e para minha surpresa, ouvia alguém chamando-me, eu sentia que estava muito longe, enquanto uma voz chamava-me. Lentamente senti que estava voltando por um caminho lindo e florido, podia senti o aroma das flores,o local transmitia paz e deixei me levar e em instantes abri os olhos e quase morro de espanto ao meu lado encontrava-se um menino mulato de aproximadamente 11 anos, quis gritar, mas faltou-me voz. fiquei ali paralisada, como se estivesse anestesiada, via a tudo, porém não tinha o controle do meu corpo. Quase morri de medo, enquanto aquela criança me olhava, e parecia falar algo, mas eu não conseguia decifrar sua fala.

Continua...

Rivanda De Siqueira
Enviado por Rivanda De Siqueira em 28/08/2013
Reeditado em 28/08/2013
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