O PURGATÓRIO DAS IDEIAS
Pô, cara, eu odeio narrador em terceira pessoa, narrador onisciente, narrador onisciente intruso, todos esses tipos de nomenclaturas. A gente nem existe ainda, nem esboço de algo qualquer somos, como uma pedra, uma bola, sei lá... E vem um filho da puta querer criar a gente e nos transformar em marionetes, manipulados pelos pensamentos dele, que podem ser de amor, revolta, perversos... Sei que o autor que me criou, programou-me para eu dizer sempre o que penso, ser independente, forte, cheio de opiniões. Acontece, que se eu tenho opiniões, posso não querer ser do jeito que ele me engendrou. Posso pular da história e habitar outra, posso atazanar os seus sonhos, ir para o inferno ou para o céu, viver no limbo, no reino dos elementais. Posso ter, ou não, religião, ou ter qualquer orientação sexual, tornar-me definitivamente um narrador em primeira pessoa.
Primeiro, agora neste momento, você, leitor, deve estar imaginando que idade eu tenho, em que país nasci, qual a minha altura, a cor dos olhos, que tipo de trajes uso, que cheiro tenho. Sei que o autor ( não vou dizer quem é agora, só de sacanagem, porque afinal, eu sou um substantivo abstrato, preciso dele para existir), foi me desenhando e eu senti muita dor durante o processo da minha feitura. Se eu me rebelasse, poderia ficar alejado, dormir no purgatório das ideias, ir para uma outra dimensão, outra realidade.
Gostaria de me desenhar de outro jeito, mas quem sabe deste, eu não me eternizo como um Dorian Gray, como um Julien Sorel, uma Madame Bovary?! Meu autor é premiado e estou quase me rendendo a ele, mas aí, não seria mais o personagem que ele desenvolveu...
- Sebastian, isso aqui é uma clínica psiquiátrica, para de se vestir como um personagem de gibi! Você teve outra recaída?! Seu narrador, como você o chama, o seu tio acabou de chegar!
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COLEGAS, ESCUTEM MEUS ÁUDIOS MUSICAIS! BEIJOS
Primeiro, agora neste momento, você, leitor, deve estar imaginando que idade eu tenho, em que país nasci, qual a minha altura, a cor dos olhos, que tipo de trajes uso, que cheiro tenho. Sei que o autor ( não vou dizer quem é agora, só de sacanagem, porque afinal, eu sou um substantivo abstrato, preciso dele para existir), foi me desenhando e eu senti muita dor durante o processo da minha feitura. Se eu me rebelasse, poderia ficar alejado, dormir no purgatório das ideias, ir para uma outra dimensão, outra realidade.
Gostaria de me desenhar de outro jeito, mas quem sabe deste, eu não me eternizo como um Dorian Gray, como um Julien Sorel, uma Madame Bovary?! Meu autor é premiado e estou quase me rendendo a ele, mas aí, não seria mais o personagem que ele desenvolveu...
- Sebastian, isso aqui é uma clínica psiquiátrica, para de se vestir como um personagem de gibi! Você teve outra recaída?! Seu narrador, como você o chama, o seu tio acabou de chegar!
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