A Noite dos Famintos

— Mario... Eu tô com medo – Disse Susane, agarrada no braço do namorado no cemitério municipal, próximo a meia-noite – Acho que a ideia de vir ao cemitério em uma sexta feira 13 pouco antes da meia-noite não foi tão boa assim!

— Relaxa, Susane! Quero te provar de uma vez por todas que essas coisas de fantasma não existem! Data e hora melhor que esta não tem!

Mario tentava engolir o medo, apertava cada vez mais forte a mão da namorada, até chegar as covas recém cobertas:

— Depois desta experiência você será uma nova mulher! Uma mulher sem medos!

Susane fechou os olhos, sentiu no ar o cheiro pútrido. Olhou um barulho suspeito por de trás de um tumulo e viu um cão enorme rosnar, com um braço humano na boca:

— Hááááá!!!!! – Gritou ela em desespero, Mario se aproximou do cão enorme e falou tentando acalmar a namorada:

— Relaxa, minha gata! Esse cão deve ter desenterrado algum defunto pra lhe roer a carne! Fica calma!

Susane não se acalmou. Pensou no corpo desenterrado e se apavorou ainda mais. Mario girou a lanterna nas proximidades e viu a cova aberta:

— Como este desgraçado conseguiu fazer isto? – Se perguntou, visando o morto com a metade do corpo pra fora, com o braço decepado.

Susane gritou quando o cão se aproximou raivoso dela. Mario mirou o farolete nos dois e espantou o bicho, que deixou o braço pra trás:

— Venha! – Disse estendendo a mão para Susane – Quero que veja isto!

Caminharam em direção ao cadáver com a metade do corpo fora da cova. Quando Mario bateu o farolete na cova, teve uma surpresa, o corpo já não estava mais lá.

Seu coração disparou... Susane não entendeu. Ele mirou a lanterna em um vulto e viu o defunto de pé, segurando o próprio braço que o cachorro havia mastigado.

O cão inesperadamente avançou contra o morto, com os dentes afiados em sua jugular. Mario segurou nos braço da namorada e a puxou, tentando arranca-la dali enquanto o cão faminto atacava o morto-vivo.

Os dois correndo por entre as covas, sentiram a terra tremer. Susane engoliu o grito... Mario acompanhou em medo extremo os defuntos levantarem de suas covas, sedentos por sangue.

O cão saiu de cima do defunto abatido e pulou sobre outro, como se sua fome fosse ainda maior que a dos cadáveres. O defunto agarrou o pescoço do cão enorme e rasgou sua jugular no dente... Mario esperançoso se preparou para correr, quando de súbito, foi agarrado por um dos defuntos e mordido no braço... Gritou sendo atacado pelos famintos, enquanto sua amada, perdida em devaneios, lamentava toda sua desgraça.

testemunhou quando a cabeça do namorado foi arrancada... O sangue jorrou em abundância, saciando a fome dos malditos...

Enquanto os famintos estraçalhavam seu namorado, Susane correu desvairada pelo cemitério, onde as covas e túmulos se rompiam, trazendo a tona mais cadáveres sedentos por carne viva!

Em desespero, finalmente chegou até o portão principal. Estava trancado e o muro era alto... Ela olhou para os lados e nada avistou, se sentou no chão conformada, esperando o ataque eminente da corja sanguinária...

Susane esta entregue... Seu grito ecoa atravessando os muros do cemitério, junto com os cadáveres que estão livres para devorarem os vivos lá fora...

Julio Dosan
Enviado por Julio Dosan em 20/07/2013
Reeditado em 20/07/2013
Código do texto: T4395549
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.