A Máquina de Contar Cédulas
Estressado. Há três anos sem as merecidas férias. Estava exausto, cansado de contar o dinheiro do patrão. Trabalhava nos finais de semana e feriados. Não tinha descanso, ou quando tinha, ficava preocupado. Era um escravo do trabalho. Trabalhava naquela salinha fechada, empoeirada e cheirando a dinheiro velho. O ar era desgastado. No calor era um inferno. No frio um gelo. E quando chovia...
pi... pi... pi... (erro mecânico)
- Dinheiro maldito!
pi... pi... pi... (erro longa)
- Máquina do inferno!
pi... pi... pi... (erro curta)
- Argh! Que inferno! Máquina maldita! É só o tempo ficar úmido que essa maldita máquina trava. E esse povo que não sabe cuidar das coisas...
(...)
E assim foi ao longo desses três anos... enchendo-se de raiva... tomando vida...
(...)
Dia 13 de uma sexta-feira, ele chegava, abaixo de muita chuva, para mais um dia de trabalho, com tamanha raiva, pois havia pisado em uma poça e molhado seu tênis novo.
Adentrou àquela salinha ás 6 horas e organizou seu local de trabalho.
Ligou a máquina em exatos 6 horas 6 minutos e 6 segundos...
pi... pi... pi...
Achou estranho o barulho na máquina. Olhou fixamente para ela. E antes mesmo de terminar a primeira palavra de ofensa, ela tinha se vingado: cravou-lhe em sua face algumas polias e roldanas, alguns fios saltaram em seus olhos descarregando uma forte carga elétrica.
Jazia morto, caído no chão, segurando um maço de dinheiro. E no visor da máquina, um comando inválido, “I.S. – 666”.