PAI, PORQUE?..

“ É preciso ter paciência, e tempo, para controlar os nossos problemas mentais, e familiares”

Caro leitor essa é uma história baseada em factos verídicos que aconteceu em Angola na capital de Luanda no município do cazenga na estrada que liga os dois municípios mais populares da província que é o cazenga e a Viana.

É uma história que eu gostaria tanto de compartilhar convosco, porque eu sei que muitos já passaram por muitos problemas, que ate hoje não conseguem superar do trauma.

No ano de dois mil e cinco, eu estava a terminar o ensino médio, e naquela altura eu dependia totalmente dos meus pais, dos cadernos ate as calças excepto lâmina de cortar cabelo para eu me apresentar bem na escola, eu era um rapaz que praticamente não tinha experiencia de trabalho, e a minha vida era só curtir, namorar, beber, e entrar tarde em casa, e eu só não fumei, ou não me droguei, porque eu sabia que não era o caminho certo, praticamente eu era o rebelde da família, e eu me sentia que em casa, depois do meu pai e a minha mãe, eu é quem mandava, ate porque eu era o primeiro filho dos dois, e depois venha duas meninas, que são a Domingas e Fininha a nossa cassula.

O meu pai sempre se preocupou com a família, bem eu posso dizer que ele sempre foi um homem batalhador, mas no fundo sempre foi um sacana de merda, porque ele era um homem de muitos compromissos, e tinha pouco tempo para nós, e nalgumas vezes ele nem aparecia nas actividades mais importante das nossas vidas, como no nosso baptismo e no nosso aniversario, e isso é que me chateava a cabeça, porque ele queria que eu fosse igualzinho a ele, me tornar agente policial, e ser um grande corrupto que nem ele.

Ate que um certo dia, enquanto eu voltava da escola com os meus colegas, a minha mãe me telefonou aflita, me pedindo para passar á uma garrafeira mais próxima para comprar uma garrafa de vizinho de catorze graus, para o meu pai acompanhar no almoço, e olha que o meu pai gostava tudo na hora e a tempo, se não ninguém em casa podia dormir.

Mas por acidente a garrafeira já se encontrava fechada, mas eu não desisti, procurei no bairro todo e não encontrei, com isso decide voltar em casa com as mãos a abanadas, mas pensando no que podia vir acontecer, mas logo que eu chego em casa, eu vejo logo a minha irmã cassula com lágrimas nos olhos, perguntei a ela o que se passava e ela não conseguia me responder de tanto soluçar, e o que eu via penas era lágrimas escorrendo no seu rosto, desesperado, entro dentro de casa e me deparo com com uma situação que ate hoje nunca me esqueci, a minha mãe toda inflamada deitada no chão, parecia ate que três pessoas a agrediram, mas não era isso, era o inútil do meu pai que a bateu ate não poder mais, e primeira coisa que eu me perguntei foi: como é que um agente da lei, um ser humano dentro das suas faculdades mentais pode fazer isso com a sua própria família?..

Caro leitor neste dia eu chorei muito, que as minha vistas ficaram todas em chiadas, de tanta dor e raiva do meu pai, mas a minha mãe mal conseguia falar, de tanta dor, que ela me abraço e me disse nos ouvidos, que isso vai passar, e que eu não tinha que fazer nada porque o mal já estava feito, mas eu não me contive, porque eu sentia que a culpa era minha por não ter chegado a tempo e a hora com a garrafa de vizinho de catorze grau.

Mas trinta minutos depois, eu ouço um barulho vindo por detrás da casa, era o meu pai que tentava meter o carro a trabalhar, com isso levantei determinado a ir lá fora e pedir-lhe satisfação, mas enquanto eu levantava, a minha mãe implorava para que eu não saísse, ela agarro-me no meu pé direito e fez um nó com as suas mãos me pedindo para ficar, mas eu tinha que acabar com aquela situação, determinado, saio correndo ate ao quintal e vejo ele mexendo no carro como se nada tivesse a acontecido, mas assim que ele me vê, põem-se logo a rir, mas eu irritado com a situação dou-lhe um soco no meio da cara, ele cai, tentando se levantar dou-lhe mais um pontapé no queixo, caído no chão a minha vontade era acabar com ele na aquele momento, mas a minha irmã cassula chegou a tempo, e impediu que algo de tão grave acontecesse, mas assim que ele se levantou, começou logo por querer me a agredir, me fazendo mil ameaças, mas os vizinhos a pareceram e chamaram a policia, mas infelizmente a policia não resolveu nada, porque ele era um deles.

