"Recomeço(s)"

Desistir ou continuar tentando? Dizer ou calar? Lutar, ou ter paciência para esperar o tempo certo? Ir embora ou ficar? Ser firme ou ser flexível? Se superar, ou reconhecer seus limites? Ir em busca de respostas, ou aprender lidar com a incerteza? Essas são apenas algumas (bem poucas) das dúvidas que parecem assolar essa minha cabecinha volta e meia. Com vocês isso também acontece? Espero que não com a mesma freqüência que comigo ...

Mas cada vez chego mais a conclusão de que às vezes temos a tendência a ser muito extremistas. Tudo precisa ser sim ou não, preto ou branco, 8 ou 80. Vivemos em uma época em que o imediatismo parece ser o que impera com mais vigor, fazendo com que as pessoas busquem por soluções rápidas, preferencialmente indolores. Esta aí a indústria das cirurgias plásticas que não me deixa mentir.

Afinal, o que realmente queremos? Para onde estamos indo? As vezes vejo pessoas presas em ciclos de repetições infindáveis e isso me entristece, não só por ver aquilo para o que o outro é cego, mas por saber que esta cegueira também existe em mim. Apesar de que me parece, analisando a questão mais a fundo, que nossa vida é mesmo como um circulo sem fim, não linear, mas como uma mola, expandindo-se sempre.

Então, a questão é: teremos que repetir algumas experiências, até a exaustão, pelo simples fato de que ainda não a entendemos de forma correta, assim como deve-se repetir os mais diversos tipos de cálculos matemáticos, de um mesmo período escolar, para só então pode aceder a outros, mais difíceis e mais complexos.

Dúvidas? Sempre existirão. Como poder saber, a priori, o resultado de uma decisão tomada, um caminho escolhido? Claro que a experiência, após trilhar e errar diversas vezes por caminhos tortuosos, nos faz perceber mais claramente os sinais de que estamos mais uma vez nos direcionando para um adejar conhecido.

Só que é justamente este o problema: temos uma séria tendência a nos apegar aos caminhos conhecidos, até por que deles sabemos as curvas e, por pior que isso seja, as vezes parece uma solução mais prática do que tentar um Novo – com N maiúsculo, por que não é por que as coisas aparentam serem diferentes que não são, em seu cerne, fundamentalmente as mesmas.

Afora aquelas dificuldades que nos atingem diariamente, e a muitas vezes complicada interlocução entre os diferentes seres – nem sempre humanos – que conosco habitam o planeta, parece que na maior parte das vezes nos somos nossos próprios e maiores inimigos. As pessoas nos magoam. Mas quem é que se sente magoado? As pessoas nos Irritam. E quem é que fica horas e horas remoendo a discussão que teve com a melhor amiga ou o namorado?

Pois bem, a verdade é que EU é a resposta para todas essas perguntas e, sim, esperamos demais das outras pessoas, por isso toda essa frustração. Lógico que isso não quer dizer que devemos ser pessimistas e esperar sempre o pior das diferentes situações – longe disso. Só quero dizer que somos todos pessoas repletas de pontos, questões, falhas, distorções e que, infelizmente, as vezes não podemos esperar do outro o que ele claramente nos diz que não pode dar.

Como resolver estas questões? Não sei. Sou tentada a dizer que com terapia, pois esta nada mais é que uma busca por auto-conhecimento para aprender a lidar melhor com as incongruências do mundo e do outro; com os ganhos dessa vida, mas também com as perdas. Apesar de que sou suspeita para falar sobre fazer terapia, afinal esse é meu ganha pão!

Mas a proximidade do fim de mais um ano me faz pensar - talvez “encucar” seja uma palavra mais adequada – com todas essas questões, que também são minhas. Respostas? Não tenho nenhuma. Certezas, menos ainda. No entanto, a proximidade do fim de mais um ciclo terrestre, faz com que uma palavra apareça em formas garrafais em minha mente: Recomeço.

Afinal, por mais que a passagem dos dias e a troca de ano seja algo socialmente instituído, nada mais que uma comemoração simbólica (pois a passagem do tempo já foi contada de inúmeras e diferentes formas ao longo dos séculos), o ato de abrir-se a recomeços é o que possibilita ao novo entrar.

E que possamos, todos nós, fazer uma “reciclagem” neste ano que se aproxima do fim, livrando-se das coisas que já não servem mais, e abrindo espaço para que novas experiências venham nos lembrar que sempre é possível Recomeçar e que, por mais que isso seja cansativo, às vezes é exatamente o que faltava em nossas vidas. E bom novo ciclo a todos nós!

publicado originalmente em: http://www.dear-book.net/2012/11/minhas-palavras-recomecos.html

Sheila Schildt
Enviado por Sheila Schildt em 03/05/2013
Código do texto: T4272102
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