UM MONSTRO NO QUINTAL

Eu crio um monstro, numa estufa, no meu quintal. Este bicho se chama Amor. Amor é uma espécie de planta carnívora, cruel, disforme, conquanto não se nutre de carne, mas do espírito dos DESamados.
Posso afirmar que eu amo muito mais o Amor do que ele me ama. Aliás, o Amor fala outra língua, um dialeto que desconheço. Dizem que ele é um fenômeno, o único neste planeta a conseguir se materializar, ou o último de uma espécie rara. Dizem também que é imortal e já existia antes do mundo ser mundo, de qualquer forma, cuido dele para que não feneça.
Só a classe científica o conhece. É mantido por mim, em sigilo. Fizemos um acordo tácito, porque não queríamos, nem queremos imprensa, nem exército nesta história. Além do mais, estamos quase disponibilizando o Amor Virtual. Logo logo será holográfico, e realidade virtual. Mas o original, só eu tenho a sorte ou o azar de possuir. Não posso nem afirmar que o tenho, ele é um indivíduo muito capaz e tenho certeza de que se um dia quiser escapar, conseguirá. E eu não o mantenho preso, embora, talvez movido por um impulso masoquista o queira perto de mim. É pena que o Amor só consuma almas. Eu gostaria muito de provocá-lo para ser devorado por ele de vez. Ficar alojado, como um feto, em seu âmago, até me esquecer de mim, porque não aguento mais sofrer.
Não acredito na teoria de outros estudiosos, que afirmam ser o seu aparelho digestivo o caminho para se chegar ao inferno, mas concordo com esta outra: a de que seu corpo ocupa quase todo o planeta Terra por dentro!
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COLEGAS, ESCUTEM MEUS ÁUDIOS MUSICAIS!
LYGIA VICTORIA
Enviado por LYGIA VICTORIA em 31/05/2013
Reeditado em 24/07/2013
Código do texto: T4318397
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