Crepúsculo dos bravos (nº 2)
E seu sangue era água.
Nardaim acordou de sobressalto, estava encharcado de suor, seu cabelo negro empapado e grudado justo no olho que lhe faltava, no olho que ele perdeu anos atrás para o maldito inseto, o evento que o atormentava desde então, evento no qual ele acabara de recordar em um pesadelo tão real quanto o próprio evento.
Fora dois anos antes, ele ainda era um mercenário na época, ainda tinha sua coragem, era para ser um trabalho comum, matar algum tipo de animal que estava acabando com o gado dos fazendeiros que tinham suas propriedades afastadas da cidade, deveria ter sido dinheiro fácil. Foi tudo, menos isso.
Ao chegar à fazenda, um pedaço de pasto cercado pela floresta, com acesso por caminhos sinuosos que saiam da estrada real, Nardaim se deparou com sinais estranhos: lugares onde a terra parecia ter sido escavada (ou remexida), um curral aos pedaços, parecendo que um gigante o havia esmagado, mas o pior não era isso, o pior eram os bois e vacas, vinte no total, todos mortos, esquartejados e espalhados por todo o pasto verde em volta do curral. Então ele viu algo se mover a sua direita e virou-se, a cinquenta passos um grande ser negro com a aparência de um inseto se ergueu de dentro do solo e ficou ereto como um homem, tinha dois metros e meio de altura, a largura de dois homens, e no fim das patas havia garras em forma de lâminas, foi quando, fixando seus olhos verdes no mercenário, a criatura avançou.
No mesmo instante Nardaim sacou a besta e desferiu uma flecha contra a criatura, sua precisão foi excelente, a seta alcançou voo riscando o ar do entardecer acertando o centro da cabeça da aberração que avançava como um touro, porém o projétil ricocheteou como se tivesse acertado uma muralha de pedra.
Nardaim largou a besta e rolou fora da direção da criatura e de imediato tirou o escudo das costas e sacou seu machado, porém o homem-inseto era rápido demais e em um piscar de olhos estava em cima do mercenário desferindo golpes por todos os lados com seus braços cortantes, realizando uma dança mortal. O mercenário se defendeu o melhor que pode com seu escudo, mas foi ferido diversas vezes, seus braços e ombros todos cortados, foi nesse momento que ele conseguiu reagir empurrando a criatura com seu escudo e colocando todo seu peso no movimento desceu seu machado mirando no peito da criatura, o impacto foi extremo, uma onda de choque subiu pelo seu braço, a lâmina de sua arma despedaçou-se deixando apenas um leve trincado na carapaça negra.
-O que diabos é você?!
A criatura desferiu uma estocada, deixando apenas um borrão no ar, que encontrou o escudo do mercenário perfurando-o e arrancando-lhe o olho direito. Sem forças Nardaim dobrou os joelhos na grama verde banhada de sangue, havia aceitado o fato que estava morto, só esperava que fosse rápido e que quando abrisse os olhos estivesse nos salões de Nalfgaard, o palácio de Asvig o deus da guerra. Então ele ouviu estalos, como galhos quebrando, vindo de dentro da criatura e soube que o desgraçado estava rindo. Era sempre na maldita risada que ele acordava do pesadelo.
Levantou-se da esteira de palha em que dormia e foi lavar o rosto na bacia de água que estava sobre um banco de madeira, viu-se pior do que nunca, seu reflexo não era reconhecível por ele mesmo, estava barbado, o cabelo na altura dos ombros e profundas olheiras oriundas de todas as noites mal dormidas enfeitavam seu rosto.
-Deuses. Preciso de algo para beber essa noite.
A bebida o fazia esquecer, fazia os pesadelos irem embora. Depois do incidente Nardaim nunca mais conseguiu pegar em uma espada, ele ficava paralisado, relembrava os eventos horrorosos da fazenda. Ele abriu a porta e saiu para o ar da manhã.
Sua casa ficava no topo de um morro, de lá era possível ver toda a cidade de Little Gold com seus cinco mil habitantes, morando em suas casas rústicas, trabalhando e vivendo dia após dia. A cidade estava apenas uma sombra do que já foi no passado, devido às minas de ouro chegou a ser a cidade mais importante do Reino de Yalor, mas com o fim do ouro se tornou apenas uma cidade no caminho da capital do reino, a cidade real de Praktown.
Durante a descida até a cidade, Nardaim pensava no que iria fazer para conseguir algumas moedas, talvez cavasse túmulos, ou ajudasse algum lenhador a carregar os fardos de madeira. Chegando ao centro da cidade ele viu algo incomum, entre as pessoas que caminhavam nas ruas enlameadas entre tavernas, prostíbulos e vendedores com suas barracas coloridas ele avistou uma tenda com uma placa de madeira que dizia:
Madame Red, cartomante. Veja seu futuro, Três moedas de cobre.
