EU AVISEI
Walter, 29 anos, era microempresário, foi de carro à Feira de Tecnologia na cidade do Rio de Janeiro. Tinha pavor de avião, motivo de escolher automóvel para a viagem. Após três dias participando do evento, resolveu pegar a estrada retornando na noite fria e chuvosa. Cansado, na metade do caminho teve ideia de entrar na próxima cidade. O destino era a casa noturna que ele conhecia. Era início da madrugada, oportunidade para espantar o sono, divertindo-se um pouco em tempo da volta ao lar. Queria rever as filhas (antes do horário da escola)... abraçar a esposa.
Walter bebeu, dançou, abraçou, beijou, sonhou...grogue olhou para o relógio, passava das 3 e meia, hora de seguir viagem, pagou a conta, despediu-se prometendo voltar em breve, foi acompanhado até a porta por Helena dona da boate, ele era cliente antigo, a sua presença era garantia de consumo aumentando a margem de lucro do estabelecimento.
Ainda sob efeito da bebida alcoólica, no seu pensamento, logo estaria bem, torceu pra não haver fiscalização da polícia rodoviária, pegou o acesso da estrada, de repente, viu no acostamento 3 mulheres lindas sinalizando para que ele parasse. Walter gostou do que viu, seria melhor estar acompanhado, assim não correria o risco de dormir ao volante. Parou, as mulheres pediram para serem deixadas no trevo da cidade vizinha. A mais bonita se acomodou no banco do carona e as outras ficaram no banco de trás. Entrou na rodovia e acelerou como nunca havia feito antes, sentiu-se à vontade dirigindo sob os olhares das belas mulheres. Pisou fundo, acima do limite de velocidade que a lei permitia. Conversaram , riram, contaram casos, ele agradeceu por aqueles momentos sentindo o perfume que exalava delas, ficou encantado quando anotou o número dos celulares para futuro contato.
Desceram no lugar combinado.
Retomou a estrada em velocidade, ligou o som, começou a cantar alto para espantar o sono, no marcador 140 km por hora..150, 160..continuou cantando The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd...
_Que bela voz você tem...! Ele levou um susto, olhou pelo retrovisor interno e viu a mulher no banco de trás, tinha certeza que ela havia descido, a bela mulher de olhos azuis estava lá, exalando o perfume forte, a voz suave e olhar sedutor sorrindo pra ele.
_Você não tinha descido do carro junto com as outras?
_Não Walter, nós saímos juntos da boate, não lembra, te ajudei entrar no carro, você estava zonzo...
Ele estava vivendo o pesadelo, na sua mente vagas lembranças do que realmente tinha vivido, estava confuso...
_Eu sai sozinho da boate... dei carona pra vocês na beira da estrada, saltaram no trevo, no lugar que pediram.
_Vou refrescar sua memória, você deu carona para duas garotas de programa, tempo todo eu estava no banco do carona, elas sentaram atrás, se insinuaram, na primeira estrada de terra você embicou o carro, fez sexo com elas, mas o seu plano macabro era esfaqueá-las depois do prazer. Conseguiu seu intento, arrastou os corpos no meio do matagal, ficou alucinado, pegou a estrada como louco, em velocidade ligou o som, cantou alto, seguiu como se nada tivesse acontecido...
_Como assim, eu deixei vocês no trevo, no lugar que pediram pra ficar, tenho certeza, quando desceram liguei o som pra me manter acordado.
_ É por isso que você está dirigindo com imprudência, ta fugindo, quer chegar logo em casa, antes do dia raiar , precisa se livrar das manchas de sangue. Você pode diminuir a velocidade, não vê que é loucura o que está fazendo?
_ Não sei do que está falando, a única coisa que penso é chegar em casa, minha mulher e filhas me esperam, por isso estou correndo. -Walter não deu ouvidos, continuou com imprudência, havia pouco movimento na rodovia na madrugada sombria. Mas algumas lacunas permaneciam.
_Você não deveria abusar da sorte, já cometeu os crimes, cedo ou tarde a polícia baterá à sua porta, depois será pior pra você, pense na sua família.
_Olha, não sei quem é você, te deixei no trevo junto com as outras,
quantas vezes preciso repetir? (Ele pensou: isso não pode estar acontecendo comigo, estou delirando, só pode ser pesadelo)
_ Pode diminuir a velocidade, por favor?
_Não, não posso, e se você continuar me perturbando eu vou parar o carro e te largar na beira da estrada, ta entendendo? Não sei quem você é e nem o que pretende, você quer algum dinheiro, é isso, pode falar, esse é seu interesse?
_Não se trata de dinheiro querido, é apenas questão de te alertar sobre a forma que está conduzindo o carro. Não precisava correr tanto assim, é uma pena.
