O Cão dos Vascoville, final

Passam os dias e noites no Vale Vascoville, e com o passar dos dias e noites chegou o verão, época de colheita do milho soja e trigo. Mas a nova estação trouxe novidade, o forasteiro. Nunca jamais em tempo algum o povo escravizado do vale vira pessoa estranha em seu meio e nada poderia ser mais estranho que o estranho forasteiro aos olhos dos Vascovillianos. O homem era muito alto e forte, temeram por suas vidas. E o homem falou.

-Vim de terra distante em obediência a ordem de meu amado e bondoso Rei. Seus conselheiros que tudo sabem e tudo vêem descobriram que nesta terra vive um cão. Tenho ordem de capturar a fera e levá-la viva ao meu amado Rei e senhor. A fera será sacrificada à Deusa das Núpcias na noite do dia do casamento da Princesa Madaluka, primogênita de meu sagrado e amado rei. Separarei do corpo a cabeça de qualquer que tente impedir minha sagrada missão, digam-me onde se esconde a fera, digam-me agora.

Os aldeões nada disseram, todos em gesto que parecia ensaiado apontaram para o alto da colina. Partiu o estranho homem em passos largos em direção a colina. Na medida em que o estranho forte homem se aproximava da colina grande nuvem se formava sobre a propriedade Vascoville, nuvem negra, densa. A base da nuvem era constituída de fogo, bolas de fogo eram lançadas da nuvem sobre o homem que delas desviava-se com destreza nunca vista em parte alguma.

Desapareceu o homem das vistas dos aldeões apavorados, agarrando-se uns aos outros choravam sem saber exatamente o motivo das lágrimas. Gritos e urros assustadores chegaram aos seus ouvidos oriundos do topo da colina, corpos mutilados caiam do céu sobre o milharal, os escravos apavorados corriam desarvorados sem irem a lugar algum, corriam em círculos. A nuvem maligna cuspia bolas de fogo na propriedade Vascoville. Sangue desceu a colina arrastando pernas braços e cabeças.

A nuvem desapareceu misteriosamente. Não se ouviam mais gritos no alto da colina. O povo ainda aos prantos viu o homem alto voltar pisando nos pedaços do que antes formavam corpos. Trazia preso em grossa corrente o Cão dos Vascovilles. Medonha besta de sete cabeças. Disse-lhes então o homem grande: -Percebo agora que todos vocês eram escravos. Não são mais, todos vocês são livres a partir desse dia. Livres para ir onde quiserem ou permanecer neste vale sem medo da maldosa escravidão.

-Livre, o que é ser livre? Perguntou um aldeão.
O homem forte não conseguiu fazer o povo do vale entender o significado da palavra liberdade. Partiu levando o Cão dos Vascoville. Todos os homens mulheres e crianças do vale sentaram-se na terra vermelha de sangue e ali ficaram sentados até a morte de todos eles, pensando, tentando entender o que seria liberdade.






foi o que deu pra fazer com este conto, poderia ter ficado pior



 
Yamãnu_1
Enviado por Yamãnu_1 em 02/08/2013
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