E no mesmo dia eu presenciei o depoimento que a minha mãe deu á policia, com medo de apanhar mais do marido , ela disse que foi a causadora de tudo, e que o meu pai não tinha culpa de nada.

Um dia depois do sucedido, meu pai expulso-me de casa na presença das minhas irmãs e da minha mãe, foi o dia que eu senti o mundo caindo sobre mim, porque não tinha para onde ir, eu me lembro como se fosse hoje, ele nem me deu tempo de arrumar as minhas coisas direita mente, mas como deus é pai e não padrasto, eu tinha amigos que viviam próximo de casa então aproveitei passar lá a noite, mas naquela mesma noite eu não consegui pegar no sono.

No dia seguinte, minha mãe apareceu em casa do meu amigo com um dinheiro para eu alugar um quarto mas próximo de casa, e estar a fazer as refeições em casa na ausência do meu pai, mas era uma pena, porque era naquele momento que eu precisava do apoio familiar, mas o grande problema era que, família do meu pai, e da minha mãe não davam-se muito bem, então eu com isso, não tinha como pedir apoio.

Mas no decorrer do tempo, meu pai descobriu que eu fazia as refeições lá em casa, e com isso ele ameaçou a minha mãe de morte, se eu voltasse a pisar os meus pés em casa dele, então eu tive que parar, porque ele não queria me ver nem se for pintado de ouro, mas tempo depois eu falei com a minha mãe para parar de me procurar para evitar problemas, com isso eu mudei de moradia, falei com um amigo, e emprestou-me um dinheiro para o a aluguer do quarto.

Caros leitores vocês não sabem, o que ser abandonado pela família, é uma dor terrível que eu não entendia de onde vinha, eu chorava noite e dia, me perguntando o porque que aquilo estava a acontecer comigo, eu sentia que o mundo me virou as costas e que deus nem queria saber de mim, tudo que eu fazia não dava certo, já pensei em roubar e me tornar um ladrão, mas vi que não era a vida que eu queria, ate que um certo dia para piorar na minha dor, no quintal em que eu aluguei entram assaltantes e roubaram toda a minha roupa, e alguns acessórios como telefone sapatos e uma rádio pequena que me servia de consolo, levaram tudo e deixaram-me sem nada nos bolsos, mas eu me lembro que eles deixaram-me apenas com duas calças e duas camisas e um pijama que eu passava a noite.

Eu posso dizer que o terror da minha vida, me a atormentava mais ainda, porque todas as noites, eu sonhava com o momento que os assaltantes me apontaram a arma na cara, e me roubaram tudo.

Agora eu me perguntei, o que vou fazer?..

Se nem dinheiro tenho para me alimentar e tão pouco para pagar o aluguer do quarto, pedir a juda a minha mãe não podia, porque ela tinha as minhas irmãs para cuidar, então eu pensei, tenho que suportar tudo e a prender a ser homem, e a primeira Coisa que me veio na cabeça foi voltar a estudar para poder ser alguém na vida.

Como iniciativa falei com meu ex- professor do tresceiro ano que tinha uma estação de serviço de lavagem de carro, mas ele disse que não tinha vaga, mas se eu quisesse podia começar a limpar o chão em quanto os trabalhadores largavam, era um trabalho meio difícil, mas eu tinha que suportar para sobreviver, mas eu me lembro que o primeiro salário que me pagaram fui logo me escrever num curso preparatório para ingressar na faculdade.

Olhem que eu largava as dezassete e meia no serviço, e ia rapidamente para o curso de preparação, e era de lamentar porque eu sempre usava as mesmas roupas, eu fiz quase uma semana a usar a mesma calça, era como: chegava em casa, mudava a calça, lavava-a e ficava de toalha esperando que a calça seca para amanhar ir trabalhar de novo, e eu tinha que poupar dinheiro para pagar o aluguer e para me alimentar, ate porque a minha refeição era mais por base de lactárias e muita comida seca, como bolachas e gasosas, mas o bom é que eu nunca me esquecia de agradecer a deus, eu sempre pedia a ele para me ajudar e me dar muita saúde.