_Olha, quer saber...-Walter olhou no retrovisor e a mulher havia desaparecido.
Walter estava se aproximando da sua casa quando percebeu o movimento fora do comum, porque a rua que morava era tranquila, principalmente nas primeiras horas da manhã, havia carros próximos da sua casa, viaturas da polícia, vizinhos concentrados olhando para a aglomeração formada. Ele estacionou o carro, ligou o alarme e seguiu, tentou entrar da forma mais discreta possível para não ser notado...
Sua esposa estava na sala sentada no sofá aos prantos, parentes, amigos mais próximos tentando consolá-la, pessoas desconhecidas conversando no corredor...
_Kátia, o que está acontecendo? Não houve resposta, viu que a mulher continuou o choro. Estava inconsolável, abraçada com as filhas...
Ele perguntou de novo. Era como se não estivesse ali, ele olhou ao redor e as pessoas lamentando, ninguém se importou com ele. Se aproximou da esposa e tentou mais uma vez...
_Kátia...foi tomado pelo pânico macabro, sentiu algo sinistro, muito estranho no ar, queria falar mas não era ouvido, tentou tocar mas seu toque não era sentido...se perguntou: o que eu fiz? Caiu em si, não havia mais nada a fazer, quis chorar mas não encontrou lágrimas, seu corpo não era seu corpo, o vazio, não sentia o fôlego de vida, o terror no ar naquela manhã.
Olhou ao redor, viu a mulher misteriosa que estava no carro, na sua frente.
_O que ta fazendo aqui, quem é você? Walter sentiu o medo diante dele, o pavor, reconheceu o erro da fatídica pergunta.
_Me chamam de Morte, muito prazer!
Longe dali numa estrada de terra perto da rodovia, no meio do matagal foram encontrados os corpos de duas jovens com perfurações em várias partes do corpo. A polícia havia sido chamada, os peritos examinaram constatando que o instrumento cravado no corpo de uma delas era o tipo de uma espada medieval. A viatura do IML era aguardada. Estava presa no congestionamento devido ao acidente causado por um carro que atravessou a pista contrária em alta velocidade, se chocando de frente com o caminhão...A polícia rodoviária federal viu a garrafa de Johnnie Walker pela metade no assoalho do veículo, sinal que o motorista tinha ingerido grande quantidade da bebida etílica.
Walter, 29 anos, era microempresário, foi de carro à Feira de Tecnologia na cidade do Rio de Janeiro. Tinha pavor de avião, motivo de escolher automóvel para a viagem. Após três dias participando do evento, resolveu pegar a estrada retornando na noite fria e chuvosa. Cansado, na metade do caminho teve ideia de entrar na próxima cidade. O destino era a casa noturna que ele conhecia. Era início da madrugada, oportunidade para espantar o sono, divertindo-se um pouco em tempo da volta ao lar. Queria rever as filhas (antes do horário da escola)... abraçar a esposa.
Walter bebeu, dançou, abraçou, beijou, sonhou...grogue olhou para o relógio, passava das 3 e meia, hora de seguir viagem, pagou a conta, despediu-se prometendo voltar em breve, foi acompanhado até a porta por Helena dona da boate, ele era cliente antigo, a sua presença era garantia de consumo aumentando a margem de lucro do estabelecimento.
Ainda sob efeito da bebida alcoólica, no seu pensamento, logo estaria bem, torceu pra não haver fiscalização da polícia rodoviária, pegou o acesso da estrada, de repente, viu no acostamento 3 mulheres lindas sinalizando para que ele parasse. Walter gostou do que viu, seria melhor estar acompanhado, assim não correria o risco de dormir ao volante. Parou, as mulheres pediram para serem deixadas no trevo da cidade vizinha. A mais bonita se acomodou no banco do carona e as outras ficaram no banco de trás. Entrou na rodovia e acelerou como nunca havia feito antes, sentiu-se à vontade dirigindo sob os olhares das belas mulheres. Pisou fundo, acima do limite de velocidade que a lei permitia. Conversaram , riram, contaram casos, ele agradeceu por aqueles momentos sentindo o perfume que exalava delas, ficou encantado quando anotou o número dos celulares para futuro contato.
Desceram no lugar combinado.
Retomou a estrada em velocidade, ligou o som, começou a cantar alto para espantar o sono, no marcador 140 km por hora..150, 160..continuou cantando The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd...
_Que bela voz você tem...! Ele levou um susto, olhou pelo retrovisor interno e viu a mulher no banco de trás, tinha certeza que ela havia descido, a bela mulher de olhos azuis estava lá, exalando o perfume forte, a voz suave e olhar sedutor sorrindo pra ele.