Por algum motivo, pode-se até dizer pelo destino, Nardaim se sentiu tentado a ver a tal cartomante, tinha apenas algumas moedas, mas era mais que o suficiente e então resolveu entrar na tenda. Quando entrou o cheiro forte de incenso o deixou tonto, quando a visão se acostumou com a escuridão da tenda ele viu a mulher, sentada num banco do outro lado de uma pequena mesa de madeira, a cartomante estava com um vestido vermelho simples, feito de tecido cru, era bem gorda e tinha cabelos curtos amarrados em um coque com um tom de vermelho vivo e tão crespos que pareciam as cerdas de uma vassoura de palha.
-Olá, sou Madame Red. Moedas primeiro, por favor.
Nardaim deixou as três moedas sobre a mesa.
-Ótimo, me dê sua mão, não tenho o dia todo, se demorar muito vai espantar meus fregueses.
Ele estendeu a mão para a mulher, que imediatamente começou a passar os dedos nas riscas da palma da mão.
-Eu vejo o passado, o presente e o futuro. Você foi mercenário, porém se deparou com um horror que lhe assombra até hoje, não consegue lutar e teme não ir para o lar de seu deus. Porém isso mudará. Do fogo, cinzas e morte algo novo nascerá, e será em um momento de grande necessidade, tanto para ti quanto para outros.
Aos tropeços Nardaim saiu da tenda da cartomante, estava abalado com a profecia e também porque alguma coisa na tenda o fez lembrar pela primeira vez em muito tempo de quando acordara no convento das irmãs Niuseg após o incidente, estava vivo e ficou sabendo que fora salvo por um homem de cabelos dourados como a luz da manhã, um dos lendários caçadores de Kez Gortan. As irmãs disseram-lhe que ele matou a criatura com sua magica e carregou o mercenário até o convento e aconselhou-as antes de partir para que elas ficassem alertas, pois o monstro era um shaktri, uma criatura que vive nas profundezas da terra e que o único modo de trazê-la a superfície seria por magia negra muito poderosa.
Quando se deu por si Nardaim estava ajoelhado no chão imundo da praça, olhou em volta para o movimento de pessoas, indo e vindo, comprando e vendendo, levantou-se, ele se sentia diferente, alguma coisa dentro dele havia mudado. Foi quando os gritos começaram.
Pessoas vinham correndo do sul da cidade, centenas passavam em disparada pela grande praça, empurrando a todos e a si mesmos, entre eles haviam soldados, a maioria estava ferido, muitas pessoas tinham as roupas manchadas de sangue. Nardaim agarrou um dos soldados pelos ombros, ele tinha um rosto de criança, não deveria te visto mais de dezessete invernos, seu rosto estava manchado de sangue e de seus olhos azuis escorriam lágrimas.
-Rapaz o que está acontecendo?
-Fuja! Se salve, a cidade está perdida!
-A cidade não está perdida enquanto existir um soldado de pé rapaz. Agora se acalme! Quem está atacando a cidade?
-Orcs, invadiram pelo sul, há centenas deles, eles saíram da floresta negra e trouxeram xamãs que atearam fogo aos muros. Agora fuja enquanto ainda há tempo!
O rapaz se soltou e correu, para o leste percebeu Nardaim, as pessoas estão fugindo para a estrada real em esperanças de chegar á capital antes dos orcs os alcançarem, pensou ele. Nardaim precisava ver onde a força principal dos inimigos estava então ele correu, desviando e empurrando pessoas desesperadas no caminho, e entrou em uma estalagem do outro lado da praça subindo ao terceiro andar, ficando então acima das casas e conseguindo ver o resto da cidade. O sul estava queimando, a quinhentos passos da praça onde estava Nardaim avistou alguns bravos soldados que preparam uma zona de morte para os orcs exatamente na única rua que saia da cidade, a mesma por onde as pessoas desesperadas fugiram, alguns soldados estavam em posição nos telhados das casas, armados de arcos, bestas e até algumas das armas de fogo do oriente, os outros estavam na rua formando uma parede de escudos. Ele virou o olhar para a massa negra que se movia em direção ao leste e consequentemente para os soldados, os orcs ainda estavam distantes, mas se reagrupavam para terminar seu caminho de destruição. Nardaim sabia o que fazer, já havia lutado contra orcs antes, se os xamãs e o líder fossem mortos os outros não saberiam o que fazer e correriam de volta para suas cavernas nas profundezas da floresta.
Ele correu o mais rápido que suas pernas conseguiam leva-lo, ao sair da estalagem viu dois orcs roubando e destruindo os comércios abandonados, provavelmente saíram do grupo principal para pilharem sozinhos pensou ele. Nardaim se sentia melhor que nunca, melhor até mesmo do que ele era antes, não havia mais medo em seu coração, o medo que o destruía pouco a pouco nos últimos anos se fora.
