O HERDEIRO

As dores do parto eram terríveis, Bruna já estava sem forças, já faziam mais de três horas que sofria.

Quando entrou pela primeira vez naquela mansão, jamais imaginou que começaria ali o inferno em sua vida.

Bruna tinha 18 anos e estava desempregada a mais de seis meses. Com as contas e o aluguel se acumulando a cada dia, um anuncio onde dizia que pagavam bem pelo emprego de baba tinha caído do céu.

No dia da entrevista foi recebida por um velho mordomo que a fez entrar e caminhou ao seu lado por corredores frios e sombrios, até chegar frente a uma grande porta de madeira. Depois de ser anunciada entrou e sentou-se atrás de uma grande mesa em mogno e uma cadeira de encosto de veludo vermelho, tinha uma senhora de cabelos brancos amarrados em um coque e vestida com elegância .

Depois de se apresentar, a velha senhora cordialmente levantou-se e lhe estendeu a mão dizendo...

- Muito prazer senhorita, me chamo Roseane e sou a matriarca da família Assunção, você com certeza veio pelo anuncio para o cargo de baba. Não?

- Isso mesmo senhora, espero que consiga preencher os requisitos que sua família precisa para este cargo.

Naquele mesmo dia, depois de uma longa entrevista ela foi contratada.

Agora ali naquela quarto sombrio, ela se perguntava como pode ser tão boba... Foram tantas coisas que lhe passaram despercebidos naquele dia... Primeiro o fato da entrevista ter sido conduzida especialmente sobre a vida sexual e familiar dela. Por nenhum momento lhe perguntaram se ela já tinha lidado com crianças. Mais a ansiedade de ser contratada a deixou cega. Quando perguntou pela criança que seria responsável a senhora lhe respondeu que no dia seguinte ela conheceria.

Depois de assinar um contrato que nem teve o trabalho de ler, ela foi conduzida pelo mesmo mordomo que a recebeu mais cedo. Depois de dizer que precisava pegar suas coisas e acertar o aluguel com sua senhorinha, lhe foi respondido que eles resolveriam tudo.

O quarto era maior que todo o apartamento onde vivia, as janelas estavam fechadas e as grosas cortinas vedavam a visibilidade. Ainda estava sentada na cama pensando na sorte de conseguir aquele emprego quando uma tímida empregada entrou no quarto sem bater e de cabeça baixa falou.

- A madame mandou avisar que suas coisas só chegaram aqui amanhã, no banheiro a senhorita vai encontrar tudo que for necessário para essa noite, ela avisa também que seu jantar será servido no quarto, pois a família vai estar reunida para uma decisão familiar e ela não quer que a senhorita jante com os demais empregados na cozinha.

Querendo saber mais sobre a família e a criança ela perguntou quando a empregada já estava de saída.

- Meu nome é Bruna, e você como se chama?

- Anita

Sem dar tempo para perguntar mais nada, Anita saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.

Já tinha anoitecido quando ela saiu do banheiro depois de um longo e relaxante banho quente. Toda roupa que encontrou lá foi um roupão, mesmo procurando nas gavetas não encontrou nenhuma calcinha, limitou-se a lavar a que usava e deixar secando para vestir no dia seguinte, afinal não sabia a que horas suas coisas chegariam.

O jantar foi servido as 7hs por uma outra empregada que como Anita também se mostrou tímida e pouco respondeu o que Bruna perguntou.

Ela sabia que tinha que escovar os dentes, mais o sono era maior. Depois de tomar a sopa só teve tempo de colocar a bandeja na mesinha e caiu na cama jurando a si mesmo que seria só um cochilo e já levantaria para fazer sua higiene.

Acordou no meio da noite com barulho de passos, o quarto estava totalmente as escuras, não lembrava de ter apagado a luz. Mesmo com a cabeça zonza de sono o medo falou mais alto e ela perguntou.

- Quem estar ai?

Não ouve resposta, antes que pudesse dizer qualquer outra coisa, sentiu fortes mãos lhe abraçando enquanto uma boca fedida e babada procurava a sua.

Gritou sim, gritou com todas as forças que tinha, mais a mansão parecia estar dormindo, ninguém a socorreu. Foi violentamenteestuprada, a pessoa ou animal que a atacou não tinha limites, com um único puxão rasgou o roupão que ela vestia e a possuía com fúria enquanto rosnava e mordia seus seios.

O ato dementedeve ter demorado uns 15 minutos, mais para Bruna foi uma eternidade. Quanto por fim o homem acabou, ela percebeu que tinha mais alguém no quarto ao ouvir uma voz dizendo.

- Vamos, por hoje basta, se comporte direitinho e amanhã tem mais.

Aquela foi a primeira noite de muitas, durante todo esse tempo foi mantida trancada naquele quarto, nenhum empregado lhe dirigia a palavra, suas roupas nunca chegaram, depois de alguns dias começaram a colher sua urina diariamente, até que um dia a senhora Rosana entrou em seu quarto e disse.

- Você estar esperando um filho, e esse será o herdeiro da família Assunção, perdi meu único filho em um acidente e minha nora ficou grávida, infelizmente o filho nasceu com algumas deficiências e ela morreu no parto, meu neto não pode assumir o comando de nossas empresas, precisava de um herdeiro legitimo e essa foi a única forma de conseguir. Antes de você muitas já passaram por aqui, mais não resistiram ao ato sexual com meu neto. Depois do parto você será mandada para fora do pais com uma grande quantia em dinheiro e poderá viver sua vida e esquecer tudo que aconteceu aqui.

Sem mais uma palavra ela saiu trancando a porta por fora como vinha sendo feito desde da primeira noite.

E agora a hora tinha chegado, só uma velha parteira e uma ajudante acompanhava o trabalho de parto que tinha começado desde cedo.

Depois de mais de três horas de sofrimento por fim Bruna ouviu um choro, seu filho tinha nascido, ou melhor o filho do mostro tinha nascido.

A parteira pegou a criança no colo depois de cortar o umbigo, falou para a ajudante:

- Chame a senhora Roseana, o herdeiro da família nasceu.

Não demorou e Bruna viu a velha e o mordomo entrarem no quarto. A matriarca pegou seu bisneto no colo, olhou para a parteira e falou.

- Ela já fez sua parte, agora faça a sua.

Com uma seringa na mão, procurou uma veia no braço de Bruna e como todos os empregados da mansão de cabeça baixa aplicou uma seringa de ar.

Já passava da meia noite quando o mordomo por fim terminou de tapar o tumulo que ele mesmo tinha cavado mais cedo no velho cemitério da família. Depois de enxugar o suor que escorria do rosto, pegou a pá e caminhando de volta para a mansão, pensando em voz alta:

- POR FIM, ESSA SERÁ A ULTIMA....

Cecilia Davila
Enviado por Cecilia Davila em 04/05/2013
Reeditado em 05/05/2013
Código do texto: T4274424
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