Amargo e Cruel

Pobre moço rico, trajado em casimira e linho... Ele é tão belo e podre, nada sabe e nada sente!

Não passa de uma casca bonita e enfeitada, recheada de maldades e avareza... Coitado do moço rico de dentes bonitos e hálito podre! Ele ri hipnótico de suas conquistas, mas não passa de um maldito infeliz! Uma desgraça ambulante sem eira nem beira para a alma suja...

Ele é senil e confabula planos, juras e maldições. O câncer faz parte de seu ser, mas ele é tão cruel, tão rude e malévolo que até mesmo a doença maldita se contorce em ira!

Há, que pena que da deste moço bonito... Ele tem o legado de um rei e a desgraça de um esfarrapado decrépito! O câncer cisma em evoluir e sua maldade cruel agora tem concorrência!

Ele não passa de um derrotado, calado em uma cama, amaldiçoando os que sentem pena dele.

Que pena que me dá deste pobre moço rico, que agoniza condenado pela desgraça que desenvolveu. Ele não clama por Deus, prefere recorrer as trevas, as mandingas e ao misticismo... Ele apela e a doença avança selvagem! Ela é imparcial, cruel, e ele não pode ser ouvido... Deus esta longe...

É tarde e ele bem sabe. Os olhos estagnados estão escancarados como sua boca, em ultimo suspiro se entrega a um mal pior do que ele. A morte, a doce morte... Esta entregue.

Bonito em seu terno, enfeitado por flores no velatório vazio. Ninguém vai chorar por ele. Ninguém. Pobre moço rico...

Julio Dosan
Enviado por Julio Dosan em 06/05/2013
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