A ESTRATÉGIA DA MORTE
João, José e Pedro eram três bandidos bem perigosos. Começaram com pequenos roubos, nos semáforos, ainda crianças, evoluíram para “trombadinhas” nas praças da cidade, e depois para assaltos á mão armada em postos de gasolina, lojas de conveniência e casas lotéricas. Mataram algumas pessoas e nunca sentiram qualquer remorso por isso. A FEBEM nunca foi capaz de consertar suas cabeças tortas e a cadeia também jamais lhes serviu de corretivo. Eles entravam e saiam dela com a facilidade e a regularidade de quem entra e sai de suas próprias casas.
“ Quem tem dinheiro pode contratar bons advogados”, diziam eles. Por isso não temiam a polícia, nem se preocupavam com possíveis punições por seus crimes, pois nunca ficavam mais que dois ou três meses na cadeia. Afinal, como eles diziam, viviam em um país onde o crime compensa.
Um dia, depois de roubar um posto de gasolina e matar um dos empregados que ousou olhar feio para um deles, eles pararam em um local afastado da cidade, para dividir o produto do crime. Lá deram de cara com o corpo de um sujeito, deitado em baixo de uma árvore. Estava morto. Um garoto estava velando o defunto.
―Quem é esse cara? ― Perguntaram ao garoto.
―Ah! ―, disse o menino. Esse era um ladrão e assassino que vivia matando e roubando as pessoas por aí.
― E quem o matou? Perguntaram os meliantes.
― Foi um cara chamado Zé das Mortes. Ele é um justiceiro que prometeu limpar a cidade de todos os ladrões e assassinos que andam por aí roubando e matando pessoas inocentes.
Os três malandros se entreolharam, preocupados.
― É melhor pegar esse cara antes que ele pegue a gente ― disse João.
―Concordo com você – disse José.
― Eu também – completou Pedro.
―Sabe onde podemos encontrar esse Zé das Mortes? ― perguntaram os bandidos.
―Sei ― disse o menino. ― Vão por essa estradinha de terra ai, até encontrar a primeira encruzilhada. Depois entrem á esquerda e logo vão ver uma casinha branca, de portas e janelas amarelas. É lá que ele está morando.
Lá se foram os três bandidos pelo caminho indicado pelo garoto. Andaram cerca de um quilômetro, até chegarem na encruzilhada. Depois entraram á esquerda. Andaram mais um quilometro e logo avistaram a casinha branca, com portas e janelas amarelas.
Com todo o cuidado, e com as armas engatilhadas, eles se aproximaram da casa. Não notando nenhum movimento suspeito dentro dela, eles entraram.
Não encontraram ninguém dentro da casa. Mas em cima da mesa havia uma maleta de couro. Abriram e viram que estava cheia de dinheiro. Havia pelo menos um milhão de reais dentro dela.
Os três bandidos não cabiam em si de alegria.
– Estamos ricos– disse João.
– É muita sorte– disse José.
– Precisamos comemorar – disse Pedro.
– Que tal ir á cidade e tomar umas cervejas para comemorar?- disse João.
– É uma boa idéia– respondeu José.
– Beleza– completou Pedro. – Mas e o tal Zé das Mortes? A gente não veio aqui apagar ele?
– É mesmo – lembrou João. – É melhor fazer o serviço primeiro.
– Tenho uma idéia – disse José. – Vamos fazer o seguinte. A gente fica de tocaia aqui esperando o cara. Enquanto isso, o Pedro vai até a cidade e pega umas cervejas para a gente.
Meio a contragosto Pedro foi procurar o supermercado mais próximo para comprar as cervejas. Enquanto isso, João diz a José.
― Seguinte, mano. Não vamos dividir por três essa grana, não. Quando esse babaca voltar a gente queima ele e fica com tudo só para nós, sacou?
― Beleza mano, boa sacada ― sobra mais para cada um.
No caminho para a cidade, Pedro pensou. “Naquela mala tem uma grana preta. Dá para ficar sossegado um bom tempo. Mas se a gente for dividir por três não vai sobrar muita coisa para cada um. Legal seria ficar com tudo para mim.”
