A Jovem de Preto

Ela corria, vagava sozinha pela floresta sombria, seus cabelos negros esvoaçantes cobriam-lhe o rosto, sua pele branca cintilava refletindo a luz da lua, seu vestido negro dava a ela uma sensação de leveza. E ela corria. Corria para o norte lentamente, parava por alguns segundos e olhava para os lados, nada via, desesperava-se. O sul provavelmente seria o seu caminho, portanto. E dirigia-se até ele. Nada também. Para onde ir? Por onde procurar?

Optou pelo leste, e decidiu que seguiria em frente até encontrar algo - não importa o que - não iria mais voltar ou mudar o seu caminho, o leste seria seu destino. Um filme de sua vida passou rapidamente pela sua cabeça: sua mãe adotiva, sua falsa irmã, seu pai ausente, os poucos amigos que possuía e seu namorado, seu belo e adorável amor. Ela não queria nada daquilo, aquela monotonia, as mesmas pessoas, os mesmos acontecimentos, sonhos comuns, simples desejos. Ela queria algo diferente, apenas não sabia o que. Estava confusa.

A floresta se tornava menos densa, o escuro já não era tão medonho, seu destino se aproximava e ela sabia disso. Queria sorrir, mas não havia razões, pensou, não ainda. Desviou de mais algumas árvores e lá estava ele, com sua capa negra, o capuz cobrindo seu rosto e uma flauta de ouro em suas mãos. A garota se aproximou lentamente. Ao vê-la, ele estendeu a mão e ela apressou-se para segurá-la. Ao tocá-lo, sentiu um frio tenebroso. Um vento forte se abateu sobre eles. Em sua mente, ouvia gritos.

-Nãããããããããããããããão. –Um coral gritava em seus ouvidos.

Ela olhava ao redor, não havia ninguém, apenas ela e aquele homem, o homem que sempre estava presente naqueles momentos, para reverenciar com audácia as escolhas de pessoas como ela. A marcha começou. Ele tocou sua flauta de forma graciosa, um cântico de terror ouvia-se, um som guiado e tocado pela própria morte. Ela se direcionou a beira do precipício e esperou a canção terminar, e após a última nota, ela se jogou. Foi naquele momento, naquele único e último momento, que ela encontrou o que procurava, contudo, não teve tempo para sorrir, era tarde demais.

Lianderson Ferreira
Enviado por Lianderson Ferreira em 26/04/2013
Reeditado em 09/01/2014
Código do texto: T4260879
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