Na fazenda do meu tio...
As férias, enfim, chegaram. Podia sentir o cheiro delas e curti-las da maneira que eu queria. Como havia muito tempo que eu não via o tio Carlos, decidi ir visitá-lo em sua fazenda que, apesar de distante, era o lugar que eu me divertia e relaxava, simultaneamente.
O meu tio sempre foi muito galanteador, e não me surpreendi quando avistei uma morena alta e simpática sentada em seu sofá, com um sorriso de satisfação a olhar-me. Era a Marta, a nova namorada, ou vítima, do meu tio. Os cumprimentei e logo fui conduzida, pelo caseiro, para o quarto, onde eu dormiria ali pelo menos um mês. O quarto era aconchegante e bonito. Tinha uma grande janela que dava para ver toda a piscina, uma cama de solteiro, porém grande, uma escrivaninha com algumas coisas e um espaço para que eu colocasse meu notebook e um pequeno guarda-roupa, onde minhas coisas e roupas ficariam.
Quando abaixei para pegar meu último par de sapatos para colocar no guarda-roupa, pude perceber que Ricardo, o caseiro, olhava-me. Pedi que ele me desse licença para que eu pudesse tomar um banho e me trocar para descer para o almoço. Obedeceu.
Ricardo era bonito. Era um moreno de cabelos bem lisos, olhos negros como seus cabelos e corpo atlético, mas eu nunca deixaria que me tocasse... Era casado. Os relógios apontaram exatamente meio-dia e quarenta quando desci para almoçar. Todos já estavam na mesa e sorriram quando me viram adentrar pela cozinha.
– Céus! Como cresceu! – exclamou meu tio, fitando-me.
– Continuo a mesma pequena de sempre, tio... – brinquei, descontraída.
– Parece que foi ontem que você andava pela casa tacando lama em mim e me chamando de bunda de caqui. Lembra? – disse tio Carlos, enquanto apertava as bochechas que não possuo.
– Eu lembro, mas você me chamava de piolhenta sem mesmo eu ter piolhos. – todos riram. Torci o nariz.
O almoço fluía bem, conversávamos sobre meu futuro e o que eu queria fazer. Tio Carlos, no auge de seus trinta e cinco anos, muito brincalhão, ainda, ironizava cada palavra minha. Não demorou para que declarasse a guerra de comida. Aceitei na hora. Ele era o tio que mais brincava comigo e o tio com quem eu tinha mais afinidade. Inclusive foi o primeiro que ficou sabendo quando beijei pela primeira vez.
– Olívia Palito, vamos a um jantar hoje às sete. Quer ir conosco? Queria lhe apresentar aos meus amigos de trabalho. Eles querem conhecer a filha que eu não tive. – disse tio Carlos, em meio às garfadas.
– Ai, tio, sei não. Vou pensar no seu caso. Você nem tá merecendo! – falei, dando língua.
– Que abusada! – riu.
– Vamos, Laura, será legal. Lá terá muitas pessoas da sua idade. Se você não gostar, te trago em casa. – disse Marta, simpática, como sempre.
– Aham, vou. Só vou porque a Marta pediu. – alfinetei.
– Filha da puta... – resmungou meu tio.
Quando terminamos, fui para o meu quarto descansar. Deitei e dormi. Quando acordei, já era hora de tomar banho e me arrumar. Já arrumada, desci para encontrar meus “tios”. Seguimos para a festa. Na volta para a casa, conversávamos pelo carro comentando sobre as pessoas, roupas, comidas e músicas. Tudo me agradou. Chegando em casa, nos despedimos e foi cada um para o seu quarto. Na escada, tirei meus saltos e fui subindo de dois em dois degraus, estava exausta!. Abri a porta do meu quarto e dei de cara com Ricardo...
– Que isso, seu louco? O que está pensando da vida? – disse, assustada.
– Fica quieta! – Ricardo tapou minha boca.
Ricardo vinha em minha direção e me empurrou contra a parede, já abrindo o zíper de sua calça. Desesperada, dei um chute no meio de suas pernas, que o fez agachar. Dei outro chute na sua boca que o deixou zonzo. Peguei o lenço que eu havia usado, amordaçando-o. Ricardo, mesmo amordaçado, veio novamente para cima de mim, peguei um canivete que estava sobre a mesa, que geralmente o meu tio usava para abrir cartas e enfiei em seu peito. Com a mão sobre o ferimento, Ricardo afastou-se.
– Vadia! Olha o que você fez. Vai pagar muito caro, garota! – Ricardo fitava a faca em minha mão.
“Ou eu, ou ele. Eu!”, pensava.
Peguei a faca e dei mais três golpes em Ricardo, que caiu no chão morto. Cortei seu corpo em várias partes, evolvendo-as em sacos plásticos firmes para o sangue não escorrer. Coloquei seus restos em minha mala e desci com aquele homem, temendo ser vista por alguém. Segui para o canil e lá fiz a alegria de Bill, Dan e Dolly, que pareciam famintos...