Seu sangue era fogo.
Nardaim aproveitou a distração dos inimigos e tomou impulso, pulando em cima do primeiro orc e derrubando-o. O segundo, percebendo a presença do humano, desceu sua espada para corta-lo ao meio, mas Nardaim era mais rápido e abaixou-se evitando o corte mortal por apenas alguns centímetros, então ele adquiriu impulso e golpeou o humanoide no queixo, fazendo-o despencar no chão desacordado.
Agora armado com a espada do orc desacordado o mercenário se virou para o outro inimigo que se levantara e vinha em sua direção com um machado em punho. Nardaim aparou o primeiro e o segundo golpe do orc e se esquivou do terceiro para logo em seguida decepar o braço de seu inimigo e por fim arrancar-lhe a cabeça com um golpe decisivo de sua lâmina. Por fim ele executou o inimigo caído e partiu na direção dos soldados.
Nardaim corria como um vento de tempestade, pois precisava coordenar os soldados, que eram todos inexperientes por serem mandados para uma cidade tão pequena e, até então, pacífica. Ele tinha a experiência de duas guerras e varias batalhas, principalmente contra orcs, e sabia que o tempo era curto até os xamãs queimarem os soldados como porcos no abate.
Finalmente o mercenário chegou ao local da resistência dos soldados, o que viu apenas confirmou o que já sabia: meninos em armaduras, tremendo de medo e que provavelmente morreriam sem uma liderança útil.
-Nardaim, aconselho a fugir da cidade enquanto pode, vamos segura-los o máximo que pudermos e você sabe... Você não pode ajudar muito. – disse-lhe um soldado, aparentemente o comandante do pequeno grupo de não mais que cem homens que estava formando a parede de escudos, ele deveria ter visto no máximo vinte invernos.
-Filho, algum de vocês já lutou contra orcs antes? – perguntou-lhe o mercenário, e logo em seguida – Algum de vocês já matou alguém antes?
Silencio.
-Boa resposta. Então escutem, se quiserem sair vivos desse inferno e com a maioria de seus membros grudados no corpo vão fazer o que eu mandar...
Nardaim não soube se foi a visão dele todo manchado do sangue esverdeado dos orcs que matou, ou o respeito pelo que ele já foi, mas os soldados escutaram. Ele ergueu a voz, como fazia quando liderou tantas vezes soldados no campo de batalha, sua voz era como um vendaval varrendo os campos.
-Já posso ouvir os tambores dos desgraçados então eles não devem estar longe, portanto vou falar uma só vez: Mate o líder deles, ele vai atacar primeiro, pois para continuar sendo o chefe ele deve se mostrar o mais forte de todos e vai se atirar contra a parede de escudos. A maioria do exercito vai se dispersar, quando isso acontecer mantenham a formação, deixem os atiradores que estão nas casas dar cabo do máximo de orcs que eles conseguirem, os xamãs estão atrás da força principal, queimando casas e fazendo sacrifícios para seu deus obscuro. Quando eles descobrirem que o líder está morto vão assumir o comando e vir com tudo para cima de nós, mas creio que teremos alguns minutos até isso, então assim que matarmos o líder os atiradores devem se preparar para matar os xamãs assim que eles se revelarem, eles vão usam uma cabeça de boi no lugar de elmo e vão portar cajados com ossos de animais então vai ser fácil acha-los no meio do exercito. Portanto lembrem-se: mate o líder, esperem, matem os xamãs. Se os xamãs chegarem aqui estaremos mortos, a não ser que tenhamos proteção magica, e suponho que nenhum de vocês conjure feitiços nas horas vagas.
Nardaim viu em cada rosto uma fagulha de esperança, isso era bom, um homem com esperança luta mais bravamente.
-É isso, garoto me arrume um escudo e uma lança, não tenho tempo de vestir uma armadura - Nardaim pegou o escudo e a arma que o soldado lhe deu, então gritou com uma voz de trovão – Bom homens o que temos que fazer agora?!
-Matar o líder. Matar os xamãs! – Entoaram os soldados em uníssono.
O mercenário se juntou á parede de escudos, ficando na segunda fileira de homens. No fim da rua podiam ver os monstros chegando, com suas armas grotescas e amuletos sombrios, como todos os orcs eles tinham a pele em cores entre o verde e o preto, presas como a de javalis saindo de suas bocas e o olhar de quem busca apenas por sangue.
Já entardecia, a luz do astro rei ficando cada vez mais dourada para então sumir em um espetáculo vermelho para enfim dar lugar á escuridão serena da noite, e os orcs avançavam contra a muralha de escudos, seu número era grande, mas a rua onde estavam era estreita e cercada de prédios, fazendo lutassem de igual para igual com os homens.
