Amo-te.

Essa é uma história de amor que começou dentro de um cemitério. Convenhamos que não é lugar nada convencional para se engatar um romance, se não fossem por alguns pequenos detalhes: ele é um zumbi e, ela, uma vampira.

A nossa querida sanguessuga chama-se Charilleynne, uma mulher extremamente linda, inteligente e muito sensual. Completou recentemente 653 anos de idade, mas quem não a conhece jura que ela aparenta ter bem menos. Uns 600, tranquilamente.

Além de aguentar a maldição de um nome tão complexo de se soletrar, a nossa querida vampira sabe que está condenada a passar o resto da eternidade na imensidão da escuridão, sem esperanças, escolhendo vítimas inocentes para saciar a sua sede por sangue.

Um infeliz carma que, mal sabia ela, seria aliviado por uma intensa paixão. E isso aconteceu enquanto ela escolhia flores das sepulturas para decorar o seu caixão.

Distraída no cemitério, escutou um forte barulho vindo de uma cova ali por perto. Saiu correndo com a curiosidade de saber o que era. Chegando lá, ficou entusiasmada com o que encontrou.

Robson era um morto-vivo diferente de todos o que ela já tinha visto nos últimos 500 anos. Sua pele apodrecida e o seu cheiro forte despertavam um sentimento desconhecido naquela mulher.

O zumbi galanteador também ficou encantado com a musa das trevas. Rastejou até ela como se quisesse dizer alguma coisa. Não conseguiu.

“Ele deve ser tímido demais”, imaginou ela. Eles se encararam por alguns instantes. Charilleynne sorriu. Ele gemeu. Ela se aproximou e disse um tímido “oi”. Ele gemeu novamente.

Foi o suficiente para Charilleynne descobrir que Robson era, definitivamente, o homem da sua, digamos, vida.

Começaram a namorar, casaram-se e, o que era para ser literalmente uma eterna lua de mel, de um ano para cá, está virando um inferno.

Charilleynne reclama pela falta de atenção. Robson a acha fria demais. Ele quer sair de dia. Ela, à noite. “É por uma questão de sobrevivência”, grita ela sem sucesso.

Robson não quer compreender nada, por mais que tente.

O interesse que um tinha pelo outro já não é o mesmo. Charilleynne até tenta esquentar a relação no seu momento mais íntimo, mas não tem jeito. Robson só pensa naquilo: em comer cérebros.

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Leandro Luiz
Enviado por Leandro Luiz em 21/06/2013
Reeditado em 27/08/2013
Código do texto: T4351769
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