Assim pensando, antes de entrar num supermercado e comprar as cervejas, ele foi à uma loja de implementos agrícolas e comprou veneno para rato. Depois entrou num supermercado, e ao invés de cervejas comprou três garrafas de vinho importado e um saca-rolhas. No caminho abriu as garrafas e despejou nelas o veneno. Fechou-as de novo cuidadosamente e voltou para junto dos amigos.
―E ai, galera? Saca o lance. Ao invés de cerveja eu trouxe uns vinhos de bacana ― disse Pedro. ― Afinal, depois dessa a gente merece comemorar com bebida fina, não é mesmo?
―Genial ― concordaram João e José. ― Abre logo uma dessas!
Enquanto Pedro puxava a rolha de uma das garrafas, José sapecou-lhe três tiros no peito. Pedro morreu em menos de trinta segundos.
―Agora vamos comemorar e dividir essa grana ― disse João. E quando esse tal de Zé das Mortes chegar a gente apaga ele.
– É isso aí – respondeu José.
E beberam a primeira garrafa praticamente de uma vez só.
Nem foi preciso abrir a segunda. Em menos de quinze minutos os dois bandidos estavam mortos, espumando pela boca.
Algum tempo depois Zé das Mortes entrou na casinha. Olhou demoradamente para os corpos dos três bandidos e sorriu, balançando a cabeça. Era o mesmo menino que havia falado anteriormente com eles. Só que desta vez ele estava usando uma longa batina preta com um capuz da mesma cor na cabeça. Por baixo dele se podia ver um sorriso sinistro no rosto esquelético que reverberava á luz da lua. Nas mãos descarnadas trazia uma foice de ceifar. Com golpes certeiros, ele separou as cabeças dos corpos dos três bandidos e saiu com elas, deixando um horripilante rastro sangrento. Até o vento, então sibilante, silenciou para ouvir o riso diabólico daquela criatura, no meio da noite.
João, José e Pedro eram três bandidos bem perigosos. Começaram com pequenos roubos, nos semáforos, ainda crianças, evoluíram para “trombadinhas” nas praças da cidade, e depois para assaltos á mão armada em postos de gasolina, lojas de conveniência e casas lotéricas. Mataram algumas pessoas e nunca sentiram qualquer remorso por isso. A FEBEM nunca foi capaz de consertar suas cabeças tortas e a cadeia também jamais lhes serviu de corretivo. Eles entravam e saiam dela com a facilidade e a regularidade de quem entra e sai de suas próprias casas.
“ Quem tem dinheiro pode contratar bons advogados”, diziam eles. Por isso não temiam a polícia, nem se preocupavam com possíveis punições por seus crimes, pois nunca ficavam mais que dois ou três meses na cadeia. Afinal, como eles diziam, viviam em um país onde o crime compensa.
Um dia, depois de roubar um posto de gasolina e matar um dos empregados que ousou olhar feio para um deles, eles pararam em um local afastado da cidade, para dividir o produto do crime. Lá deram de cara com o corpo de um sujeito, deitado em baixo de uma árvore. Estava morto. Um garoto estava velando o defunto.
―Quem é esse cara? ― Perguntaram ao garoto.
―Ah! ―, disse o menino. Esse era um ladrão e assassino que vivia matando e roubando as pessoas por aí.
― E quem o matou? Perguntaram os meliantes.
― Foi um cara chamado Zé das Mortes. Ele é um justiceiro que prometeu limpar a cidade de todos os ladrões e assassinos que andam por aí roubando e matando pessoas inocentes.
Os três malandros se entreolharam, preocupados.
― É melhor pegar esse cara antes que ele pegue a gente ― disse João.
―Concordo com você – disse José.
― Eu também – completou Pedro.
―Sabe onde podemos encontrar esse Zé das Mortes? ― perguntaram os bandidos.