Em dois mil e sete graças a deus consegui ingressar na faculdade de ciências no curso de engenharia geográfica, mas estava difícil concelhia os estudos e o trabalho, então tive que desistir de trabalhar, e me apegar mais nos cadernos, mas tinha um problema como devia pagar o aluguer?.. então eu pensei, como eu entendo bem a matemática, vou começar a dar explicação, e ganhar um dinheirinho para cobrir com os gastos, falei com a dona do quintal em que eu vivia, ela aceitou, e comecei a dar aulas, graças a deus tive sorte, muita gente apareceu e começaram a me pagar bem, passei a dar aulas ao domicílio, e fazer alguns exames de algumas pessoas na faculdade em troca de dinheiro, era arriscado. Mas me pagavam muito bem.

Ate que um certo dia, minha mãe me visitou, e disse-me que a minha irmã Domingas estava incomodada, e ela precisava de algum dinheiro, na qualidade de filho mais velho, eu tinha o direito e o dever de ajuda-la, porque ela disse-me que o pai já não aparecia em casa com frequência, então tirei um dinheiro e dei a ela.

Uma semana depois eu fui visitar a minha irmã, mas o meu pai não estava em casa, mas por acidente trinta minutos depois ele aparece, mas eu tinha que sair pela janela para evitar problemas, eu me lembro que faziam já quase dois anos e seis meses que eu não falava com o meu pai, excepto uma vez que nós nos esbarramos na rua enquanto eu vinha da faculdade, e ele olhou para me, e eu olhei para ele, e me deu a escosta.

Mas em dois mil e doze defendi a tese, e na minha defesa convidei alguns amigos chegados a minha mãe e o meu pai, mas foi triste porque nem a minha mãe, e nem o meu pai a pareceram, para pelo menos me desejarem parabéns. Mas o que fazer, eu sabia que do meu pai tinha que esperar tudo, e que ele nunca podia me perdoar, e se a minha mãe tentasse aparecer na minha defesa sofreria as consequências.

Mas na mesma noite enquanto festejava com alguns amigos, a minha mãe liga para me chorando amargamente, e eu perguntei o que se passava, e ela disse-me que o meu pai teve um ataque do coração e esta hospitalizada.

Na mesma noite sai correndo, e fui para o hospital porque eu sabia que a minha família precisava de mim naquele momento, quando eu cheguei lá, eu vi minha mãe e as minhas irmãs chorando no banco de urgência, preocupado com a saúde do meu pai, primeiramente fui saber do estado dele, e a enfermeira disse-me que não tinha nenhuma informação, que eu tinha que esperar o diagnóstico dos doutores. Ficamos a espera da notícia ate as duas da madrugada, mas não tardou o doutor a pareceu no corredor e nós informou que ele estava fora de perigo, que nós já podíamos vê-lo, mas era uma pena porque eu não podia vê-lo, ou talvez ele nem queria me ver, mas enquanto nós conversávamos o doutore perguntou se eu me chamava Daniel, eu disse que sim, e eu perguntei: porque doutore? E o doutor respondeu-me, que ele passou a noite toda a chamar pelo meu nome.

Me lembro que as oito horas, o doutor foi ter com nosco na sala de espera, e nos informou que o meu pai já podia receber visitas, nós ficamos tão alegre que ate deu vontade de chorar, mas não demorou muito tempo minha mãe e as minhas irmãs entram para ver o meu pai, e eu coitado tinha que ficar a espera na sala, porque eu não sabia se ele queria me receber ou não.

Mas trinta minutos depois eu vi minha mãe e a minhas irmãs saindo do quarto mas com ar de muita alegria, e a minha mãe chegou ate a minha pessoa e disse: Filho, o teu pai quer ti ver.

Mas assim que eu entro no quarto sozinho vejo ele deitado na cama, forrado com um lençol branco dos pés a cintura, eu encosto e chamo por ele: pai?..

E ele virando com muitas lágrimas nos olhos, me abraçou muito forte e me disse:

-Filho desculpa por tudo que eu te fiz passar, volta para casa, eu sento muito a sua falta.

Caro leitor, eu não acreditava que aquelas palavras vinha da boca do meu pai, era uma alegria tão grande, que eu me meti a chorar de tanta emoção, e eu disse:

- Eu volto sim pai, eu também senti muito a sua falta, não tardou minha mãe e as minhas irmãs entraram no quarto e nos deram um forte abraço, eu posso dizer que foi o dia mais feliz da minha vida.

“ A família é a coisa mais importante, que um ser humano nunca pode desprezar”.

Dá valor a sua família, ela merece….

Fim.

daniel paulo
Enviado por daniel paulo em 04/06/2013
Reeditado em 05/06/2013
Código do texto: T4324316
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