Pecadores

Peccatori

Quando me chamaram no meio daquela madrugada fria, para ajudar em um caso estranho de assassinato, eu jamais esperava ver aquela cena, que até hoje ainda vem à minha mente quando acordo no meio da noite.

Era uma quinta feira, 2:40 da madrugada aproximadamente, fazia muito frio.

Demorei para perceber que era meu telefone tocando, parecia que estava sonhando e uma campainha tocava longe, achei que fosse alguém na porta, quando por fim acordei assustado.

- Alô, falei ainda sonolento.

- Desculpa te acordar á essa hora mas você precisa ver isso.

A voz familiar me deu o endereço e desligou o telefone.

Fui ao banheiro e joguei uma água gelada no rosto.

Me troquei e sai. Minhas saídas no meio da madrugada não eram novidade para os moradores do pequeno prédio onde eu morava.

Caminhei até meu carro, que ficava sempre na calçada em frente ao prédio.

Ao me dirigir para o local, fiquei tentando imaginar o que poderia tão espantoso que eu precisava ver.

Demorei não mais que 20 minutos para chegar ao local.

Uma casa bem velha onde aparentemente funcionava uma casa de prostituição.

Era um muquifo, em um bairro de má reputação.

Alguns policiais ja se encontravam no local. Algumas pessoas haviam sido levadas para interrogatórios.

A cena que descrevo agora foi o que se apresentou perante meus olhos.

Um home gordo estava deitado bem no centro da sala principal da casa, estava nu, os braços abertos e as pernas trançadas como se estivesse crucificado ao chão, seus olhos arregalados fitavam o teto, como se estivesse vendo algo.

Em sua testa uma palavra gravada a ferro quente: PECCATORI.

Sobre o peito uma biblia aberta. O que chamava a atenção era a biblia ser nova.

E seu pênis havia sido cortado, mas não havia sido encontrado na sala.

O chefe da polícia me chamou para o lado:

- Já viu algo assim? Tão macabro e sinistro?

- Não, não até agora...e você?

- Sim, é o terceiro nesse mês.

Fiquei parado olhando para ele, esperando mais informações.

- Serial kiler? Indaguei.

- Provavelmente, as mesmas características do crime. E as vítimas tinham algo em comum. Você leu a palavra na testa do indivíduo?

- Peccatori?

- Sim, pecador em latim.

- Eram pecadores? perguntei.

- Sim. Ele respondeu. Esse era o dono do prostíbulo. E as outras vítimas eram um assaltante, teve as mãos cortadas, e uma adúltera que teve os olhos costurados.

Senti um arrepio ao imaginar as cenas.

- Pistas?

- Por incrível que pareça, nenhuma, nada. Literalmente um crime perfeito.

.............

Bem longe daquela cena grotesca, um homem alto, magro, de olhos azuis e pele muito branca desembarca no aeroporto. São quase 11:00 da manhã. Ele se dirige a um restaurante e pede um lanche vegetariano e suco de frutas.

A ideia de explorar animais para seu bel prazer não o satisfaz.

Sorri com um olhar simpático para a garçonete. Abre o notebook sobre a mesa enquanto degusta o lanche e espera a conexão wi-fi.

Acessa seu e-mail particular. Lê algumas mensagens.

Abre a janela de bate papo onde algumas pessoas já o esperavam.

Está feito. Ele digitou.

excelente. Foi a resposta de retorno.

O Mestre vai gostar de saber. Outra pessoa respondeu.

Estou indo para outra cidade. Ele digitou.

Todos estão cumprindo com os compromissos sem deixar pistas? Digitou novamente

Sim. Foi a resposta unanime. Sem pistas.

Despediu-se e fechou o notebook.

Terminou o lanche, sorriu novemente para a garçonete. Deixou o dinheiro na mesa, junto com uma boa gorjeta e saiu.

Ele sabia que tinha muitos outroa "trabalhos " a fazer.

Ele e a irmandade tinha que livrar o mundo dos "PECCATORIS".

E ainda haviam muitos.....

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 14/06/2013
Reeditado em 16/08/2013
Código do texto: T4341865
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