O Entalhador de Lápides

Enfim acabara o meu horário no cursinho pré - vestibular que eu dava aulas, já eram quase 22h00min quando eu peguei a rua do bar do seu Júlio, não estava muito a fim de ir para casa.

Adentrei o local empurrando a antiga, porém bela porta de carvalho do bar, revelando um vasto recinto recheado de mesas cobertas por toalhas vermelhas. Porém estava vazio, o que era comum à noite.

— Boa noite Seu Júlio — Cumprimentei o velho debruçado sobre o balcão — Eu vou querer o de sempre, por favor.

Ele se ergueu do balcão, num sorriso. Era um homem jovial e a idade não lhe roubara a elegância, se virou para a estante atrás de si e, da mais alta prateleira, depois de algum esforço para alcançar, inclinou uma taça de cristal para o lado e a recolocou no lugar, ouvi um “CLACK” e a estante inteira deslizou para a esquerda, revelando atrás de si uma escada de ferro em espiral.

Era esse o pedido de sempre, o salão de jogos no qual fazia o bar ficar deserto todas as noites, depois que desci escada traiçoeira e andei por um breve corredor, abri a porta azul de entrada e fui direto à mesa de pôquer, enquanto me dirigia até lá, passei pela roleta onde Patrão e funcionário faziam rolar dinheiro.

— Aí chefe, essa aí o senhor desconta do meu salário, falou? — Disse um homem de poucos modos, depois de perder uma aposta. O lugar inteiro rompeu em gargalhadas.

— Eaí Paulo! — Cláudio, grande amigo, cumprimentou-me enquanto eu puxava uma cadeira na mesa de pôquer.

Ele puxou um cigarro de dentro do casaco e o fez rolar pela mesa até chegar a mim.

— Você sabe que eu não fumo mais Cláudio — Joguei o cigarro de volta a ele.

Depois disso, o jogo então começou.

Cláudio fez as cartas deslizarem pelo pano verde que cobria a mesa, duas para cada jogador. O homem ao meu lado foi o primeiro a jogar, porém desistiu, lançando as cartas de volta ao meu amigo assim como o outro ao seu lado e também o próprio Cláudio que juntou essas cartas numa pilha separada. Uma bela mulher ao lado dele jogou algumas fichas à mesa e um homem rechonchudo pagou sua aposta, assim como eu.

Na última rodada do jogo eu já havia desistido, só tinha restado a mulher e o homem gordo ao lado dela. Depois de se formar uma grande montanha de fichas no centro da mesa, foi dado o vencedor da rodada, a mulher ganhara.

— Assim é que se faz Helena! Você sabe como levar umas fichas, e além de ser talentosa é uma... bela mulher. — Gracejou um homem com terno risca de giz e chapéu que chegara a mesa, oferecendo um cigarro à moça.

— Oh, obrigada querido, você realmente sabe como lisonjear uma dama. — Retribuiu Helena enquanto o cavalheiro tirava um belo isqueiro metálico do bolso e lhe acendia o fumo entre seus lábios vermelhos.

Dei por mim com o homem que perdeu o jogo segurando a minha carteira de identidade, de olhos fixos nela. Como eu não o percebi pegando de mim?

— Aí cara, ta pensando o que? — Puxei bruscamente meu documento de suas mãos, com um relance quando sua mão se pôs à mostra, percebi calos entre seus dedos e terra sob suas unhas.

Ele ergueu o olhar e me disse de modo sombrio.

— Eu não gostei de você cara, e meu mestre também não. — Depois saiu andando.

Não entendi muito bem o que ele quis dizer, mas antes que eu pudesse pensar a respeito ouvi um barulho estridente, alguém dera uma pancada na porta de entrada e a jogara longe, era a polícia.

— Parados aí, É a polícia! — Anunciou um policial alto, de rosto pálido e magro — Recebemos denúncias de que aqui funciona um salão de jogos de azar — Continuou ele, depois se virou para o tira ao lado, um homem de cabelos acobreados e olhos incertos — É, parece que as fontes estavam certas afin... QUE PALHAÇADA É ESSA AÍ? EU MANDEI FICAREM PARADOS!

Contrariando as ordens das autoridades ali presentes, uma horda de homens avançou contra os sete policiais, mas eram recebidos por golpes de cassetete.

CONTINUA...

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 31/07/2013
Código do texto: T4413080
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