Sem acesso por meio de avião o jeito foi ter de dirigir por sete horas até a pequena cidade onde a empresa que trabalho dava inicio em suas atividades. Tudo calculado eu pretendia cumprir minha missão e retornar no mesmo dia, mas a reunião durou muito mais tempo que o previsto e eu teria de escolher entre voltar à noite ou ficar hospedado em algum hotel...
Procurei por alguma hospedagem, mas as três pensões e o pequeno motel já estavam com todas as vagas preenchidas pelos colaboradores da empresa. Decidi voltar e com um pouco de sorte encontraria algum hotel a beira da estrada e descansaria algumas horas antes de correr o trecho.
Depois de uma hora na estrada uma velha placa me animou. Nela estava escrito hotel a dez quilômetros, mas eu não me lembrava de ter visto nenhum hotel ali, talvez seja por estar preocupado com o conteúdo da reunião eu não teria prestado atenção.
Uma placa com pouca luz não deixava ser lido o nome do hotel, mas embaixo do letreiro via-se nitidamente escrito há vagas. Fiquei deveras feliz, pois o cansaço já dava ar de sua graça e eu sentia muita fome.
No estacionamento havia apenas dois carros muito velhos dando veracidade ao que a placa de neon azul dizia
Somente com minha mochila adentrei a recepção muito limpa contrastando com o prédio velho e sujo por fora. A decoração antiga mostrava que aquele local teve anos de gloria, anos que ficaram para trás com o fim dos cafezais que enriqueciam aquela região. Ficaram apenas lembranças de um tempo rico nas paredes daquele hotel. As fotos de fazendeiros e políticos daquele tempo ainda se faziam ver atrás do balcão de madeira bem entalhada iluminada por um candelabro que poderia ser uma peça exclusiva de uma loja de antiguidades...
Antes que eu pudesse tocar a campainha uma voz atrás de mim fez com que meus pelos eriçassem tamanho susto eu levei...
- Boa noite, deseja alguma coisa?
Virei-me e vi um senhor de meia idade com porte físico atlético, raro para alguém daquela idade. Ele tinha um tapa-olho cobrindo o olho esquerdo e um sorriso estranho deixando alguns poucos dentes à amostra.
Tentei me recompor do susto e disse ofegante:
- Preciso de um quarto por algumas horas e se possível algo para comer.
Ele me olhando com aquele olho frio ainda mantendo o sorriso no rosto foi dizendo:
- Quarto doze, o melhor do hotel e quanto à refeição, Maria ainda está de pé e pode preparar algo para o senhor.
- Poxa! Eu ficaria muito agradecido. – disse já aliviado pela amabilidade do anfitrião daquele lugar um tanto quanto escuro, mas aconchegante.
- O senhor pode subir e tomar um banho e ao descer faremos o check-in e sua refeição já estará pronta.
Um procedimento atípico, mas não estranhei por ser um hotel de cidade pequena e a confiança ainda existe por essas bandas, pensei.
Pegando a chave do apartamento indicado das mãos daquele senhor estranho, porem cortês eu fui tomar o tão desejado banho.
O quarto era ainda mais rico em detalhes de uma época colonial o sofá que ficava aos pés da cama não pesava menos de quarenta quilos. A cama com mosquiteiro poderia ter sido construída dentro do quarto, pois o tamanho era desproporcional à porta daquele lugar tão bem decorado e tão pouco iluminado pelo único abajur do quarto.
Após um quente e demorado banho que revigorou minhas forças desci até o restaurante tão iluminado quanto às outras dependências do hotel e logo veio ao meu encontro uma mulher cabisbaixa com os cabelos enrolados e com uma toca fina cobrindo-os. Em nenhum momento ela olhou em minha direção e timidamente disse:
- Sua refeição será servida em instantes – disse ela me servindo um aperitivo com sabor delicioso, mas não soube precisar o que seria.
- Obrigado Maria, seu nome é Maria não é?
Sem resposta ela voltou para a cozinha e neste momento coisas estranhas começaram a acontecer.
Risos e vozes eram ouvidos de onde eu estava, mas não conseguia ver ninguém. Procurei com movimentos de cabeça, mas nada encontrei. Minha curiosidade sempre foi meu ponto fraco e desde menino sempre entrei em fria por conta dela e agora não seria diferente.