―Sei ― disse o menino. ― Vão por essa estradinha de terra ai, até encontrar a primeira encruzilhada. Depois entrem á esquerda e logo vão ver uma casinha branca, de portas e janelas amarelas. É lá que ele está morando.
Lá se foram os três bandidos pelo caminho indicado pelo garoto. Andaram cerca de um quilômetro, até chegarem na encruzilhada. Depois entraram á esquerda. Andaram mais um quilometro e logo avistaram a casinha branca, com portas e janelas amarelas.
Com todo o cuidado, e com as armas engatilhadas, eles se aproximaram da casa. Não notando nenhum movimento suspeito dentro dela, eles entraram.
Não encontraram ninguém dentro da casa. Mas em cima da mesa havia uma maleta de couro. Abriram e viram que estava cheia de dinheiro. Havia pelo menos um milhão de reais dentro dela.
Os três bandidos não cabiam em si de alegria.
– Estamos ricos– disse João.
– É muita sorte– disse José.
– Precisamos comemorar – disse Pedro.
– Que tal ir á cidade e tomar umas cervejas para comemorar?- disse João.
– É uma boa idéia– respondeu José.
– Beleza– completou Pedro. – Mas e o tal Zé das Mortes? A gente não veio aqui apagar ele?
– É mesmo – lembrou João. – É melhor fazer o serviço primeiro.
– Tenho uma idéia – disse José. – Vamos fazer o seguinte. A gente fica de tocaia aqui esperando o cara. Enquanto isso, o Pedro vai até a cidade e pega umas cervejas para a gente.
Meio a contragosto Pedro foi procurar o supermercado mais próximo para comprar as cervejas. Enquanto isso, João diz a José.
― Seguinte, mano. Não vamos dividir por três essa grana, não. Quando esse babaca voltar a gente queima ele e fica com tudo só para nós, sacou?
― Beleza mano, boa sacada ― sobra mais para cada um.
No caminho para a cidade, Pedro pensou. “Naquela mala tem uma grana preta. Dá para ficar sossegado um bom tempo. Mas se a gente for dividir por três não vai sobrar muita coisa para cada um. Legal seria ficar com tudo para mim.”
Assim pensando, antes de entrar num supermercado e comprar as cervejas, ele foi à uma loja de implementos agrícolas e comprou veneno para rato. Depois entrou num supermercado, e ao invés de cervejas comprou três garrafas de vinho importado e um saca-rolhas. No caminho abriu as garrafas e despejou nelas o veneno. Fechou-as de novo cuidadosamente e voltou para junto dos amigos.
―E ai, galera? Saca o lance. Ao invés de cerveja eu trouxe uns vinhos de bacana ― disse Pedro. ― Afinal, depois dessa a gente merece comemorar com bebida fina, não é mesmo?
―Genial ― concordaram João e José. ― Abre logo uma dessas!
Enquanto Pedro puxava a rolha de uma das garrafas, José sapecou-lhe três tiros no peito. Pedro morreu em menos de trinta segundos.
―Agora vamos comemorar e dividir essa grana ― disse João. E quando esse tal de Zé das Mortes chegar a gente apaga ele.
– É isso aí – respondeu José.
E beberam a primeira garrafa praticamente de uma vez só.
Nem foi preciso abrir a segunda. Em menos de quinze minutos os dois bandidos estavam mortos, espumando pela boca.
Algum tempo depois Zé das Mortes entrou na casinha. Olhou demoradamente para os corpos dos três bandidos e sorriu, balançando a cabeça. Era o mesmo menino que havia falado anteriormente com eles. Só que desta vez ele estava usando uma longa batina preta com um capuz da mesma cor na cabeça. Por baixo dele se podia ver um sorriso sinistro no rosto esquelético que reverberava á luz da lua. Nas mãos descarnadas trazia uma foice de ceifar. Com golpes certeiros, ele separou as cabeças dos corpos dos três bandidos e saiu com elas, deixando um horripilante rastro sangrento. Até o vento, então sibilante, silenciou para ouvir o riso diabólico daquela criatura, no meio da noite.