O quarto número 13
Naquela madrugada achei que fosse morrer. Minha cabeça começou a latejar. O quarto começou a rodar.
Consegui sair da cama a muito custo e me arrastei até o banheiro onde vomitei tudo o que tinha no estômago, desde o café da manhã até o jantar. E todas as doses se whisky que havia tomado durante o dia.
Tentei voltar para a cama mas o máximo que consegui foi chegar foi até o sofá da sala, onde me joguei como um boneco que despenda do 8° andar de um prédio.
Quando percebi que não iria melhorar me vi obrigado a pedir ajuda, através do telefone, pois não iria aguentar sair e procurar auxílio com os vizinhos.
Liguei para um amigo do andar de baixo que sabia que poderia contar com ele.
E não me enganei, em poucos minutos ele estava lá me ajudando a ficar em pé e me levando para o carro.
Minha cabeça rodava, nem sei por onde rodamos, só sei que chegamos a um hospital, que não conhecia.
Me colocaram em uma cadeira e me levaram através de um grande corredor branco. Meu amigo não me acompanhou, creio que ficou cuidando dos papéis na recepção.
Imaginei estar em um estado de delírio, pois ao entrarmos na sala de atendimento, o médico parecia vestir uma roupa toda suja de sangue e tinha um sorriso bizarro no rosto.
Me analisou como estuda um animal em uma jaula.Sentou-se em sua mesa e prescreveu algo num receituário sujo e en tregou para a enfermeira.
Ela então se dirigiu ao posto médico, preparou a medicação e com uma agilidade que nunca vi, espetou em uma veia de meu braço. Minha cabeça girando, por vezes sumindo os sentidos.
Nos meus delírios percebi que me levavam para um quarto, havia um número 13 na porta.
Quando percebi estava deitado em uma cama bem no centro de um quarto imundo com as paredes sujas e com muito mofo no teto.
Olhei para o frasco pendurado no suporte de onde saia um pequena mangueira que transportava um liquido escuro até minha veia de maneira vagarosa.
Notei que a porta estava fechada e minha cama começava a girar no centro do quarto.Tive medo. E uma sensação muito ruim. como se fosse vomitar novamente.Fechei os olhos.
Quando os abri, vi que o quarto parecia bem maior, como se fosse um grande pátio onde várias pessoas andavam de um lado para outro, alguns arrastavam suportes com soro, ou algo parecido.
Eram todas pessoas bem idosas já, com suas camisolas abertas nas costas, e tinham o rosto expressando dor, angústia e desespero. Pálidos. Extremamente pálidos.
Anadavam de uma lado para outro.E para minha surpresa começaram a se aproximar, fazendo um círculo em volta de minha cama, que a essa altura havia parado de girar.
As imagens daquelas pessoas iam e vinahm, ora desapareciam, depois voltavam.
Fechei os olhos novamente, tentando espantar aquelas visões, mas ao abrir os olhos ainda estavam lá, mas agora estavam apodrecendo. O cheiro da morte e podridão de carne invadindo minhas narinas.
Vi suas carnes se desgrudarem dos ossos caindo ao lado de minha cama. Minha voz não saia e nem conseguia me mexer. Olhei para o frasco e vi que estava no fim.
Para meu alívio a porta do quarto se abriu e vi todos aqueles corpos desaparecem.
Notei então que ainda estava na sala de medicação e iria começar a receber o soro pois estavam me levando pelo corredor. Assustado comecei a olhara numeração das portas.
Eram todos números pares.....8 , 10 , 12.....
Perguntei à enfermeira sobre o quarto 13, ela riu e me disse que a nova administração era supersticiosa e havia proibido todos os números ímpares, especialmente o número 13.
Senti um arrepio, mas fique mais confortado ao entrarmos no quarto de número 26.
Por estranho que pareça a cama ficava bem no meio do quarto.
A enfermeira saiu e fechou a porta. Fiquei ali na penumbra pensando na questão dos números.
Apenas pares..Um vento entrou não sei por onde e me gelou.
A cama começou a girar....Eu não podia ver, mas tinha ceteza que embaixo daquele número 26 havia outro número...
E eu sabia exatamente que número...
Não havia como fugir....
O quarto número 13.
Eu estava no quarto número 13...