Setas começaram a cortar o ar se transformando em borrões no ar do crepúsculo, zumbindo como um enxame de abelhas em direção dos orcs, explosões das armas de fogo atravessavam o vento sereno do entardecer e faziam janelas e corações tremerem, a cada saraivada mais e mais orcs caiam, mas eles continuaram sua corrida louca, sedentos de sangue e á frente dos monstros estava um grande orc, uma ou duas cabeças maior que qualquer outro, era o líder e ia se jogar na parede de escudos para atacar os soldados com seu enorme machado. Nardaim tinha que admitir que investir assim, com o inferno caindo em volta de si era uma demonstração de quão corajosos aqueles orcs eram. Ou muito estúpidos.
-SEJAM BRAVOS HOMENS! POR YALOR, PELO REI! – entoou o mercenário.
-POR YALOR! – foi a resposta dos bravos soldados.
Os orcs se chocaram contra os escudos, golpeando os homens sem piedade, lanças atravessavam o ar por entre os escudos, sempre matando um orc e recuando para um novo ataque, mas para cada monstro caído, dois tomavam seu lugar. Nardaim viu o machado o chefe orc atravessar o escudo do soldado a sua frente e rachar-lhe o crânio, criando assim uma abertura na formação, de imediato o mercenário tomou o lugar do soldado caído e golpeou o grande orc com seu grande escudo de madeira e com um movimento fluído de anos de experiência enfiou a lança no ventre do monstro que recuou, tirou a lança de si e voltou a enfrenta-lo. Um golpe do machado enorme do orc rachou o escudo de Nardaim ao meio, mais um e ele estaria morto, porém ele não daria a chance do orc de desferir outro golpe, então ele jogou o escudo para o lado antes de o orc retirar seu machado, abrindo caminho para a garganta do monstro, e sacou a espada rapidamente, sua mão era apenas um borrão no ar, e com um único movimento perfurou a garganta do orc, sua espada despontando do outro lado da nuca do monstro. O líder caiu para trás, com a espada ainda na garganta, e morreu ali, entre os corpos de todos os orcs que estavam no chão imundo de sangue e excretas. Os orcs perderam seu ímpeto com a morte de seu líder, e começaram a recuar, muitos morreram pelos projéteis dos atiradores, que na verdade foram os que mataram mais orcs naquele dia.
Nardaim esperou com os soldados o retorno dos orcs junto com os xamãs durante cinco, dez, quinze minutos, porém nenhum apareceu, foi quando ele mandou dois batedores vasculharem as dezenas de corpos espalhados pela rua em procura dos xamãs. O mercenário não sabe se foi sorte ou se Asvig o favoreceu naquele dia, mas os xamãs, três no total, estavam mortos entre os outros de sua raça maligna, tinha de admitir que os atiradores realmente o impressionaram.
A noite desceu seu véu de escuridão sobre a cidade, os soldados fizeram fogueiras para queimar os corpos dos monstros e cavaram túmulos para os colegas caídos. Nardaim ajudou os garotos nessa tarefa, agora ele tinha o respeito dos soldados, que o tratavam como o comandante não oficial. Porém uma coisa o intrigou quando ele foi jogar na fogueira um dos xamãs mortos, o orc carregava um livro, feito em couro humano e com runas escritas em sangue, o mercenário tratou de guarda-lo, pois sabia que um mago poderia decifrar aquelas runas macabras e, talvez, elas fossem relacionadas ao ataque á cidade. Ele também notou que os xamãs tinham uma espécie de marca em suas testas: um quadrado dentro de um circulo formado por uma serpente, com uma runa que ele não conhecia gravada no centro.
Terminaram de queimar os corpos quando a primeira luz branca da manhã tocou o horizonte, por sorte o fogo dos xamãs não se espalhou por toda a cidade, destruindo apenas a metade sul dela.
Nardaim jogou o ultimo corpo na fogueira, quando um soldado se aproximou dele.
-Senhor, porque acha que os orcs nos atacaram?
-Pensaremos nisso depois garoto. Agora vá descansar um pouco, você mereceu. Amanhã você vai para a capital e informará o que aconteceu aqui e pedirá por mais homens, as pessoas vão voltar e vamos reconstruir o que perdemos.
-Tudo bem senhor, mas alguns dos homens estão dizendo que algum demônio estava controlando os orcs.
-Por que estão dizendo isso?
-Ora senhor, três noites atrás tivemos uma lua negra, dizem que é na lua negra que os demônios e seres das trevas tem mais poder no nosso mundo.
-Não acredite em tudo que dizem por ai filho. Agora vá descansar, você terá um dia longo amanhã.
O garoto se virou e foi para o seu merecido descanso, mas Nardaim sentiu um tremor na espinha, ele sabia que de alguma forma os boatos entre os soldados poderiam ser verdadeiros, sabia que algo sinistro estava acontecendo nas sombras.