_Você não tinha descido do carro junto com as outras?
_Não Walter, nós saímos juntos da boate, não lembra, te ajudei entrar no carro, você estava zonzo...
Ele estava vivendo o pesadelo, na sua mente vagas lembranças do que realmente tinha vivido, estava confuso...
_Eu sai sozinho da boate... dei carona pra vocês na beira da estrada, saltaram no trevo, no lugar que pediram.
_Vou refrescar sua memória, você deu carona para duas garotas de programa, tempo todo eu estava no banco do carona, elas sentaram atrás, se insinuaram, na primeira estrada de terra você embicou o carro, fez sexo com elas, mas o seu plano macabro era esfaqueá-las depois do prazer. Conseguiu seu intento, arrastou os corpos no meio do matagal, ficou alucinado, pegou a estrada como louco, em velocidade ligou o som, cantou alto, seguiu como se nada tivesse acontecido...
_Como assim, eu deixei vocês no trevo, no lugar que pediram pra ficar, tenho certeza, quando desceram liguei o som pra me manter acordado.
_ É por isso que você está dirigindo com imprudência, ta fugindo, quer chegar logo em casa, antes do dia raiar , precisa se livrar das manchas de sangue. Você pode diminuir a velocidade, não vê que é loucura o que está fazendo?
_ Não sei do que está falando, a única coisa que penso é chegar em casa, minha mulher e filhas me esperam, por isso estou correndo. -Walter não deu ouvidos, continuou com imprudência, havia pouco movimento na rodovia na madrugada sombria. Mas algumas lacunas permaneciam.
_Você não deveria abusar da sorte, já cometeu os crimes, cedo ou tarde a polícia baterá à sua porta, depois será pior pra você, pense na sua família.
_Olha, não sei quem é você, te deixei no trevo junto com as outras,
quantas vezes preciso repetir? (Ele pensou: isso não pode estar acontecendo comigo, estou delirando, só pode ser pesadelo)
_ Pode diminuir a velocidade, por favor?
_Não, não posso, e se você continuar me perturbando eu vou parar o carro e te largar na beira da estrada, ta entendendo? Não sei quem você é e nem o que pretende, você quer algum dinheiro, é isso, pode falar, esse é seu interesse?
_Não se trata de dinheiro querido, é apenas questão de te alertar sobre a forma que está conduzindo o carro. Não precisava correr tanto assim, é uma pena.
_Olha, quer saber...-Walter olhou no retrovisor e a mulher havia desaparecido.
Walter estava se aproximando da sua casa quando percebeu o movimento fora do comum, porque a rua que morava era tranquila, principalmente nas primeiras horas da manhã, havia carros próximos da sua casa, viaturas da polícia, vizinhos concentrados olhando para a aglomeração formada. Ele estacionou o carro, ligou o alarme e seguiu, tentou entrar da forma mais discreta possível para não ser notado...
Sua esposa estava na sala sentada no sofá aos prantos, parentes, amigos mais próximos tentando consolá-la, pessoas desconhecidas conversando no corredor...
_Kátia, o que está acontecendo? Não houve resposta, viu que a mulher continuou o choro. Estava inconsolável, abraçada com as filhas...
Ele perguntou de novo. Era como se não estivesse ali, ele olhou ao redor e as pessoas lamentando, ninguém se importou com ele. Se aproximou da esposa e tentou mais uma vez...
_Kátia...foi tomado pelo pânico macabro, sentiu algo sinistro, muito estranho no ar, queria falar mas não era ouvido, tentou tocar mas seu toque não era sentido...se perguntou: o que eu fiz? Caiu em si, não havia mais nada a fazer, quis chorar mas não encontrou lágrimas, seu corpo não era seu corpo, o vazio, não sentia o fôlego de vida, o terror no ar naquela manhã.
Olhou ao redor, viu a mulher misteriosa que estava no carro, na sua frente.
_O que ta fazendo aqui, quem é você? Walter sentiu o medo diante dele, o pavor, reconheceu o erro da fatídica pergunta.
_Me chamam de Morte, muito prazer!
Longe dali numa estrada de terra perto da rodovia, no meio do matagal foram encontrados os corpos de duas jovens com perfurações em várias partes do corpo. A polícia havia sido chamada, os peritos examinaram constatando que o instrumento cravado no corpo de uma delas era o tipo de uma espada medieval. A viatura do IML era aguardada. Estava presa no congestionamento devido ao acidente causado por um carro que atravessou a pista contrária em alta velocidade, se chocando de frente com o caminhão...A polícia rodoviária federal viu a garrafa de Johnnie Walker pela metade no assoalho do veículo, sinal que o motorista tinha ingerido grande quantidade da bebida etílica.