Levantei e fui ao encontro dos risos. Mesmo não dando ouvidos àquela voz que me pedia para não ir e que eu sempre ignorava cheguei ao local que deduzi ser o porão do hotel e pela pequena janela de vidro que ficava em uma das portas eu pude ver homens e mulheres com trajes estranhos participando de algum tipo de ritual onde deitado em uma espécie de maca estava um homem totalmente nu com a cabeça envolta em um capuz e com braços e pernas presos por cintos de couro e um dos participantes fazia cortes em seu corpo com uma adaga afiadíssima e pelos cortes escorria sangue que descia por finas calhas onde figuras entalhadas no piso eram cheias do liquido viscoso e a cada figura completa com o sangue os risos voltavam como uma canção macabra...
O homem preso não se movia, mas dava para ver que ele ainda respirava devido ao movimento de seu tórax.
O pavor mediante aquela cena tomou conta de meu corpo e resolvi voltar para o restaurante pegar meu celular, ligar para policia e dar o fora dali... Tarde demais.
A porta que estava atrás de mim se fechou como num passe de mágica e o barulho do baque atraiu a atenção dos participantes daquele ritual e minha cabeça começou a girar, mas antes de apagar eu pude ouvir...
- Maria ta ficando descuidada, ela deu a bebida de criança para o forasteiro...
Aquele aperitivo que tomei fez meu corpo todo paralisar e só conseguia acompanhar toda a movimentação com os olhos depois que alguém retirou o capuz que cobria meu rosto.
O homem de um só olho apareceu e me colocou encima da maca agora desocupada e com o mesmo sorriso que me recebeu ele disse olhando dentro dos meus olhos...
- O nosso sacrifício está pronto para agradar o Senhor da Noite...
Sentindo o sangue escorrer pelo corpo eu pude notar minhas forças sendo drenadas para aquelas figuras que formavam um grande pentagrama e acima de nossas cabeças eu via vultos negros dançando em círculos à espera de algo, neste momento perdi novamente os sentidos.
Acordei de sobressalto e com muita sede. Meus braços estavam atados por uma camisa de força dentro de um pequeno quarto com uma janela pequenina que não caberia uma mão, mas que dela dava para avistar uma enorme edificação muito antiga onde uma placa piscava em luz neon tão fraca que mal se lia Hotel, cujo nome não se podia ler e embaixo nitidamente escrito:
"Há vagas"...
Procurei por alguma hospedagem, mas as três pensões e o pequeno motel já estavam com todas as vagas preenchidas pelos colaboradores da empresa. Decidi voltar e com um pouco de sorte encontraria algum hotel a beira da estrada e descansaria algumas horas antes de correr o trecho.
Depois de uma hora na estrada uma velha placa me animou. Nela estava escrito hotel a dez quilômetros, mas eu não me lembrava de ter visto nenhum hotel ali, talvez seja por estar preocupado com o conteúdo da reunião eu não teria prestado atenção.
Uma placa com pouca luz não deixava ser lido o nome do hotel, mas embaixo do letreiro via-se nitidamente escrito há vagas. Fiquei deveras feliz, pois o cansaço já dava ar de sua graça e eu sentia muita fome.
No estacionamento havia apenas dois carros muito velhos dando veracidade ao que a placa de neon azul dizia
Somente com minha mochila adentrei a recepção muito limpa contrastando com o prédio velho e sujo por fora. A decoração antiga mostrava que aquele local teve anos de gloria, anos que ficaram para trás com o fim dos cafezais que enriqueciam aquela região. Ficaram apenas lembranças de um tempo rico nas paredes daquele hotel. As fotos de fazendeiros e políticos daquele tempo ainda se faziam ver atrás do balcão de madeira bem entalhada iluminada por um candelabro que poderia ser uma peça exclusiva de uma loja de antiguidades...
Antes que eu pudesse tocar a campainha uma voz atrás de mim fez com que meus pelos eriçassem tamanho susto eu levei...
- Boa noite, deseja alguma coisa?
Virei-me e vi um senhor de meia idade com porte físico atlético, raro para alguém daquela idade. Ele tinha um tapa-olho cobrindo o olho esquerdo e um sorriso estranho deixando alguns poucos dentes à amostra.
Tentei me recompor do susto e disse ofegante:
- Preciso de um quarto por algumas horas e se possível algo para comer.
