“Os estranhos”

1964, uma família se muda para um casarão ao sul do Paraná.

Casa grande, construída de madeiras e coberta com telhas francesa.

A cobertura no estilo de quatro águas lembra as casas construídas nos países da Europa.

“Os estranhos”

A família do senhor Armindo era grande.

Ele viveu com sua esposa Eva, dois filhos, Adão e Gregório, ambos casados.

Adão casado com amável Serena e Gregório casado com Genuína.

Genuína tem dois filhos, Jaime com doze anos e Melissa com sete anos de idade. A casa é construída num terreno enorme o qual se denomina (data) assim são chamados os terrenos no Paraná.

Bem na frente tem um grande terreirão, usado para secar café e uma grama rasteira, cerca toda a casa.

Esta grama é usada para que a senhora Eva e suas noras confeccionem colchões. Na frente do casarão passa a rua que leva a fazenda velha, onde o senhor Armindo trabalhou durante toda sua vida.

Casa confortável, assoalho de madeira e um porão grande que é usada para guardar ferramentas e alguns fardos de grãos.

Numa manha de outono, senhora Eva chega de charrete com sua nora Genuína, elas estão com seus filhos, Jaime e Melissa, as crianças parecem cansadas, com medo de entrar em casa.

A senhora Eva comenta com Genuína sobre a grama.

Eva – querida, precisamos pedir ao Armindo para podar a grama.

Genuína - sim senhora, outro dia Jaime se assustou, ele disse que aviam pessoas estranhas brincado na grama.

Eva – como assim? Pessoas estranhas.

Verdade senhora, Jaime tentou falar com eles, mas correram ao porão.

Jaime já nem quer mais sair e não deixa melissa brincar sozinha, esta sempre dizendo que as pessoas estranhas vão voltar.

Eva – vamos, vamos entrar e trocar as roupas das crianças.

Depois você precisa falar com Gregório para trocar as cortinas do quarto de vocês, já faz tempo que vocês não abrem as cortinas querida.

Genuína – sim senhora, as cortinas de todos os quartos está há muito tempo precisando ser trocadas e abertas.

Outro dia vi o quarto de Serena aberto, ela disse que não foi ela quem abriu e quase segou seu olho com a claridade.

Senhora Eva indaga a nora, e Adão? Para onde foi? Ele não vai mais voltar?

Outro dia vi o senhor Armindo chorando, ele disfarçou bem, mas sei que sente falta do Filho.

Serena também não toca mais o piano, nem canta mais como cantava, anda triste. Eva coloca a mão sobre as costas da nora tagarela e as duas entram para o interior da enorme sala de estar.

O senhor Armindo esta na varanda dos fundos, ele limpa uma faca de cozinha que há muito tempo não é usada.

Ele comenta com sua esposa; querida, esta na hora de nos reunir e assar um belo churrasco, não acha? Sim querido, mas primeiro precisamos da carne, porque não providencia?

Daí pode deixar que nos preparemos.

O homem de cabelos brancos e de um olhar perdido fita a estrada e por alguns momentos, se deixa pensar em seus filhos, principalmente em Adão.

Adão sofreu um acidente durante o trabalho no campo aonde ele arava a terra, o trator dele empinou e Adão veio a se ferir gravemente.

Por isso, ele esta internado num hospital na capital.

Sua recuperação é lenta, mas de tempo em tempo; ele vem visitar sua família. Mas agora, ele esta muito mal, assim os médicos não o liberam mais para visitar a família, ele sangra muito, suas feridas não cicatrizam, seus olhos sofrem muito em dias de sol.

O doutor Flavio informa ao Senhor Armindo, que não pode mais deixar o paciente sair para longe.

Ele precisa de cuidados mais específicos.

Enquanto isso, Melissa da um forte grito de criança no interior da casa, sua mãe corre para ver do que se trata.

A menina esta embaixo de um móvel e muito assustada.

Genuína – filha o que houve? Vem com a mãe.

