DROGAS

Adamastor era um sujeito culto. Tinha uma predileção noturna estranha. Costumava sair andando pelas ladeiras e ruas dos bairros, uma forma de relaxar do estresse do dia a dia. Era comum vê-lo, eternament, com um livro nas mãos. Andava, sentava numa praça e lia algumas linhas. passado algum tempo, erguia o seu corpo magro e se dirigia para outra rua, outra ladeira, mais uma praça. Andava do bairro Machado - da pracinha- até o Largo de Roma, onde tem hoje a igreja, de Irmã Dulce. Dali saía andando até o Santo Antônio- que disposição. Sentava-se na praça-mais uma lida no livro. Naquela noite úmida, com distração, na volta para casa, entrou por um beco escuro. Ali, ficavam alguns viciados. Tremeu nas bases, ao notar que ja estava no meio do beco, cercado por alguns drogados. Um deles perguntou:

- Tem drogas?-o seu olhar era ameaçador.

Adamastor, tranquilo, olhou nos olhos dele e respondeu:

- Não, mas tem na TV.

Deu meia volta e saiu andando, de forma tranquila. os sacizeiros deram risada. Sentaram-se no chão, catando resquícios de pedra na calçada. Adamastor seguia esgueirando-se pelo escuro,fugia de um chuvisco fino. Era madrugada.Diziam as más linguas que a sua tv andava eternamente desligada, outros falavam que fora trocada num sebo por uma coleção de livros de contos de terror.

LG

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 23/05/2013
Reeditado em 13/01/2016
Código do texto: T4305282
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