Ele me olhando com aquele olho frio ainda mantendo o sorriso no rosto foi dizendo:
- Quarto doze, o melhor do hotel e quanto à refeição, Maria ainda está de pé e pode preparar algo para o senhor.
- Poxa! Eu ficaria muito agradecido. – disse já aliviado pela amabilidade do anfitrião daquele lugar um tanto quanto escuro, mas aconchegante.
- O senhor pode subir e tomar um banho e ao descer faremos o check-in e sua refeição já estará pronta.
Um procedimento atípico, mas não estranhei por ser um hotel de cidade pequena e a confiança ainda existe por essas bandas, pensei.
Pegando a chave do apartamento indicado das mãos daquele senhor estranho, porem cortês eu fui tomar o tão desejado banho.
O quarto era ainda mais rico em detalhes de uma época colonial o sofá que ficava aos pés da cama não pesava menos de quarenta quilos. A cama com mosquiteiro poderia ter sido construída dentro do quarto, pois o tamanho era desproporcional à porta daquele lugar tão bem decorado e tão pouco iluminado pelo único abajur do quarto.
Após um quente e demorado banho que revigorou minhas forças desci até o restaurante tão iluminado quanto às outras dependências do hotel e logo veio ao meu encontro uma mulher cabisbaixa com os cabelos enrolados e com uma toca fina cobrindo-os. Em nenhum momento ela olhou em minha direção e timidamente disse:
- Sua refeição será servida em instantes – disse ela me servindo um aperitivo com sabor delicioso, mas não soube precisar o que seria.
- Obrigado Maria, seu nome é Maria não é?
Sem resposta ela voltou para a cozinha e neste momento coisas estranhas começaram a acontecer.
Risos e vozes eram ouvidos de onde eu estava, mas não conseguia ver ninguém. Procurei com movimentos de cabeça, mas nada encontrei. Minha curiosidade sempre foi meu ponto fraco e desde menino sempre entrei em fria por conta dela e agora não seria diferente.
Levantei e fui ao encontro dos risos. Mesmo não dando ouvidos àquela voz que me pedia para não ir e que eu sempre ignorava cheguei ao local que deduzi ser o porão do hotel e pela pequena janela de vidro que ficava em uma das portas eu pude ver homens e mulheres com trajes estranhos participando de algum tipo de ritual onde deitado em uma espécie de maca estava um homem totalmente nu com a cabeça envolta em um capuz e com braços e pernas presos por cintos de couro e um dos participantes fazia cortes em seu corpo com uma adaga afiadíssima e pelos cortes escorria sangue que descia por finas calhas onde figuras entalhadas no piso eram cheias do liquido viscoso e a cada figura completa com o sangue os risos voltavam como uma canção macabra...
O homem preso não se movia, mas dava para ver que ele ainda respirava devido ao movimento de seu tórax.
O pavor mediante aquela cena tomou conta de meu corpo e resolvi voltar para o restaurante pegar meu celular, ligar para policia e dar o fora dali... Tarde demais.
A porta que estava atrás de mim se fechou como num passe de mágica e o barulho do baque atraiu a atenção dos participantes daquele ritual e minha cabeça começou a girar, mas antes de apagar eu pude ouvir...
- Maria ta ficando descuidada, ela deu a bebida de criança para o forasteiro...
Aquele aperitivo que tomei fez meu corpo todo paralisar e só conseguia acompanhar toda a movimentação com os olhos depois que alguém retirou o capuz que cobria meu rosto.
O homem de um só olho apareceu e me colocou encima da maca agora desocupada e com o mesmo sorriso que me recebeu ele disse olhando dentro dos meus olhos...
- O nosso sacrifício está pronto para agradar o Senhor da Noite...
Sentindo o sangue escorrer pelo corpo eu pude notar minhas forças sendo drenadas para aquelas figuras que formavam um grande pentagrama e acima de nossas cabeças eu via vultos negros dançando em círculos à espera de algo, neste momento perdi novamente os sentidos.
Acordei de sobressalto e com muita sede. Meus braços estavam atados por uma camisa de força dentro de um pequeno quarto com uma janela pequenina que não caberia uma mão, mas que dela dava para avistar uma enorme edificação muito antiga onde uma placa piscava em luz neon tão fraca que mal se lia Hotel, cujo nome não se podia ler e embaixo nitidamente escrito:
"Há vagas"...