“A incubadora do décimo 3º andar”
Meu nome é Clarisse.
Meus pais se separaram e eu fui morar em outra cidade.
Eu estou no primeiro ano de Psicologia, sou uma jovem insegura, embora sonhadora.
Eu não gosto de ficar só.
Não sei por que decidi viver num apartamento sozinha em São Paulo.
Neste momento eu estou dando uma entrevista a um colega da faculdade, ele é do curso de Jornalismo e esta fazendo uma matéria para usar em seu trabalho de pesquisa sobre vidas em outras dimensões.
O prédio que eu moro é velho, os apartamentos têm elevadores antigos e apresentam diversos defeitos, outro dia acordei com uma correria no corredor, uma gritaria, era Lourdinha, uma garota de programa que mora no apartamento ao lado do meu.
Ela é linda, mas os caras da Faculdade que eu conheço, já ficaram com ela, dizem que ela tem manias estranhas, é o tipo que gosta de apanhar quando transa.
Por isso, as pessoas já nem se surpreendem mais quando a ouvem gritar dentro do apartamento dela.
Mas hoje, foi diferente, ela gritava dentro do elevador.
Ao ser encontrada, ela esta em tranzi total, a garota esta em pânico.
Um dos moradores lhe pergunta; o que aconteceu? O elevador travou, apagou as luzes ou o que? Ela mirava os olhos para o teto do elevador, seus olhos de tão arregalados, pareciam querer saltar da orbita.
As pessoas olhavam para cima e não avistavam nada.
O teto esta limpo.
Mas Lourdinha não se mexia, não respondia as perguntas.
Eu não hesitei em olhar na direção que os olhos da garota miravam.
Quase cai de costas.
Havia um gato pendurado na calha de luz, o gato tinha orelhas grandes, olhos vermelhos e dentes enormes, ele demonstrava muito irritado com a presença de tanta gente.
Meus olhos leram os olhos dele, ele queria ficar ali só com a menina.
Percebi que aquele bicho era a forma de um demônio ou uma criatura de outro universo, sei lá.
Eu me apavorei, grudei a menina pelos cabelos e arranquei de La com violência, pois ele se preparava para dar um bote sobre ela.
Ninguém o via. Apena Lourdinha e eu.
Cara eu precisava agir rápido, ele era um demônio e ia entrar no corpo dela.
– você esta escrevendo isso tudo? Ei cara; você esta escrevendo? Romário estava parado, os olhos dele nem se mexiam, ele não olhava em meus olhos, ele olhava no teto da sala do apartamento antigo.
Eu senti um arrepio que me dominava dos pés ate a cabeça, olhei para cima, lá estava o gato, agora ele estava acompanhado, ele estava com outro gato igual ele.
Romário não escreve nada, ele fica em choque e desmaia bem ali na minha frente. Agora quem corre gritando pelo corredor sou eu, meu amigo esta caído no chão da minha sala, as pessoas ao ouvir correria trancam as portas.
Ninguém me socorre, decido voltar pelo corredor de emergência e sou acolhida por Lourdinha que retribui a assistência de outrora.
Ela me arrasta para dentro do seu apartamento e ali a gente faz um cerco com sal grosso.
Ela diz que aquele gato é o bicho dos infernos, e não atacam quando encontram sal grosso.
Eu disse a ela – ele esta no teto da minha sala, agora estão em dois.
Meu colega esta lá. Preciso salvar ele.
Não, por favor, exclama lourdinha apavorada, você disse que tem dois? É, agora tem dois, minha nossa, o terror esta só começando.
Como assim? Pergunto.
Ela me informa que em todas as vezes que ele é visto se multiplica.
Você vê dois por que viu ele.
Daí, ele se multiplicou, minha nossa, então agora serão três.
Meu amigo também o viu.
Lourdinha – não, teu colega não é mais o mesmo, ele já deve ter sido possuído.
De agora em diante, não veremos o Gato.
Teu colega foi tomado pelo demônio, agora fica atento a ele.
O que pode acontecer? Eu não sei, mas coisas terríveis vão começar acontecer.
Num estante, bate na porta do lado de fora.
Elas se assustam, tentam ligar para a policia, mas o telefone esta mudo.
Lourdinha olha pelo olho mágico da porta e vê um rapaz parado do lado de fora, bem na frente da porta do apartamento de Clarisse, ele também tem curiosidade e tenta ver dentro do apartamento, isso ao mesmo tempo em que lourdinha esta olhando.
Ela se volta e diz – tem um homem ai fora.
Eu também quero ver.
Ao olhar vi que era Romário.
Eu me descuidei e abri a porta.
Ele estava muito estranho, me entregou o trabalho e se foi.
Quando abri as paginas do trabalho; estavam em branco, nada escrito.
Eu disse para a menina, viu? Ele estava bem, nada aconteceu.
Ela me responde, ele teria entrado, mas viu o sal grosso e se voltou para traz.
O sal nos protegeu.
Moça fica atenta em seu colega, vão acontecer muitas coisas.
Eu convidei Lourdinha para ir comigo ao meu apartamento.
Quando abri a porta, nos duas caímos para traz.
O corpo do Romário estava caído no mesmo lugar que o vi antes de sair correndo. Seu corpo esta totalmente sem sangue.
Sem pulso, sem vida.
Nos chamamos a policia e o resgate.
Ao levarem o corpo dele, vimos Romário sentado no banco da frente da Ambulância que leva o corpo.
Agora, o espírito mudou de forma, não é mais um animal, mas a imagem de um homem.
Clarisse esta dentro do seu apartamento por volta de uma hora da madrugada, ela perde o sono após um pesadelo.
E ouve passos no corredor, como se alguém caminhasse e parasse por alguns segundos para descansar.
Ela olha pela fresta da porta e vê, é um homem ferido, ele é conhecido de Clarisse, é um morador do apartamento de frente com o dela.
Ela percebe que o homem esta ferido e sangra.
Clarisse solta a corrente que segura à porta entreaberta e vai ao encontro do homem para ajudá-lo.
Quando ela olha no chão atrás do homem, um rastro de vermes de cemitério o acompanha.
(Continua)