Melissa – ouvi o assoalho de a casa ringir, vi as cortinas se abrirem sozinha e muitas crianças estranhas correndo, elas pegaram a caixa e tiraram minhas bonecas e jogaram para fora.

Mãe - tinha uma mulher com um lenço na cabeça e óculos de grau, ela é feia, ela cospe o tempo todo. Jaime sempre ri dela.

Mãe, quero o Jaime, chama ele pra mim.

Jaime correu quando viu as pessoas, ele me deixou aqui só.

Jaime ainda é medroso e faz xixi nas calças.

Ele é igual um Bebe.

Jaime tem visto as pessoas com freqüência, são fantasmas que andam por toda a casa, isso o fragiliza.

Adão não vem mais visitar a família, o senhor Armindo já se convence, embora visse a nora sofrer, nada pode fazer para ajudá-la.

Neste instante, um homem chega á casa.

Parece ser o coveiro trazendo lápides novas.

O menino Jaime vê, e Le; tem curiosidade e vai seguir o homem, naquela tarde, esta com muita neblina, já iniciam mudança da estação climática e devida muitos rios e matas ali próximas, a neblina é baixa, assim dificulta a visão, mas o menino vai caminhando e seguindo o homem com toda aquela traía.

Num determinado trexo, o homem desconhecido e amedrontador entra num lugar ate então desconhecido de Jaime.

O menino esta se derretendo de medo, mas precisa saber para onde aquele desconhecido vai.

Ele abre um portão velho e entra cuidadosamente.

É um cemitério velho.

O homem vai caminhando, Jaime o segue.

Num determinado ponto, o homem para.

Jaime se esconde por de trás de uma arvore de tronco grosso.

De La ele vê uma lápide e se aproxima, Jaime cai de costas apavorado, ele vê o homem bem de perto, mas não é visto pelo homem que crava a pá no chão cavando uma sepultura para enterrar um pequeno bebe que esta enrolado em panos brancos.

Ao ler o que estava escrito; o menino Le, “aqui jaz o nosso amigo querido Armindo” Não, exclama o pequeno jovem, o vovô é morto? Bem ao lado da sepultura de Armindo, a placa na cruz diz descansa em paz querida Eva.

Mais adiante o menino contempla as sepulturas de seu pai Gregório, sua tia Serena.

E a sepultura da sua mãe.

Jaime fica em delírios espantosos, ele sai correndo e gritando por Melissa, mas logo cai em cima da sepultura da sua irmã e da sua própria morada, Sua sepultura! A julgar pela data, Jaime estaria com dezenove anos se estivesse vivo em 1964.

Ele fica ali estático, e lembra-se do tio Adão.

O tio; onde esta sua sepultura? Ele se foi e não voltou mais.

Jaime procurou por todo o cemitério e não o encontrou.

Ao voltar para casa, de longe avistou um automóvel preto parado na frente da casa.

Ele se aproxima lentamente e vai entrando quando vê seu tio Adão de joelho e rezando com as pessoas estranhas, ele roga misericórdia para seu irmão que num surto de loucura, matou toda sua família e em seguido se matou.

Neste momento o corpo de Jaime vai se desfazendo e caminhando em direção a uma brilhante luz que o conduz ao alto de uma montanha, La no cume desta montanha, Jaime vê toda sua família em paz e de braços abertos para ele.

A família que agora mora na casa, faz parte de uma nova chance de Adão construir sua felicidade entre os mortais.

As crianças antes vistas eram enteadas de Adão.

Pena que a nova mulher do tio, não seja bonita, ela é feia, usa óculos de fundo de garrafa e tem hábitos feios de cuspir, ai que nojo.

Mas ele esta feliz e nos voltamos para o nosso lugar.

Importante é estar em paz.

Os mortos precisam descansar em paz. Por que não há como eles viverem entre os vivos.

Fim

Aguardem; o próximo conto “O Livro dos Mortos” confesso que senti medo de escrever, espero que gostem.

Joel Costadelli
Enviado por Joel Costadelli em 21/04/2013
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