MATEI-AS!

Doeu mais em mim, que em qualquer uma delas. O sangue das pequenas colou-se em meu corpo e e desespero eu já não sabia como livrar-me dele. Chorei escondido atrás da Mansão Hoffmann durante algumas horas. Depois, tomei uma pá, e caminhei até o jardim para enterrar os corpos. Eu as matei por piedade, mais por piedade que por qualquer outra coisa. Ora, não sou um sádico maluco. Não sou... Elas eram tão belas, pequena e gentis, como é que poderiam encarar o mundo? Ah, Deus há de me perdoar, eu só desejava tirar aquelas pequenas do inferno.

Primeiro as observava, como quem observa aos anjos. Eu as desejei. Pequnas criatura seráficas. Mas depois, com o tempo que passava, passava também a meninice daquelas pequenas, seus corpos tomavam formas arredondadas e pequenas, e por mais que fossem poucas, pequenar carnes começavam a dar-lhes ares de mulheres. Eu não suportaria. Os corpos quase prontos e eu não suportaria.

Minhas mãos foram o bálsamo que as livrou do pecado. Vê este sangue em minhas mãos? É puro! É puro! Não as toquei e isto posso jurar. Matei-as porque não poderia suportar o desejo, matei-as porque a virtude tem de superar esta nossa existência medíocre.

Outrora aqueles risos que me animavam as manhãs... Agora, as fétidas paredes de um cárcere assombrado. Assombrado por fantasmas bonitos. Anjos inocentes que me veem embalar.

Efêmera Capitu
Enviado por Efêmera Capitu em 14/05/2013
Reeditado em 14/05/2013
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