O carro freou bruscamente. O coração do motorista estava disparado. Por muito pouco não atropelara a mulher que surgira do nada. Bastante nervoso ele abriu a porta e desceu preparado para dizer poucas e boas, mas a fragilidade da loura o desconcertou. Ela estava ajoelhada e tremia muito. Só podia ser pelo susto que passara, já que a noite estava quente. “Moça, está tudo bem com você?” Perguntou o motorista. Olhos azuis e assustados o olharam parecendo não compreender. Ele fez de novo a pergunta e dessa vez, a mulher pediu num fio de voz. “Leva-me para casa.” O homem coçou a cabeça aborrecido. Faltava pouco para chegar a seu destino, e agora ia se atrasar se desse uma carona para a loura. Por outro lado, não podia deixa-la ali naquele lugar ermo. “Tudo bem eu levo você, desde que não seja muito longe.” A mulher sorriu e timidamente respondeu:” É perto daqui, fique tranquilo.” Ele estendeu a mão para ajuda-la a se levantar, mas ela ignorou a ajuda. Alguma coisa ali não estava certa, cismou o sujeito. A loura estava descalça, vestida com uma camisola branca, fina e transparente. Que tipo de garota sai assim por ai no meio da noite? Ele notou também que ela era muito bonita, apesar da palidez e dos cabelos desgrenhados. Disposto a liquidar logo o assunto ele abriu a porta para que ela entrasse e colocou o carro em movimento. Rodaram pouco e ela avisou que já estava perto. Bastava entrar na próxima curva. Pararam enfrente á uma casa amarela, e ela pediu mais um favor: Que descesse com ela e tocasse a campainha. Impaciente ele a seguiu. Durante cinco minutos o homem tocou e nada. Quando estava desistindo, a luz se acendeu e um senhor abriu a porta. “Isso são horas de bater na casa dos outros?” Ele perguntou. Encabulado o motorista explicou que estava trazendo uma moça que encontrara na estrada, e que dissera morar ali. O senhor o olhou espantado. “Que moça? “Não vejo ninguém com o senhor.” O motorista apontou para a pálida figura que se encostara ao muro. “Essa moça aqui de camisola branca”! O velho empalideceu e perguntou; “Como é essa moça que o senhor disse que trouxe”?” Imaginando que o outro fosse cego, o motorista detalhou:” É bem branquinha, têm os cabelos longos e anelados, olhos muito azuis.” O idoso levou as mãos ao coração. ”Valei-me Deus. Você está falando da minha neta que morreu há mais de dez anos! “Vá embora daqui, por tudo que lhe é mais sagrado.” Dizendo isso o senhor bateu a porta. O motorista olhou irritado para o lugar onde a loura deveria estar, mas não a viu. Estava muito cansado para perder tempo com problemas dos outros, por isso entrou no carro e foi embora. Assim que pegou a estrada principal, sentiu uma presença no banco de trás, e um frio terrível vindo de lá. Pelo retrovisor ele viu a loura que quase atropelara. Os pelos de sua nuca se arrepiaram. Os olhos fixos da garota o encaravam com raiva. O motorista perdeu a direção e o automóvel foi de encontro á uma árvore. Bastante ferido ele se arrastou para fora do carro e tentou se afastar, mas uma mão gelada agarrou com força seu pescoço. Antes de morrer, ele ouviu a mulher reclamar furiosa: ”Eu só quero ir para casa!”. Para minha amiga Zeni Silveira
O carro freou bruscamente. O coração do motorista estava disparado. Por muito pouco não atropelara a mulher que surgira do nada. Bastante nervoso ele abriu a porta e desceu preparado para dizer poucas e boas, mas a fragilidade da loura o desconcertou. Ela estava ajoelhada e tremia muito. Só podia ser pelo susto que passara, já que a noite estava quente. “Moça, está tudo bem com você?” Perguntou o motorista. Olhos azuis e assustados o olharam parecendo não compreender. Ele fez de novo a pergunta e dessa vez, a mulher pediu num fio de voz. “Leva-me para casa.” O homem coçou a cabeça aborrecido. Faltava pouco para chegar a seu destino, e agora ia se atrasar se desse uma carona para a loura. Por outro lado, não podia deixa-la ali naquele lugar ermo. “Tudo bem eu levo você, desde que não seja muito longe.” A mulher sorriu e timidamente respondeu:” É perto daqui, fique tranquilo.” Ele estendeu a mão para ajuda-la a se levantar, mas ela ignorou a ajuda. Alguma coisa ali não estava certa, cismou o sujeito. A loura estava descalça, vestida com uma camisola branca, fina e transparente. Que tipo de garota sai assim por ai no meio da noite? Ele notou também que ela era muito bonita, apesar da palidez e dos cabelos desgrenhados. Disposto a liquidar logo o assunto ele abriu a porta para que ela entrasse e colocou o carro em movimento. Rodaram pouco e ela avisou que já estava perto. Bastava entrar na próxima curva. Pararam enfrente á uma casa amarela, e ela pediu mais um favor: Que descesse com ela e tocasse a campainha. Impaciente ele a seguiu. Durante cinco minutos o homem tocou e nada. Quando estava desistindo, a luz se acendeu e um senhor abriu a porta. “Isso são horas de bater na casa dos outros?” Ele perguntou. Encabulado o motorista explicou que estava trazendo uma moça que encontrara na estrada, e que dissera morar ali. O senhor o olhou espantado. “Que moça? “Não vejo ninguém com o senhor.” O motorista apontou para a pálida figura que se encostara ao muro. “Essa moça aqui de camisola branca”! O velho empalideceu e perguntou; “Como é essa moça que o senhor disse que trouxe”?” Imaginando que o outro fosse cego, o motorista detalhou:” É bem branquinha, têm os cabelos longos e anelados, olhos muito azuis.” O idoso levou as mãos ao coração. ”Valei-me Deus. Você está falando da minha neta que morreu há mais de dez anos! “Vá embora daqui, por tudo que lhe é mais sagrado.” Dizendo isso o senhor bateu a porta. O motorista olhou irritado para o lugar onde a loura deveria estar, mas não a viu. Estava muito cansado para perder tempo com problemas dos outros, por isso entrou no carro e foi embora. Assim que pegou a estrada principal, sentiu uma presença no banco de trás, e um frio terrível vindo de lá. Pelo retrovisor ele viu a loura que quase atropelara. Os pelos de sua nuca se arrepiaram. Os olhos fixos da garota o encaravam com raiva. O motorista perdeu a direção e o automóvel foi de encontro á uma árvore. Bastante ferido ele se arrastou para fora do carro e tentou se afastar, mas uma mão gelada agarrou com força seu pescoço. Antes de morrer, ele ouviu a mulher reclamar furiosa: ”Eu só quero ir para casa!”. Para minha amiga Zeni Silveira