O insinerador maldito
O velho Joaquim entrou em casa e sentiu que algo estava errado, Izabel sua única filha, hoje com 32 anos não estava na sala em volta com suas inseparáveis bonecas. Caminhou até o quarto ela também não estava! Sentadas ordenadamente em uma poltrona de 3 lugares estavam as bonecas como sempre bem comportadas e com suas roupas antigas! Izabel fazia questão de vesti-las como as moças do século dezoito. O problema é que ali só tinha três bonecas e a coleção de Izabel eram de quatro. Enquanto abria o banheiro e chamava pela filha, sentia os olhares das bonecas o acompanharem! Já estava acostumado com aqueles olhares e isso não o incomodava. Depois de certificasse que Izabel também não estava no banheiro sentiu um calafrio, e saindo sem fechar a porta do quarto correu até os fundo da casa onde ficava um galpão que no passado foi a funerária da família.
As bonecas permaneceram na mesma posição tentando se comunicarem com os olhos. Já fazia muito tempo desde que a primeira chegou ali, depois vieram outras e outras, e dias após dias elas permaneciam sentadas ou deitadas a depender da vontade de sua dona! Eram sempre tratadas como verdadeiras bonecas, com a diferença que elas tinhas necessidades como qualquer ser humano tinha, sentir fome ou necessidades fisiológicas era torturante, nessas ocasiões muitas vezes eram agredidas fisicamente por fazer sujeira na roupa, outras vezes eram deixadas ao relento em castigo por não comer toda a comidinha que ela dava. Mais quando uma delas era levada para o fundo da casa as demais sabiam que jamais voltariam a vê-la.
Com os pensamentos a mil o velho correu até o galpão, sabia o que estava acontecendo, só não sabia se chegaria a tempo de impedir mais uma catástrofe como das outras vezes.
Ao entrar sabia que tinha chegado tarde, o cheiro forte de carne queimada, dizia que mais uma vez Izabel tinha usado o incinerador para livra-se de uma de suas bonecas.
- Filha, o que aconteceu dessa vez? - Perguntou enquanto olhava o incinerador que de tão antigo não tinha mais portas, o mesmo incinerador que em tempos vindouros já serviu para cremar vários cadáveres com suas cerimonias pomposas, enquanto a família assistia sentados em confortáveis poltronas seu ente querido virar cinzas. Mais esse tempo já ficou para trás a muitos anos, agora o galpão não passava de um velho deposito, e tudo que ainda funcionava precariamente era o incinerador .
Sem virar-se para encarar o pai ela respondeu.
- Há papai, você sabe que eu não gosto quando minhas bonecas ficam rebeldes, acredita que enquanto eu a alimentava ela consegui-o levantar a mão e bateu no pote de iogurte derramando tudo na roupinha que eu tinha acabado de trocar?
- Filha você tem que entender que todas as bonecas podem fazer uma travessura vez ou outra, podia tê-la deixado de castigo, não precisava transforma-la em cinzas.
Chorando ela correu aos braços do pai, enquanto dizia.
-Não briga comigo, papaizinho, eu não gosto quando você não concorda com o que eu faço.
- Tudo bem minha princesa, mais tenta ter mais calma com suas bonecas estar bem?
Não era a primeira vez que Izabel usava o incinerador para livra-se das coisas que não gostava ou a desagradava.
Quando sua mãe morreu, ela só tinha 12 anos, até então era uma menina normal, apesar de não ter grandes amizades, conseguia se dar bem com as coleguinhas da escola.
Depois que o pai pegou a esposa com o motorista da funerária em sua própria cama, com um bastão ele consegui desmaiar os dois antes mesmo que eles entendessem o que estava acontecendo, depois aplicou um veneno de aranhas, veneno esse que deixa a pessoa tolamente paralisada só o cérebro funciona! Sem saber que a filha a tudo assistia ele transportou os dois até a casa funerária aguardou que ambos voltassem do desmaio, e mesmo sem mexer um único musculo ele sabia que se os olhos estavam abertos o cérebro estava funcionando! Colocou primeiro seu motorista no incinerador enquanto a esposa sentada de frente para o forno a tudo assistia, inclusive o pânico no olhar do amante que conhecendo aquele forno, sabia o que lhe aguardava. Depois foi a vez da esposa que com os olhos tentava implorar pela vida! Joaquim ainda viu uma grossa lagrima escorreu pelo seu lindo rosto enquanto a mesa de ferro deslizava forno adentro. Encolhida em canto da sala a filha a tudo assistia.
- Nunca mais ninguém vai nos magoar minha princesa. - Falou o velho enquanto a pegava no colo.
Algum tempo depois, Izabel teve uma briga com sua baba e terminou atingindo sua cabeça com o mesmo bastão que o pai tinha atingido o casal adultero! Sem ver outra solução o pai colocou o corpo da baba no incinerador e nunca mais ninguém ouviu falar em Solange! A família acreditou que ela tivesse fugido com um namorado casado e a policia encerrou o caso de desaparecimento.
Depois de Solange, veio outra que em um acesso de raiva ela outra vez tentou matar mais o pai chegou a tempo de impedir, mais sabia que outras tentativas viriam, assim nasceu a ideia de Izabel ter bonecas humanas, assim ela podia brincar como bem entendesse e não ia haver reclamações! Como fez com sua esposa e o amante, ele atraiu a primeira de muitas prostituta até sua casa e com o mesmo veneno a paralisou e deu de presente a filha, que passou a viver em um mundo só dela e de suas bonecas, mais o egoísmo de Izabel sempre falava mais alto, ela queria sempre mais uma, era divertido ver as bonecas tentando se comunicar com o olhar, e prazer maior era poder castiga-las como bem entendesse! Certa vez, ela teve a ideia de brincar de dentista, e pegando uma de suas bonecas arrancou com um velho alicate todos os dentes da parte superior, quando seu pai chegou a boneca estava se esvaindo em sangue! Com a ajuda da filha transportou a mesma para a funerária e mais uma vez no incinerador a transformou em cinzas.
Com o passar dos anos foram muitas prostitutas transformadas em bonecas para agradar a filha, o problema é que quando o veneno ia perdendo o efeito, muitas delas tentavam alguma reação e Izabel as jogava no incinerador. Com os planos funerários no auge, as pequenas funerárias foram perdendo seus clientes e como outras e outras a do sr, Joaquim foi uma delas, hoje só restava aquele velho barracão e um incinerador onde Izabel "CASTIGAVA" suas bonecas quando elas tentavam se rebelar.